
Em um armazém nas docas do estaleiro no Rio de Janeiro, um homem colocava uma máscara esverdeada. Guardava uma pistola com vários avanços tecnológicos e apertava um botão em um aparelho no cinto que ligava o motor da mochila em suas costas. Assim, ele decolava e voava sobre a cidade.
Arthur e Larissa estavam no Largo de São Francisco de Paula naquele dia. Havia muita gente para um grande momento para os estudantes de humanas da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Por conta de um acordo da prefeitura, do governo federal e de apoio de dinheiro privado, começariam as obras para a reconstrução do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais. Nessa relação público-privado, a maioria dos estudantes engajados politicamente torcia o nariz. Arthur fazia coro com eles.
- Acredita nisso? Dinheiro privado significa interesse privado.
- Você deveria estar feliz, Arthur. Vão reconstruir nosso Instituto, sairemos do Fundão, que não é nosso lugar.
- Mas com certeza esses endinheirados têm interesses. Podem se intrometer na nossa pesquisa. Já não basta a academia estar afastada das questões populares, de estar fechada em si mesma? Agora as coisas tendem a ficar piores.
- Você é muito mal humorado, Arthur. Nada está bom pra você.
E se tornaram piores. O deputado Aloísio Mendonça e o empresário Francisco Heiner eram os responsáveis por tudo aquilo. Coisa boa não poderia ser. Os dois se cumprimentaram com vários fotógrafos e jornalistas presentes.
De repente, todos puderam ouvir sons de motores e turbinas. Olharam para cima e viram alguém voar com uma mochila a jato. Ele possuía uma camisa com listras grenás e verdes na vertical. As mangas cumpridas eram brancas e terminavam nas luvas grenás. Suas calça era colada e verde e suas botas grená. Possuía um sorriso sarcástico no rosto.
As pessoas só começaram a correr depois que o homem voador sacasse sua arma. Parecia uma pistola, mas possuía avanços tecnológicos muito além do que já fora visto. Desespero e aflição. Todos corriam para direções aleatórias. Arthur viu que a polícia iria demorar a agir então, pensou em correr para se trocar.
Porém aquele homem voador atirou no deputado Aloísio Mendonça, errando por pouco. O próximo tiro, não erraria. Arthur viu que não tinha tempo para se trocar. Saltou sobre o deputado e evitou que ele levasse outro tiro. Naquele momento, os jornalistas não se preocuparam em gravar ou tirar fotos daquilo. Era cada um por si. Depois de salvo o deputado, Arthur se preparou para correr para um canto e se trocar. Mas o deputado segurou em seu ombro.
- Obrigado, garoto.
Arthur balançou a cabeça num aceno sem graça.
“Imbecil, nem lembra que eu já salvei sua pele contra o Ciborgue Titânio” relembrou Arthur, da vez em que ele ficou com mais créditos de salvador que o Rubro Negro.
O homem voador atirava nos policiais que apareciam. Aquela arma disparava laser e era bastante poderosa, pois causava uma explosão em cada alvo. Todos os policiais ali morreram na hora com ferimentos horrendos, dignos de página de jornal sanguinolento. Francisco Heiner estava deitado no chão, como outras pessoas, protegendo sua cabeça do tiroteio.
Súbito, o homem voador viu Rubro Negro saltar de um prédio sobre ele. Desviou no exato momento para desviar de um chute com os dois pés do herói mascarado.
- Opa! Errou, Rubro Negro. – disse, em voz zombeteira.
- E quem é você, ô cheio de cor. – Rubro Negro se levantava de seu tombo, preparando sua posição de combate, olhando para cima, vendo as acrobacias de seu adversário. Certamente, ele não era novato naquelas acrobacias.
- Seu uniforme é ridículo, devo dizer. Extremo mau gosto essa combinação de cores... – o voador apontou a arma e atirou várias vezes na direção do herói.
Rubro Negro desviava saltando para os lados, correndo para o campo próximo, tentando fazer com que ninguém se tornasse alvo. Até que foi atingido nas costas e caiu, rolando no chão. O voador se aproximou mostrando uma risada zombeteira.
- Eu sou o Triminator, meu caro. Um sofisticado mercenário. Espero que aproveite seus últimos segundos de vida, pois tirarei sua vida.
- Ah, cale a boca. – Rubro Negro apontou a mão e disparou uma rajada de energia vermelha, poderosa. O ferimento das costas do herói já havia sido regenerado. Triminator, por sua vez, fora atingido e jogado para trás incapaz de continuar voando. Erguendo-se com a mão na cabeça e uma expressão indignada, o vilão apontou sua arma para Rubro Negro.
- Não pense que pode me vencer com esse seu raiozinho de merda, Rubro Negro. Eu tenho este cinto aqui que me garante um campo de força.
O herói mascarado ficou surpreso, já de pé, como seu adversário foi resistente ao seu poder. Será que aquele campo de força era tão eficiente assim? Experimentou o combate corporal. Rubro Negro correu, usando sua super-velocidade, encurtou a distância entre eles e desferiu um chute com os dois pés sobre o peito de Triminator.
O vilão mascarado recebeu o chute fazendo um gemido e dando uns passos para trás. O herói mascarado confirmava que o tal campo de força era muito resistente, pois segurava bem seus poderosos socos.
Triminator não deixou por menos. Ergueu sua arma novamente e atirou raios lasers e causou alguns buracos no peito de Rubro Negro. O herói caiu de joelhos fazendo careta de dor. Triminator, então, chutou a cabeça do herói mascarado, tirando um filete de sangue. Repetiu o golpe e, dessa vez, tirou sangue de seu nariz. Rubro Negro estava atordoado e mal pôde reparar a arma na testa. Seria um tiro fatal, até mesmo para sua regeneração física.
- Sabe o que é pior? Vou sujar minhas mãos com seu sangue imundo e pobre. Você é uma vergonha, sabia? Um homem pobre que veste uma roupa ridícula.
- Triminator, me permite as últimas palavras? – Rubro Negro respirava com dificuldade.
- Sim – Triminator sorria, afetado.
- Vai tomar no meio do seu cu. – Com um golpe rápido na arma, desarmou seu adversário. Rubro Negro se levantou com um soco no queixo de Triminator com a outra mão. Aproveitando o movimento, ele ficou de pé e seu adversário afastou-se alguns passos. Rubro Negro deu-lhe um soco no estômago e outro soco no rosto. Triminator cuspia saliva misturada com sangue.
- Você é um grande merda. – Rubro Negro rangia de raiva e desferiria mais um soco, mas Triminator ligou sua mochila de jato. Voou para trás se afastando. Rubro Negro correu e o agarrou em pleno ar. Ambos levantaram vôo e ganharam grande altitude. Muito alto. Rubro Negro olhava para baixo e sentia vertigem. Percebendo a fraqueza de seu rival, Triminator gargalhou.
- O que foi, Rubro Negro? Medinho de altura? – Triminator desferiu uma cotovelada na cabeça de Rubro Negro.
O herói mascarado ainda segurava, mas Triminator desferia outras cotoveladas e aumentava a altura. Chegou um momento que ele não agüentou e largou. Caiu por muito tempo, imaginando se era capaz de sobreviver a queda.
Caiu e apagou.
Francisco Heiner socava a mesa de seu escritório.
- Você falou, miserável! – berrou.
- Eu tinha tudo sobre controle. Não imaginei que aquele molambo aparecesse. – era o Triminator, o exterminador mercenário.
- Eu te dei equipamento. Deveria ser o suficiente para evitar qualquer obstáculo. Eu quero o deputado Aloísio Mendonça morto!
- Pelo jeito, não foi. Se me pagar mais 50%, mato Aloísio. O preço subiu, claro, por causa do Rubro Negro...
- Você não passa de um verme. Não vou pagar nada. Deixe aqui meus equipamentos e suma da minha vida!
- Não. Eu vou embora e levarei isso comigo como um pagamento por ter enfrentado o Rubro Negro. – Rindo, Triminator voou pela janela e passeou livre pelo céu do Rio de Janeiro.
Arthur acordou no dia seguinte, desligando o despertador. Resmungou bastante por ter dormido apenas por duas horas. Ele lembra de ter acordado de madrugada num terraço de algum prédio do centro. Sentia ainda alguns ossos quebrados naquele momento. Voltou para casa e dormiu até o despertador tocar para avisá-lo de mais um dia na faculdade.
Já na aula, seus ferimentos estavam curados. Ficou o dia todo preocupado, mas recebeu uma única boa notícia: uma chopada para a recepção dos calouros do curso de História.
De noite, ele bebia e conversava com amigos, sempre com uma latinha de cerveja na mão. Viu Sofia em algum lugar e foi conversar com ela. De algum modo, conversar com ela era relaxante e lhe inspirava em vestir aquela roupa para combater os caras ruins dessa cidade. Caras como Triminator.
Enquanto isso, Triminator voava até a casa do deputado Aloísio Mendonça na Barra da Tijuca. Vazia, ele usou sua arma de laser para destruir uma janela de vidro. Invadiu, andando pela escuridão, procurando alguma coisa valiosa, ou alguma coisa que dê motivos para que Francisco Heiner o odeie.
Quando menos esperava, Triminator fora pego de surpresa. Vários homens armados surgiram por várias portas e o cercaram na sala principal da casa de cobertura. O deputado apareceu com expressão séria no rosto.
- Vamos conversar, lunático.
- Pois vamos sim, deputado. Primeiramente, deixe-me apresentar. Eu sou Triminator, assassino de aluguel.
- Seu nome não me interessa. Quem te contratou para me matar?
Triminator riu tranquilamente.
- Posso te dizer o nome dele, mas por um preço.
- Que tal se eu te permitir viver? Não está em condição de exigir nada.
- Ah, você acha que esses seguranças podem me deter? Nem o Rubro Negro pôde.
O deputado rangeu os dentes. Foi fisgado.
- Está certo, eu pago.
Triminator sorriu, maquinando planos.
Arthur e Sofia estavam bem próximos, um pouco embriagados, deixando suas vontades mais íntimas aflorarem. Era um bom momento, julgava Arthur. Então, tudo foi estragado. Um brilho e vários gritos. Todo um clima de pânico foi instaurado do outro lado da chopada. Arthur e Sofia foram ver o que estava acontecendo, junto com outros curiosos. Ele logo se arrependeria de ter saído da cama.
Triminator agarrava um garoto com roupas caras, típico mauricinho e o levava para longe, sem dar explicações e ignorando os gritos de desespero do rapaz. Arthur saiu correndo, deixando Sofia para trás. Ela ficou bastante irritada, mas isso ele teria que lidar depois. Pelo que ouvira das pessoas admiradas, aquele era um estudante de direito que estava de penetra na chopada. Era Maurício Heiner, ninguém menos que o filho de Francisco Heiner.
Colocando sua máscara, ele correu pelo chão, seguindo Triminator e o rapaz seqüestrado. Rubro Negro tentava entender as motivações daquele lunático.
Triminator voava em grande velocidade. Chegou até a Favela do Humaitá e o largou em um barraco.
- É triste ter que vir até esse lixo onde essa ralé mora. Mas são ossos do ofício, não é? – Triminator sorria enquanto fechava a porta do cativeiro daquele rapaz. O deputado Aloísio estava ali presente. Imediatamente, ele ligou para Francisco Heiner.
- Estou com seu filho, o que você acha disso? Achou que podia tentar me matar e sair impune?
- Meu filho! Por favor, não o machuque! O que você quer de mim? – Francisco se desesperou.
- Quero que venda sua empresa para mim por um preço de banana. Você tem 24 horas para decidir. Ou seu filho irá pagar com as conseqüências.
Um pouco antes de amanhecer, Triminator apareceu na casa de Francisco, no Leblon.
- Seu crápula! Você me traiu! – Francisco Heiner apontava o dedo para Triminator, que flutuava pelo seu quarto.
- Não existe traição no meu meio, Heiner. Eu sou um profissional, trabalho para quem me pagar melhor. Mas escute, vim aqui para te oferecer uma contraproposta.
- O que? – estava incrédulo, não conseguia nem chamar os seguranças.
- Me dê equipamentos melhorados e eu pego de volta seu filho e de quebra mato o deputado. Mas também quero mais dinheiro. Mais do que ele me pagou.
- E o que me garante que você irá cumprir dessa vez?
- Ele é um deputado, um homem rico. Mas você é um empresário bem sucedido. Você tem mais dinheiro que ele. Pode vencê-lo nessa disputa. Além do mais, você prefere perder sua empresa inteira ou apenas uns equipamentos? – Triminator sorria, como um ótimo homem de negócios com grande habilidade no mercado.
- Está bem. Vou te dar esta pistola. Ela tem tiros teleguiados e você pode mudar para a função de paralisia.
Triminator pegou a arma e acenou. Era, de fato, um grande homem de negócios.
O vilão voava pelo céu, fazendo cálculos de quanto já havia lucrado. Poderia passar um ano inteiro sem trabalhar como mercenário, somente aproveitando os luxos de uma vida de magnata. E tudo que fizera fora ser apenas esperto e mexer com as pessoas certas. Porém, em pleno ar, fora atingido por uma rajada de plasma. Rubro Negro estava em seu encalço.
- Achou que ia se livrar de mim tão fácil?
- O que? Aquela queda não o matou?! – Triminator estava admirado, tentando controlar sua mochila com jato para não perder o equilíbrio. Rubro Negro estava sobre o terraço de um prédio no Jardim Botânico. Havia perdido seu alvo horas atrás, mas recuperou quando saía do Leblon. Agora era hora do acerto de contas.
Triminator riu e atirou várias vezes sobre o vigilante mascarado.
- Hora de testar meu novo brinquedo.
Rubro Negro desviou rolando para o lado, desviando de todos, mas quase caindo do terraço.
- Sou mais o meu poder.
Rubro Negro disparou sua rajada novamente e atingindo Triminator em cheio. Ele perdeu altitude e voou mais para perto do chão, para mais longe também. O herói mascarado pulou para outro prédio, menor e o perseguiu. Triminator parecia fugir, mas voando baixo. Rubro Negro correu por prédios menores e calculou um salto para subir sobre seu adversário.
No salto preparou uma cotovelada. Porém, Triminator estava atraindo para uma armadilha. Quando Rubro Negro saltou, Triminator disparou seu raio no módulo de paralisia. Dessa forma, o vigilante mascarado estava agarrado nas costas de Triminator e não podia se mexer.
Triminator voou alto novamente e se chocou de costas numa parede esmagando o herói mascarado nela. Depois o arrastou sobre um muro com cacos de vidro. Rubro Negro teve, além de seu uniforme, a carne rasgada deixando um rastro de sangue.
Triminator voou sobre um prédio em construção e chocou Rubro Negro na parede novamente. Dessa vez ele largou Triminator e deslizou na parede começando a cair por muitos metros.
- É o seu fim, Rubro Negro.
Usando sua nova pistola, disparou dois tiros teleguiados que arremessaram o herói para dentro do prédio em construção. Subitamente, o andar inteiro desabou sobre sua cabeça...
CONTINUA
Arthur e Larissa estavam no Largo de São Francisco de Paula naquele dia. Havia muita gente para um grande momento para os estudantes de humanas da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Por conta de um acordo da prefeitura, do governo federal e de apoio de dinheiro privado, começariam as obras para a reconstrução do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais. Nessa relação público-privado, a maioria dos estudantes engajados politicamente torcia o nariz. Arthur fazia coro com eles.
- Acredita nisso? Dinheiro privado significa interesse privado.
- Você deveria estar feliz, Arthur. Vão reconstruir nosso Instituto, sairemos do Fundão, que não é nosso lugar.
- Mas com certeza esses endinheirados têm interesses. Podem se intrometer na nossa pesquisa. Já não basta a academia estar afastada das questões populares, de estar fechada em si mesma? Agora as coisas tendem a ficar piores.
- Você é muito mal humorado, Arthur. Nada está bom pra você.
E se tornaram piores. O deputado Aloísio Mendonça e o empresário Francisco Heiner eram os responsáveis por tudo aquilo. Coisa boa não poderia ser. Os dois se cumprimentaram com vários fotógrafos e jornalistas presentes.
De repente, todos puderam ouvir sons de motores e turbinas. Olharam para cima e viram alguém voar com uma mochila a jato. Ele possuía uma camisa com listras grenás e verdes na vertical. As mangas cumpridas eram brancas e terminavam nas luvas grenás. Suas calça era colada e verde e suas botas grená. Possuía um sorriso sarcástico no rosto.
As pessoas só começaram a correr depois que o homem voador sacasse sua arma. Parecia uma pistola, mas possuía avanços tecnológicos muito além do que já fora visto. Desespero e aflição. Todos corriam para direções aleatórias. Arthur viu que a polícia iria demorar a agir então, pensou em correr para se trocar.
Porém aquele homem voador atirou no deputado Aloísio Mendonça, errando por pouco. O próximo tiro, não erraria. Arthur viu que não tinha tempo para se trocar. Saltou sobre o deputado e evitou que ele levasse outro tiro. Naquele momento, os jornalistas não se preocuparam em gravar ou tirar fotos daquilo. Era cada um por si. Depois de salvo o deputado, Arthur se preparou para correr para um canto e se trocar. Mas o deputado segurou em seu ombro.
- Obrigado, garoto.
Arthur balançou a cabeça num aceno sem graça.
“Imbecil, nem lembra que eu já salvei sua pele contra o Ciborgue Titânio” relembrou Arthur, da vez em que ele ficou com mais créditos de salvador que o Rubro Negro.
O homem voador atirava nos policiais que apareciam. Aquela arma disparava laser e era bastante poderosa, pois causava uma explosão em cada alvo. Todos os policiais ali morreram na hora com ferimentos horrendos, dignos de página de jornal sanguinolento. Francisco Heiner estava deitado no chão, como outras pessoas, protegendo sua cabeça do tiroteio.
Súbito, o homem voador viu Rubro Negro saltar de um prédio sobre ele. Desviou no exato momento para desviar de um chute com os dois pés do herói mascarado.
- Opa! Errou, Rubro Negro. – disse, em voz zombeteira.
- E quem é você, ô cheio de cor. – Rubro Negro se levantava de seu tombo, preparando sua posição de combate, olhando para cima, vendo as acrobacias de seu adversário. Certamente, ele não era novato naquelas acrobacias.
- Seu uniforme é ridículo, devo dizer. Extremo mau gosto essa combinação de cores... – o voador apontou a arma e atirou várias vezes na direção do herói.
Rubro Negro desviava saltando para os lados, correndo para o campo próximo, tentando fazer com que ninguém se tornasse alvo. Até que foi atingido nas costas e caiu, rolando no chão. O voador se aproximou mostrando uma risada zombeteira.
- Eu sou o Triminator, meu caro. Um sofisticado mercenário. Espero que aproveite seus últimos segundos de vida, pois tirarei sua vida.
- Ah, cale a boca. – Rubro Negro apontou a mão e disparou uma rajada de energia vermelha, poderosa. O ferimento das costas do herói já havia sido regenerado. Triminator, por sua vez, fora atingido e jogado para trás incapaz de continuar voando. Erguendo-se com a mão na cabeça e uma expressão indignada, o vilão apontou sua arma para Rubro Negro.
- Não pense que pode me vencer com esse seu raiozinho de merda, Rubro Negro. Eu tenho este cinto aqui que me garante um campo de força.
O herói mascarado ficou surpreso, já de pé, como seu adversário foi resistente ao seu poder. Será que aquele campo de força era tão eficiente assim? Experimentou o combate corporal. Rubro Negro correu, usando sua super-velocidade, encurtou a distância entre eles e desferiu um chute com os dois pés sobre o peito de Triminator.
O vilão mascarado recebeu o chute fazendo um gemido e dando uns passos para trás. O herói mascarado confirmava que o tal campo de força era muito resistente, pois segurava bem seus poderosos socos.
Triminator não deixou por menos. Ergueu sua arma novamente e atirou raios lasers e causou alguns buracos no peito de Rubro Negro. O herói caiu de joelhos fazendo careta de dor. Triminator, então, chutou a cabeça do herói mascarado, tirando um filete de sangue. Repetiu o golpe e, dessa vez, tirou sangue de seu nariz. Rubro Negro estava atordoado e mal pôde reparar a arma na testa. Seria um tiro fatal, até mesmo para sua regeneração física.
- Sabe o que é pior? Vou sujar minhas mãos com seu sangue imundo e pobre. Você é uma vergonha, sabia? Um homem pobre que veste uma roupa ridícula.
- Triminator, me permite as últimas palavras? – Rubro Negro respirava com dificuldade.
- Sim – Triminator sorria, afetado.
- Vai tomar no meio do seu cu. – Com um golpe rápido na arma, desarmou seu adversário. Rubro Negro se levantou com um soco no queixo de Triminator com a outra mão. Aproveitando o movimento, ele ficou de pé e seu adversário afastou-se alguns passos. Rubro Negro deu-lhe um soco no estômago e outro soco no rosto. Triminator cuspia saliva misturada com sangue.
- Você é um grande merda. – Rubro Negro rangia de raiva e desferiria mais um soco, mas Triminator ligou sua mochila de jato. Voou para trás se afastando. Rubro Negro correu e o agarrou em pleno ar. Ambos levantaram vôo e ganharam grande altitude. Muito alto. Rubro Negro olhava para baixo e sentia vertigem. Percebendo a fraqueza de seu rival, Triminator gargalhou.
- O que foi, Rubro Negro? Medinho de altura? – Triminator desferiu uma cotovelada na cabeça de Rubro Negro.
O herói mascarado ainda segurava, mas Triminator desferia outras cotoveladas e aumentava a altura. Chegou um momento que ele não agüentou e largou. Caiu por muito tempo, imaginando se era capaz de sobreviver a queda.
Caiu e apagou.
Francisco Heiner socava a mesa de seu escritório.
- Você falou, miserável! – berrou.
- Eu tinha tudo sobre controle. Não imaginei que aquele molambo aparecesse. – era o Triminator, o exterminador mercenário.
- Eu te dei equipamento. Deveria ser o suficiente para evitar qualquer obstáculo. Eu quero o deputado Aloísio Mendonça morto!
- Pelo jeito, não foi. Se me pagar mais 50%, mato Aloísio. O preço subiu, claro, por causa do Rubro Negro...
- Você não passa de um verme. Não vou pagar nada. Deixe aqui meus equipamentos e suma da minha vida!
- Não. Eu vou embora e levarei isso comigo como um pagamento por ter enfrentado o Rubro Negro. – Rindo, Triminator voou pela janela e passeou livre pelo céu do Rio de Janeiro.
Arthur acordou no dia seguinte, desligando o despertador. Resmungou bastante por ter dormido apenas por duas horas. Ele lembra de ter acordado de madrugada num terraço de algum prédio do centro. Sentia ainda alguns ossos quebrados naquele momento. Voltou para casa e dormiu até o despertador tocar para avisá-lo de mais um dia na faculdade.
Já na aula, seus ferimentos estavam curados. Ficou o dia todo preocupado, mas recebeu uma única boa notícia: uma chopada para a recepção dos calouros do curso de História.
De noite, ele bebia e conversava com amigos, sempre com uma latinha de cerveja na mão. Viu Sofia em algum lugar e foi conversar com ela. De algum modo, conversar com ela era relaxante e lhe inspirava em vestir aquela roupa para combater os caras ruins dessa cidade. Caras como Triminator.
Enquanto isso, Triminator voava até a casa do deputado Aloísio Mendonça na Barra da Tijuca. Vazia, ele usou sua arma de laser para destruir uma janela de vidro. Invadiu, andando pela escuridão, procurando alguma coisa valiosa, ou alguma coisa que dê motivos para que Francisco Heiner o odeie.
Quando menos esperava, Triminator fora pego de surpresa. Vários homens armados surgiram por várias portas e o cercaram na sala principal da casa de cobertura. O deputado apareceu com expressão séria no rosto.
- Vamos conversar, lunático.
- Pois vamos sim, deputado. Primeiramente, deixe-me apresentar. Eu sou Triminator, assassino de aluguel.
- Seu nome não me interessa. Quem te contratou para me matar?
Triminator riu tranquilamente.
- Posso te dizer o nome dele, mas por um preço.
- Que tal se eu te permitir viver? Não está em condição de exigir nada.
- Ah, você acha que esses seguranças podem me deter? Nem o Rubro Negro pôde.
O deputado rangeu os dentes. Foi fisgado.
- Está certo, eu pago.
Triminator sorriu, maquinando planos.
Arthur e Sofia estavam bem próximos, um pouco embriagados, deixando suas vontades mais íntimas aflorarem. Era um bom momento, julgava Arthur. Então, tudo foi estragado. Um brilho e vários gritos. Todo um clima de pânico foi instaurado do outro lado da chopada. Arthur e Sofia foram ver o que estava acontecendo, junto com outros curiosos. Ele logo se arrependeria de ter saído da cama.
Triminator agarrava um garoto com roupas caras, típico mauricinho e o levava para longe, sem dar explicações e ignorando os gritos de desespero do rapaz. Arthur saiu correndo, deixando Sofia para trás. Ela ficou bastante irritada, mas isso ele teria que lidar depois. Pelo que ouvira das pessoas admiradas, aquele era um estudante de direito que estava de penetra na chopada. Era Maurício Heiner, ninguém menos que o filho de Francisco Heiner.
Colocando sua máscara, ele correu pelo chão, seguindo Triminator e o rapaz seqüestrado. Rubro Negro tentava entender as motivações daquele lunático.
Triminator voava em grande velocidade. Chegou até a Favela do Humaitá e o largou em um barraco.
- É triste ter que vir até esse lixo onde essa ralé mora. Mas são ossos do ofício, não é? – Triminator sorria enquanto fechava a porta do cativeiro daquele rapaz. O deputado Aloísio estava ali presente. Imediatamente, ele ligou para Francisco Heiner.
- Estou com seu filho, o que você acha disso? Achou que podia tentar me matar e sair impune?
- Meu filho! Por favor, não o machuque! O que você quer de mim? – Francisco se desesperou.
- Quero que venda sua empresa para mim por um preço de banana. Você tem 24 horas para decidir. Ou seu filho irá pagar com as conseqüências.
Um pouco antes de amanhecer, Triminator apareceu na casa de Francisco, no Leblon.
- Seu crápula! Você me traiu! – Francisco Heiner apontava o dedo para Triminator, que flutuava pelo seu quarto.
- Não existe traição no meu meio, Heiner. Eu sou um profissional, trabalho para quem me pagar melhor. Mas escute, vim aqui para te oferecer uma contraproposta.
- O que? – estava incrédulo, não conseguia nem chamar os seguranças.
- Me dê equipamentos melhorados e eu pego de volta seu filho e de quebra mato o deputado. Mas também quero mais dinheiro. Mais do que ele me pagou.
- E o que me garante que você irá cumprir dessa vez?
- Ele é um deputado, um homem rico. Mas você é um empresário bem sucedido. Você tem mais dinheiro que ele. Pode vencê-lo nessa disputa. Além do mais, você prefere perder sua empresa inteira ou apenas uns equipamentos? – Triminator sorria, como um ótimo homem de negócios com grande habilidade no mercado.
- Está bem. Vou te dar esta pistola. Ela tem tiros teleguiados e você pode mudar para a função de paralisia.
Triminator pegou a arma e acenou. Era, de fato, um grande homem de negócios.
O vilão voava pelo céu, fazendo cálculos de quanto já havia lucrado. Poderia passar um ano inteiro sem trabalhar como mercenário, somente aproveitando os luxos de uma vida de magnata. E tudo que fizera fora ser apenas esperto e mexer com as pessoas certas. Porém, em pleno ar, fora atingido por uma rajada de plasma. Rubro Negro estava em seu encalço.
- Achou que ia se livrar de mim tão fácil?
- O que? Aquela queda não o matou?! – Triminator estava admirado, tentando controlar sua mochila com jato para não perder o equilíbrio. Rubro Negro estava sobre o terraço de um prédio no Jardim Botânico. Havia perdido seu alvo horas atrás, mas recuperou quando saía do Leblon. Agora era hora do acerto de contas.
Triminator riu e atirou várias vezes sobre o vigilante mascarado.
- Hora de testar meu novo brinquedo.
Rubro Negro desviou rolando para o lado, desviando de todos, mas quase caindo do terraço.
- Sou mais o meu poder.
Rubro Negro disparou sua rajada novamente e atingindo Triminator em cheio. Ele perdeu altitude e voou mais para perto do chão, para mais longe também. O herói mascarado pulou para outro prédio, menor e o perseguiu. Triminator parecia fugir, mas voando baixo. Rubro Negro correu por prédios menores e calculou um salto para subir sobre seu adversário.
No salto preparou uma cotovelada. Porém, Triminator estava atraindo para uma armadilha. Quando Rubro Negro saltou, Triminator disparou seu raio no módulo de paralisia. Dessa forma, o vigilante mascarado estava agarrado nas costas de Triminator e não podia se mexer.
Triminator voou alto novamente e se chocou de costas numa parede esmagando o herói mascarado nela. Depois o arrastou sobre um muro com cacos de vidro. Rubro Negro teve, além de seu uniforme, a carne rasgada deixando um rastro de sangue.
Triminator voou sobre um prédio em construção e chocou Rubro Negro na parede novamente. Dessa vez ele largou Triminator e deslizou na parede começando a cair por muitos metros.
- É o seu fim, Rubro Negro.
Usando sua nova pistola, disparou dois tiros teleguiados que arremessaram o herói para dentro do prédio em construção. Subitamente, o andar inteiro desabou sobre sua cabeça...
CONTINUA
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