quarta-feira, 30 de junho de 2010

Rubro Negro #4 - O Retorno do Robô Assassino


Arthur estava em casa sentindo dores nas costelas. Olhou-se no espelho e percebeu que o roxo havia diminuído. Felizmente, seu poder de regeneração recuperar ossos quebrados. O maior dos problemas estava resolvido, porém havia a questão do uniforme. Sua roupa fora destruída na luta contra o Andróide insano.
Na sala, vendo televisão com os pais, viu as notícias: um acidente explodiu um andar do prédio da empresa de Francisco Heiner, mas ninguém se feriu.
“Maravilha. Apesar de não falarem desse maldito robô e de sua destruição no IFCS, também não culparam o Rubro Negro de nada”.
O jornal seguia com a notícia de que o Rubro Negro havia atacado o Instituto de Filosofia e Ciências Sociais e destruído seu prédio.
- Esse Rubro Negro parece que é um bandido que quer apenas aparecer. – o comentário de sua mãe Bianca pareceu um soco no estômago.
- Um marginal. Ainda bem que você escapou, filho. – seu pai Luis Fernando olhava para Arthur com preocupação.
O jovem universitário apenas assentiu com a cabeça, tentando esconder uma careta. Já era muito ruim ter perdido aquele prédio, mas levar a culpa era o fim da picada.

Uma semana depois, em algum lugar secreto, o cientista João Barreto, filho do inventor do andróide D-100, estava soldando metais. Ouviu gritos e gemidos desesperados não muito longe dali.
Era difícil ignorar aquilo, mas tinha motivação suficiente para se concentrar em seu trabalho. As pessoas envolvidas na morte de seu pai tinham que pagar.
A porta se abriu, entrou Ricardinho, sujo de sangue no rosto, na camisa e nas mãos. Ele vestia um casaco de bacana, tênis da última moda, correntes de ouro. Seu rosto era severo, possuía um cavanhaque e cabelos bem tratados, trançados.
- Como anda o trabalho?
- Avançando. – sentia-se ameaçado por trabalhar para um traficante daquele porte.
- Você me diz isso há uma semana. Quando vou ver o fruto do dinheiro que te dei?
- Não posso ser apressado.
Ricardinho pegou o colarinho de João Barreto e o ergueu do chão com extrema facilidade.
- Sou eu quem digo o que você pode ou não pode fazer. Eu te paguei, eu vou te ajudar a se vingar. Você me deve tudo, cara. Se for dar uma de vacilão, eu vou te passar o ferro. Valeu?
João foi jogado no chão. Ricardinho saiu da sala deixando o cientista em sua amargura. Odiava ser uma marionete, um capanga, um bandido. Mas tudo aquilo era justificado. Era melhor do que ver as pessoas que mataram seu pai impunes.

Enquanto isso, Arthur recebia, com desgosto, a notícia que teria que dar aulas para seu curso de Prática de Ensino. Depois da aula e da trágica notícia, encontrou Larissa, que estava enfurnada em livros na Biblioteca Nacional. Estudaram por algumas horas, até o entardecer. Ela o chamou para irem ao cinema, mas Arthur estava muito preocupado com a urgência de se fazer um novo uniforme. Então, teve a brilhante idéia de visitar pessoas do passado.
Com um casaco pesado, luvas, botas e uma máscara improvisada com outra camisa enrolada na cabeça, Arthur apareceu na Rua Álvaro Alvim, no centro. Era ali a sede de sua antiga gangue. Ele sabia os horários das reuniões e por isso não foi surpresa quando abriu a porta e viu todos reunidos.
No começo, desconfiança, todos se entreolharam e alguns soltaram alguns xingamentos.
- Eu sou o Rubro Negro. Como podem ver tô com umas dificuldades de roupa. – Sua voz era um pouco abafada pela camisa que servia como máscara.
- E como vai nos provar isso?
Rubro Negro apontou para um homem alto e largo com músculos saltando pela pequena camisa. Depois fez sinal para vir para briga. Charles era o líder da gangue naquele momento e assentiu. O homem correu pra cima do Rubro Negro e deu um soco em sua cara. O vigilante mascarado não se moveu. A mão parecia ter batido em uma liga de metal, tamanha era a resistência.
- Satisfeitos?
Todos sorriram e se dividiam em cumprimentar Rubro Negro e caçoar do homem que não conseguiu sequer mexer a cabeça dele. Depois das apresentações, Rubro Negro disse a que veio.
- Não quero participar da gangue de vocês. Eu só ajo sozinho e também sou contrário a idéia de vocês de soltar o terror pela cidade, azucrinando qualquer um. Vocês, um dia, vão perceber essa bobagem que é sair batendo em todo mundo por nada. Vão perceber que podem fazer muito mais pelas pessoas do que atrapalhar suas vidas.
Eles fizeram caretas e demonstraram insatisfação. Pareciam levar uma bronca da mãe.
- Vim aqui para pedir uma camisa com as cores daqui. Não vou negar que tenho laços com isso aqui e por isso homenageio usando suas cores. Um dia vocês saberão.
Ninguém parecia querer dar uma camisa a alguém que deu uma lição de moral. Mas o líder Charles entregou em mãos uma.
- Eu acredito em você.

Rubro Negro estava de volta. Decidiu que deveria insistir no empresário industrial Francisco Heiner. Era uma chance de atrapalhar os planos de um burguês rico e descobrir porque ele financiaria a construção de um robô para capturá-lo.
Visitando o andar que explodiu, Rubro Negro ouviu o toque de celular. Era sua mãe.
“Não podia ser mais imprópria”.
Ela dizia que sua amiga Tereza havia chegado ao Rio e estava num hotel. De noite, elas iriam sair para jantar e ele deveria levar Cecília, filha de Tereza, para algum entretenimento noturno carioca.
“Que saco”.
Desligando o celular e pondo no módulo silencioso, guardou na mochila. Começou a vasculhar o andar. Quando alguma coisa surgiu de cima, fazendo um buraco no teto. Era ninguém menos que o andróide D-100. Novinho em folha.
- Puta merda!
Rubro Negro não teve reação. Recebeu um chute no rosto que o fez girar o ar, arremessado contra ferrugens de um antigo laboratório de robótica.
- Então tu veio aqui só pra me pegar, né?
O andróide não parecia ser capaz de falar. Sua função era única: matar. Rubro Negro ergueu-se e não teve tempo de fazer nada, além de cruzar os punhos para se defender de um soco de seu adversário.
Aproveitando a proximidade, ele pôs as mãos sobre o peitoral de D-100 e concentrou sua energia. O raio de plasma disparou arremessando D-100 pra fora do prédio. Antes que Rubro Negro pudesse sentir-se aliviado, viu outro andróide entrar no prédio voando.
“Fodeu!”
Era idêntico ao anterior, exceto que no lugar de mãos, este andróide tinha duas bazucas portáteis. Disparou sobre o Rubro Negro uma seqüência de raios lasers. O vigilante mascarado pulou e saltou, mas não conseguiu desviar de todos. Alguns atingiram suas costas e sua perna direita e ele caiu do prédio.
Tentando agarrar-se em alguma coisa que não fosse a lisa superfície do prédio da Empresa Heiner, Rubro Negro pensava se conseguiria regenerar os danos de uma queda de trinta metros. Seu tempo de queda esgotou e ele encontrou o chão com violência. Sua consciência se perdeu antes que ele sentisse seus ossos partidos.

O laboratório criado por Ricardinho para João Barreto recebeu o retorno de D-100 e da mais nova criação: D-1000, um andróide com armadura aperfeiçoada e capacidade de destruição aprimorada. Ambos carregavam Rubro Negro desacordado. João Barreto mostrou os dentes, sorrindo. O primeiro estava ali sob sua mercê. Faltava o estudante Ronaldo e o empresário Francisco Heiner. João Barreto, entretanto, não sabia da ligação entre Ricardinho e o empresário.
Em sua casa, na Barra da Tijuca, Francisco Heiner tomava um drinque, distraído. Fora surpreendido pelo ataque de D-100. Tentou fugir, tentou pegar sua arma, mas era inútil.
- O que está acontecendo? Barreto, você é louco? – girava seu braço em direção à D-100 em um gesto de protesto, pois sabia que João estava monitorando de algum lugar.
Com um soco no estômago, Francisco arqueou as costas e perdeu a consciência.

Rubro Negro abriu os olhos lentamente, já imaginando que estava desmascarado. Mas não estava. Viu um homem de baixa estatura, cabelos oleosos penteados para trás e óculos de fundo de garrafa. Demorou a entender que estava com o braço preso pelo braço direito a uma algema super tecnológica. E para completar, Francisco Heiner estava preso pelo braço esquerdo à mesma algema. Ambos estavam acorrentados pela cintura, presos numa maca de metal.
- Barreto, eu não tive nada a ver com a morte de seu pai. Foi o Rubro Negro quem destruiu o andar com seus poderes – berrava Francisco.
- Cale a boca! Meu pai foi morto em conseqüência da atitude de vocês três. Você por obrigá-lo a continuar a controlar o andróide e você – apontando para Rubro Negro – por ter explodido o andar.
- Espera aí. E quem é o terceiro? – Rubro Negro olhava em todos os lados procurando mais alguém.
- Ronaldo Farias Gomes – disse João Barreto, apertando um botão em um controle remoto. D-1000 decolou imediatamente.
“É mole? Vou ter que salvar novamente esse pilantra do Ronaldo. Mas antes preciso sair daqui”.
- Eu pago o dobro para me libertar. Te dou um emprego no mais alto escalão dos cientistas da minha empresa. Nunca mais terá necessidades financeiras. Te faço um homem rico. – Francisco começava choramingar. Era algo desagradável estar do lado de um homem rico em desespero.
- Não é uma questão de dinheiro. Eu já falei: você precisa pagar com sua vida. Ambos explodirão pelos ares – com um sorriso vingativo, ele apertou um botão e D-100 agarrou a larga maca de metal e decolou levando os dois para fora dali.
Rubro Negro notou que estavam em algum ponto da Favela da Rocinha. Ficou intrigado com quem era o patrocinador daquele homem chamado Barreto. Seria Ricardinho? Antes que pudesse fazer maiores conjecturas, foi atirado na Estrada da Gávea, em meio a carros. Rubro Negro agarrou-se em Francisco Heiner e o protegeu do impacto do chão. Um carro freio forte antes de se chocar com os dois, provocando um congestionamento. Outros dois carros se chocaram por conta do caos.
- Achou que poderia nos matar nos jogando daquela altura? Aquele homem não me conhecia... – Rubro Negro ajeitava-se.
Francisco Heiner estava com leves ferimentos e um tanto aturdido. Rubro Negro tinha grandes escoriações. Olhou para o empresário com severidade.
- Eu vou salvar aquele estudante que você achou que era eu. Como estamos grudados, tu vem comigo.
- E se eu não quiser? – Francisco cruzou os braços, encarando Rubro Negro.
- Tu não tem escolha, mané. – o vigilante mascarado agarrou o empresário e o pôs nos ombros como um saco e começou a correr pelas ruas, desviando de carros, pegando atalhos em becos espalhados pela cidade. Ele sabia que teria que percorrer até Ipanema.

Ronaldo morava perto da Linha Vermelha, no Morro de São Januário. De dia era um estudante qualquer de História na Universidade Federal do Rio de Janeiro. À noite trabalhava como segurança em uma boate. Tinha uma vida dura, sustentava sua mãe doente enquanto a protegia de seu pai alcoólatra, policial aposentado. Também era membro de uma gangue de jovens que a vida deu as costas e brigava com outras gangues por pedaço de chão, por fama e por pertencimento. Essa gangue era rival da que Arthur era membro. Os dois já se enfrentaram algumas vezes, mas nunca terminavam suas disputas que se tornaram até individuais. Arthur sempre respondia à altura, mesmo ao abandonar sua gangue. Porém, depois de ganhar seus poderes, o jovem abdicou de brigar com Ronaldo. Simplesmente seria injusto demais, além de revelar sua identidade secreta.
Ele trabalhava em sua boate, em Ipanema, quando D-1000 apareceu. Houve correria, um tumulto. Ronaldo mesmo correu, pois sabia de alguma forma que era com ele. D-1000 atirava para matar. Antes que pudesse alcançar algum esconderijo, D-1000 mostrou que era mais perspicaz o encurralando.
- Robô estúpido! Tu quer brigar? Então vai ter briga! – ele avançou e deu um soco no peitoral, mas a lataria era de uma liga de metal muito dura. Ronaldo sentiu sua mão formigar de dor.
- Essa briga é de cachorro grande – Rubro Negro surgia naquele momento, dobrando a esquina, com Francisco Heiner no ombro. Ronaldo arregalou os olhos num misto de medo e raiva. D-1000 apontou uma das bazucas portáteis e atirou no vigilante mascarado. Ele conseguiu desviar, pulando sobre um carro estacionado.
- Escuta aqui, Heiner. Vou fazer uma manobra arriscada, fique parado. Não se mova nem um centímetro! – Rubro Negro desceu deixando Francisco Heiner sobre o teto do carro. O andróide voou para cima deles e disparou mais um raio laser. Dessa vez, Rubro Negro saltou esticando seu braço, tentando mirar a algema com o laser. Era um movimento arriscado.
O raio laser atingiu a algema e libertou Francisco Heiner. Rubro Negro olhou para o empresário.
- Está salvo. Agora pegue aquele segurança e fujam daqui o mais rápido possível!
Francisco correu de cima do carro e segurou Ronaldo pelo braço.
- Ouviu o que ele disse. Deixem que se matem.

Rubro Negro e João Barreto se encaravam através do andróide D-1000. Antes que pudessem agir, D-100 aterrissou próximo. O cientista apertou uma série de botões e usou sua última cartada: D-100 e D-1000 se uniram, formando um só robô.
- Puta que pariu. – Rubro Negro não teve tempo de falar mais nada. Rajadas de lasers tentaram atingi-lo, destruindo carros e fachadas de prédios próximos. À essa altura, as pessoas haviam fugido daquele lugar. O medo instaurou-se em Ipanema. Imediatamente sirenes policiais ecoaram pelas ruas.
“Bem típico aparecer a polícia bem rapidinho para proteger os ricos e a propriedade deles”.
Tentando evitar ser alvo dos tiros de lasers do andróide, Rubro Negro saltou sobre seu adversário, puxando a briga para o corpo-a-corpo. Desferia socos que pouco escoriava a lataria do andróide. João Barreto sorriu e modificou a configuração de sua criação. As bazucas se retraíram e deram espaço para punhos. O andróide revidava desferindo socos poderosos. Rubro Negro abdicou de seus socos para poder se defender. Sentia que perdia terreno. A máquina crescia pra cima dele no combate. Aquilo não poderia acabar bem. Um soco bem dado no queixo, Rubro Negro cuspiu sangue.
Então, ele decidiu medir forças. Segurou o punho direito e o braço esquerdo do andróide. Usou toda sua força para prender os movimentos e os ataques do andróide. O suor escorria de sua máscara, as veias saltavam-lhe os músculos. Tremendo esforço em manter o andróide imobilizado. Estava dando certo, mas logo ele iria cansar.
Rubro Negro usou as pernas e chutou a lateral do joelho. Não foi um chute forte, pois concentrava sua força nos braços. Decidido a arriscar um chute mais forte, o vigilante mascarado deixou livres os braços do andróide e desferiu um poderoso ataque. Dessa vez, entornou a junção mecânica protegida pelo metal. O andróide vacilou em seu equilíbrio o que foi muito bem aproveitado. Rubro Negro socou com violência a cabeça, quebrando a câmera que dava visualização à João Barreto. Desnorteado, o andróide cambaleou.
Concentrando sua energia nas mãos, Rubro Negro apenas apontou e atirou. O andróide voou muitos metros, despedaçando-se no percurso, só aterrissando perto de uma viatura da polícia.
Havia várias viaturas, vários policiais armados. Até o BOPE havia sido chamado. Todos apontaram suas armas para Rubro Negro. Alguém com alto-falante berrou:
- Renda-se ou atiraremos.
Rubro Negro fez um gesto obsceno para eles e correu dali para o bueiro mais próximo. Foi alvo de tiros, mas nenhum acertou, pois ele possuía uma velocidade sobre-humana.

Chegando em casa, Arthur não tinha nenhuma escoriação, graças à sua regeneração. Eram quase onze horas da noite e sua mãe estava com roupas de quem acabava de chegar da rua. Seu pai já estava dormindo.
- Você esqueceu o que combinamos, mocinho? Cecília teve que nos acompanhar. Deve ter sido muito chato para ela.
- Desculpa, mãe, esqueci completamente. – Arthur estava cansado de seu dia cheio, só queria dormir.
Sua mãe mostrou a câmera digital para ele.
- Pelo menos veja como nos divertimos. Tiramos fotos.
Decidiu que não tinha forças para discutir. Viu as fotos e percebeu como Cecília era uma menina bonita. Morena, olhos castanhos e vestia-se em roupas caras. Uma patricinha de São Paulo.
“Acho que não será tão ruim sair com ela...”

terça-feira, 29 de junho de 2010

Rubro Negro 3 - M&M


Rubro Negro

Nível de Poder: 8 (120 pp)

Atributos: FOR 24/10, DES 24/10, CON 24/10, INT 12, SAB 10, CAR 12

Salvamentos: Resistência +8 (+4 impenetrável), Fortitude +7, Reflexos +8, Vontade +4

Perícias: Acrobacia 2 (+9), Arte da Fuga 2 (+9), Blefar 5 (+6), Conhecimento [História] 2 (+3), Furtividade 4 (+11), Idiomas [inglês, base: português], Intimidar 3 (+4), Intuir Intenção 3 (+3), Notar 4 (+4), Obter Informação 5 (+6), Procurar 4 (+5), Profissão [professor] 1 (+1).

Talentos: Ação em Movimento, Ataque Dominó 2, Ataque Imprudente, Ataque Poderoso, Blefe Acrobático, Iniciativa Aprimorada, Rolamento Defensivo.

Poderes:
Velocidade 1,

Força Ampliada 14 (Feito de Poder: Foco em Ataque [corpo-a-corpo] 5),
Destreza Ampliada 14 (Feito de Poder: Foco em Esquiva 4, Evasão),
Constituição Ampliada 14,

Raio de Plasma 10 (Feito de Poder: Acurado, Falha: Ação Completa),

Resistência Impenetrável 4,
Regeneração 9 (machucado 2 [ação padrão], ferido 3 [minuto], desabilitado 4 [cinco minutos]).

Combate: ataque +4, defesa +4; agarrar +11; Desarmado (ataque +9, dano 22), raio de plasma (ataque +6, dano 25), Defesa 18, Iniciativa +11, Deslocamento 30m.

sábado, 26 de junho de 2010

Rubro Negro #3 - O Robô Assassino


Lapa, sábado à noite.
Arthur estava como Rubro Negro, sentando no alto de um prédio com vista privilegiada para o entretenimento noturno carioca. Há anos, a Lapa era conhecida como um lugar de divertimento de pessoas de baixa renda, mas hoje se tornou popular entre a classe média. Festas, shows, toda uma cultura voltada para o divertimento daqueles que podiam pagar. E claro, as drogas. Os maiores consumidores eram aqueles com dinheiro. E pensar que a mídia culpava os pobres por entorpecerem os filhos dos ricos.
Essa era um noite como outra qualquer, um pouco frustrante para Rubro Negro, que gostaria de estar como Arthur se divertindo entre as pessoas. Podia estar com Sofia nesse momento. Mas ele também tinha objetivos muito claros: encontrar o traficante Ricardinho e acertar as contas com ele. Se pudesse reconhecer o rosto de alguém que trabalhasse para ele, seria um começo.

Foi quando algo chamou sua atenção. Mas não entre as pessoas que se divertiam. Em um outro prédio, em cima de um antigo cinema, alguma coisa triangular flutuante que brilhava como se fosse de metal polido. Subitamente, um feixe de luz vermelha lançou um ponto em Rubro Negro. Ele era um alvo. Graças a seus reflexos rápidos, ele desviou de um raio laser. Rolou no chão do terraço. Súbito, viu outro triangulo metálico flutuando em outro lado. Antes que pudesse praguejar, viu um terceiro e um quarto noutros cantos do terraço, flutuando com seus feixes de luz apontados nele. Estava cercado.
A vida cotidiana das pessoas na Lapa prosseguia normalmente. Enquanto isso, num terraço muito próximo, Rubro Negro rolava ao chão de um canto a outro, desviando dos tiros de lasers que era alvejado e mostrando sua grande agilidade.
“Porcaria! Preciso usar meu raio antes de ficar cansado de ficar fazendo acrobacias! Nem tem câmeras aqui pra eu me exibir”.
Rubro Negro sabia que não teria chances de pegar nenhuma daquelas máquinas flutuantes com as mãos. Mas para disparar um de seus raios, teria que parar de se movimentar para a concentração de sua energia. Entretanto, se parasse, seria alvejado. Então, ele começou a cansar. Um dos lasers atingiu seu ombro e ele gemeu de dor. Uma vez atingido, perdeu seu tempo de reação e outros tiros o acertaram também. Vários. Cada um furava sua roupa e queimava sua pele. Um dano letal que fazia seu corpo sangrar.
“Assim eu não vou conseguir...”
Não conseguiu. Com um tiro no seu peito, ele fraquejou os joelhos e tombou. Maquinados por uma inteligência humana que os controlavam, as máquinas triangulares flutuaram para perto do Rubro Negro caído. Ficaram com suas miras marcando o corpo do vigilante mascarado. Então, Rubro Negro abriu os olhos.
- Boo.
Concentrando sua energia, seu corpo respondeu à ameaça de uma forma diferente, que Rubro Negro nunca tinha sentido. Sua energia emanou em volta de seu corpo inteiro, brilhando em vermelho. Seu raio de plasma, que era disparado por suas mãos, de alguma forma, foi lançado por seu corpo inteiro como um estouro. Atingiu todas as máquinas que foram destruídas totalmente. Somente o ferro-velho despencou sobre o terraço.
Confuso, se indagava como havia feito aquilo com sua energia e, principalmente, quem havia mandado aquelas máquinas para atacá-lo. Antes que pudesse fazer qualquer coisa, sentiu um tremendo cansaço, como se tivesse participado de uma maratona. Totalmente fadigado, decidiu sentar e esperar recuperar as forças. Provavelmente ficou exausto por conta do estouro de sua energia de plasma.

Noutro lugar, nas Indústrias Heiner, o cientista Lucas Barreto analisava as imagens em seu monitor de 42 polegadas. Era ninguém menos que o Rubro Negro saltando e desviando dos tiros das máquinas flutuantes. Suas máquinas. Ao seu lado Francisco Heiner reclamava da ineficácia das máquinas flutuantes; Ele era o dono das Indústrias Heiner, última linha em robótica no Brasil que exportava materiais para empresas estrangeiras mais ricas.
- Você fracassou, Barreto.
- Meu pai não fracassou, senhor Heiner – era o filho de Francisco Heiner. O também cientista especializado em robótica, João Barreto.
- Obrigado por me defender, meu filho. Eu não fracassei, senhor Heiner. O objetivo dos Caçadores Triangulares era analisar as habilidades do Rubro Negro. E eles foram capazes de nos mostrar que os dados que tivemos eram obsoletos. Ele não era capaz de canalizar aquela energia e expandir por todo seu corpo.
- Tudo bem, mas não arranjem desculpas. Investi muito dinheiro em suas máquinas. Como farão para capturar o Rubro Negro se os tais caças não foram capazes? – Francisco Heiner era um homem de estatura mediana, vestia um terno preto como se fosse sua segunda pele. Era um homem de negócios e bastante ambicioso. Tinha olhos castanhos e cabelos negros, endurecidos.
- O dinheiro que você investiu não foi totalmente gasto nos Caçadores Triangulares. Criei um humanóide robótico de alta capacidade. Inclusive já mandei os dados atualizados do Rubro Negro para ele.
Apertando um botão, uma mesa se ergueu verticalmente pondo de pé um andróide humanóide. Era cinza brilhante com dois olhos vermelhos circulares. Mexeu braços e pernas e caminhou entre aqueles homens.
- Senhor Heiner, eu o apresento o Andróide D-100.
Francisco Heiner mostrou um largo sorriso ao ver a criação do cientista Barreto.
- Finalmente poderemos fazer o que a nossa polícia é incapaz. Capturar o Rubro Negro. – Heiner aplaudia.
- Poderia saber o interesse em capturar esse homem? – Barreto Junior se demonstrou curioso e, ao mesmo tempo, desconfiado.
- Oras, o Rubro Negro é uma ameaça. É um homem perigoso com capacidades sobre-humanas que usa uma máscara para agir fora da lei. Deve ser detido. Por isso mesmo, trarei o repórter da maior emissora de televisão para a cobertura ao vivo. Vamos desmascarar esse vigilante fora-da-lei.

No dia seguinte, no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais, Sofia ajudava a organização do Simpósio de Escravidão na Idade Média. Na verdade, ela comandava a organização. Os professores seguiam suas instruções, um tanto constrangidos. Arthur foi chamado pelo professor Cardoso para participar daquele simpósio e tinha que apresentar um relatório convincente.
Enquanto escrevia algumas coisas em seu caderno, antes do evento começar, viu que entrou na sala alguém badalado, cercado de fotógrafos e jornalistas. Era ninguém menos que o deputado Aloísio Mendonça.
“Puta merda. Esse filho da puta que tá patrocinando o simpósio?”
Antes que o mau humor configurasse uma ameaça ao seu dia, Sofia se sentou ao seu lado. Arthur mudou totalmente sua postura, como quem tomasse um susto.
- Fico contente que você esteja participando. Será um simpósio importante para minha área quanto para a sua. – ela sorria gentilmente. Arthur tinha que segurar seu queixo.
- Verdade. Ainda bem que temos você aqui para as coisas não saírem do eixo, certo? – tom quase irônico.
- Esses professores precisam de uma mão firme para não se perderem. São ótimos pesquisadores, mas no quesito organização, eles precisam de mim. – ela gesticulava enquanto falava, o que deixava Arthur mais embasbacado.
Falaram outras trivialidades. Arthur decidiu que não tocaria no assunto do deputado, pois não queria envolvê-la ou levantar suspeita. O deputado Aloísio Mendonça era assunto do Rubro Negro.

Ao entardecer, no prédio das Indústrias Heiner, D-100 decolou. Voou entre os prédios da Avenida Getulio Vargas. Ele possuía visão de longo alcance e começaria sua busca. Com seu radar, encontraria o padrão de cores dispostas do uniforme do Rubro Negro.
Enquanto isso, Arthur escrevia bastante em seu caderno. Fazia muitas anotações produtivas do simpósio. Sofia participava da mesa e estava orgulhosa de tudo estar indo nos conformes. Houve um momento de intervalo, onde começaria outro assunto. Havia uma mesa com comida e bebida noutra sala onde as pessoas se dirigiram. Arthur tentava decidir se sairia para o Rubro Negro começar sua patrulha ou se dedicaria o dia inteiramente à sua bolsa. Então, enquanto bebia um refrigerante, foi empurrado propositalmente. Era Ronaldo.
- Agora virou um CDF, não é? Cansou de apanhar para nossa gangue? – zombava Ronaldo, de braços cruzados.
- Cansei de lidar com gente imbecil. – Arthur detestava Ronaldo, mas não sabia se era porque eram de gangues rivais ou se pela sua personalidade.
- Que tal a gente resolver isso, como nos velhos tempos? Ou vai ficar com medo de que eu amasse sua cara demais?
- Não.
- Tá com medo de que Sofia desaprove? – zombando.
- Vai pro inferno.
- Se os velhos tempos não são motivos pra tu vir comigo? Que tal eu te mostrar uma coisa?
Ronaldo tirou de sua mochila uma camisa com listras vermelhas e pretas horizontais. Estava rasgada e com mancha de sangue.
- É do Rubro Negro. Mesmo que tu tenha abandonado teu bando, aposto que vê esse idiota como um ídolo. Mas nós pegamos ele na porrada. Agora ele é presunto, mané.
Um blefe patético, mas que Arthur não podia desmentir sem levantar suspeita. Deu de ombro, dizendo que não ligava para isso. Entretanto, ouviram um barulho naquele exato momento. Concreto quebrando. Vidros se estilhaçando. Era na sala do simpósio. Os dois correram para o lugar, pois estavam guiados por motivos diferentes: curiosidade e responsabilidade.

O deputado Aloísio Mendonça estava correndo para a saída de emergência, seguido por seus dois guarda-costas. Os professores, palestrantes, doutores, estudantes, repórteres corriam em direções aleatórias. Todos fugiam da mesma coisa: o andróide D-100. Com suas mãos erguidas, apontava para direções estratégicas. Da palma de suas mãos, saiam raios lasers que destruíam a estrutura do prédio. Assim que seus olhos vermelhos miraram Arthur e Ronaldo, ele parou. Decolou freneticamente na direção dos dois. A falsa camisa do Rubro Negro chamou sua atenção. Arthur e Ronaldo pularam para lados opostos. Ronaldo, entretanto, bateu a cabeça na parede e caiu desmaiado, com a camisa em suas mãos. D-100 começou a caminhar em sua direção. Arthur percebeu que não havia mais ninguém na sala e não tinha a atenção daquela criatura em si. Tirou sua camisa e pôs sua máscara apressadamente, sem tempo para tirar as calças. Apontou para o andróide e disparou um raio de plasma. D-100 foi jogado na parede.
- Parado aí, lata velha.
O andróide se ergueu planando com jatos nos pés. Apontou a palma da mão para Rubro Negro e disparou um raio laser. Rubro Negro saltou para o lado, rolando no chão. Antes de se erguer, foi atingido na perna. O laser atravessou sua perna, resvalando no chão. Soltando um urro de dor, Rubro Negro percebeu que não tinha como se mover até seu poder de regeneração funcionar. O andróide aproveitou a situação e, como o programado, correu em sua direção desferindo um chute poderoso em sua cabeça. Rubro Negro girou no ar, pela força do golpe. Sentiu sua cabeça latejar e o sangue escorrer pela boca e nariz quebrado.
- Fodeu.
Rubro Negro notou que aquele andróide iria correr em sua direção novamente, por isso se concentrou. Fechou os olhos e tentou imitar aquele poder que emitiu pelo corpo todo. Assim, quando D-100 tentou desferir outro chute, Rubro Negro explodiu sua energia de plasma em sua volta. Jogou seu agressor longe e causou um desmoronamento naquela velha estrutura que um dia foi o Instituto de Filosofia e Ciências Sociais.

- Lá está ele! Pegue-o, Barreto! Pegue-o!
Francisco Heiner apontava freneticamente para o monitor. Depois do desmoronamento, D-100 ergueu-se com algumas avarias e viu um jovem segurando a camisa vermelha e preta do Rubro Negro. Tomou como verdade: aquele era o Rubro Negro tentando escapar, mas pego pelo próprio desmoronamento.
D-100 recebeu as ordens e pegou Ronaldo do chão. Decolou para longe. Minutos de calmaria, sirenes de polícia e do corpo de bombeiros puderam ser ouvidas. Rubro Negro acordou com esse barulho. Com sua grande força, tirou um pedaço de concreto, pesando 700 kg de cima de si.
- Que vergonha, tô exausto de novo. – Cambaleando, o Rubro Negro percebeu que o andróide não estava mais lá. E pior: Ronaldo também não.
Nas Industrias Heiner, Francisco Heiner estava ao celular. Lucas Barreto e seu filho João Barreto cuidavam dos preparativos da chegada do andróide D-100. Um repórter e um cinegrafista aguardavam muito ansiosos. Minutos depois, o andróide adentrou à sala pelo hangar. Trazia um jovem com a camisa em mãos. Antes que fosse inconveniente que ele fosse visto sem a camisa, vestiram Ronaldo. Puseram até uma máscara falsa.
Enquanto isso, Rubro Negro já se sentia novo, sem ferimentos ou dores. Estava escondido, observando a cena de destruição do lugar onde estudava. Ficou desolado pensando como as coisas seriam dali por diante. Então, viu na televisão de uma loja uma notícia extra de última hora. Anunciavam que o Rubro Negro havia sido capturado e seria desmascarado em rede nacional, diretamente do prédio das Industrias Heiner.
- O burguês conseguindo seu espaço gratuito nessa mídia sensacionalista. É mole?

No celular, Francisco Heiner falava com ninguém menos que o traficante Ricardinho.
- Então a mídia está aí? Alguém pode pensar no meu nome envolvido? – falava o traficante que deu início a tudo.
- Não, ninguém pensará em você. Só que a polícia irá interrogá-lo e ele poderá falar sobre você e sobre o geneticista morto. – Heiner falava baixo, discreto.
- A polícia está na minha mão. Falarão pra imprensa o que eu quiser. Fico contente por você ter conseguido isso, Heiner. Tava há muito tempo atrás desse pilantra. Ele me pertence, ele é minha cria.

Rubro Negro corria pelas ruas, já anoitecida. Algumas pessoas o viram e ficavam confusas com o que viam na televisão. Em sua correria, percebeu-se mais rápido que antes. “Nunca estive em tão plena forma. O que está acontecendo comigo?”.
No último andar, o repórter tirou a máscara revelando o rosto de Ronaldo. Porém, antes que a reportagem prosseguisse, a porta foi arrombada por homens armados. Vestiam coletes protetores e possuíam fuzis. Derrubaram a câmera do cinegrafista. Desconfiado, João Barreto olhou para Francisco Heiner, que deu de ombros, como se não soubesse de nada.
- Esse palerma é propriedade nossa. Vamos levá-lo daqui. – disse um deles.
Francisco sabia que eram homens de Ricardinho e que tudo que ele tinha que fazer é mostrar desconhecimento e acusar de serem comparsas do vigilante mascarado.
Antes que Ronaldo, ainda inconsciente, fosse levado, Rubro Negro apareceu pela porta arrombada.
- Vocês preferem essa cópia barata a mim? Fiquei magoado.
Todos se entreolharam, surpresos.
- Qual é? Não acreditam que eu seja o verdadeiro Rubro Negro? O que me dizem disso?
Concentrando sua velha energia pela mão, disparou sobre o monitor onde os cientistas observavam pelos olhos do andróide D-100. A explosão, entretanto, causou um pequeno incêndio que se alastrou.
Os capangas de Ricardinho apontaram para Rubro Negro e atiraram com seus fuzis. Rubro Negro levou um tiro no braço antes que pudesse se proteger saltando para trás de barris de metal. Pegando um deles, arremessou sobre dois capangas. Depois, saltou sobre outro, desferindo um poderoso chute incapacitante em seu estômago. O ferimento do braço já havia sumido no momento que outro era aberto em suas costas. Virando-se, Rubro Negro distribuiu bordoadas nos capangas restantes.
Francisco viu a situação sair do controle. Ordenou que Lucas Barreto usasse D-100. João Barreto falou para seu pai que não era preciso, que não confiava nas motivações do dono da empresa. Os repórteres resolveram fugir daquele incêndio que poderia piorar. Uma área com máquinas e armas poderiam causar uma grande explosão. Carregaram o pobre Ronaldo, ainda desmaiado.
- Meu filho, eu preciso fazer isso. Ou entraremos em dívidas profundas.
Assim, Francisco saiu com João, deixando no lugar somente Rubro Negro, D-100 e Lucas Barreto para controlá-lo.
Rubro Negro olhou bem para aqueles homens, não reconheceu ninguém. Mas ao olhar para um dos capangas, teve uma lembrança. Talvez pudesse tê-lo visto numa favela. Talvez fosse capanga de Ricardinho.
Sem tempo para conjecturas, teve reflexos para se defender do chute poderoso do andróide. Rubro Negro usava os braços e pernas como podia, defendendo cada golpe. Quando tentava mover o corpo para esquivar, falhava em se proteger, recebia um golpe. Ele percebeu que o andróide sabia prever seus movimentos.
O fogo se alastrava e o cientista Lucas Barreto tossia enquanto controlava D-100. Rubro Negro tentou chegar até o cientista, mas uma liga de metal caiu em seu caminho. E o andróide aproveitou do momento de distração para encaixar um soco que quebrou uma ou duas costelas do vigilante mascarado.
“Merda! Será que regenero ossos?”
Percebendo que não podia salvar o cientista enquanto não derrotasse quem ele controlava, Rubro Negro se focou na luta. Desferiu socos e chutes muito previsíveis. Defendia-se mal a cada golpe do andróide. Saltava para trás e disparava seu raio, mas o andróide aprendera a se esquivar. O fogo consumia mais máquinas, até que atingiu um gerador de energia. Houve uma grande explosão e o andar inteiro do prédio fora explodido. Coisas foram jogadas para longe. Rubro Negro e D-100 também. O andróide caiu sobre um carro vazio e explodiu em mil pedaços. Rubro Negro estava chamuscado e o fogo queimou quase toda sua máscara. Caiu na Praça da Candelária, dentro de um caminhão de lixo que passava naquela hora.
Alguns garis foram ver o que havia acontecido e viram Rubro Negro com um fiapo de sua camisa no corpo todo chamuscado e furado. Tinha um saco preto com dois furos para os olhos para proteger sua identidade secreta.
- Noite difícil.
Com a frase, correu pra longe.

João Barreto estava em seu apartamento acompanhando as notícias da noite, as cenas da explosão do andar do prédio da empresa de Heiner. Cerrou os punhos, enfurecido, com uma lagrima escorrendo em seu rosto. Nesse momento, seu telefone tocou.
- Eu sei que é um momento ruim, mas posso te oferecer meios para se vingar.
- Quem é?
- Eu sou Ricardo, conhecido como Ricardinho. Tenho interesses na captura do Rubro Negro. Se você quiser, posso te garantir dinheiro.
João sentia a dor da morte de seu pai, por isso foi incisivo ao falar:
- Eu aceito.

... Continua.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Rubro Negro 2 - Mutantes e Malfeitores


Nome do Personagem: Rubro Negro
Identidade Civil: Arthur de Castro Ribeiro.
Grupo: nenhum.
Base de Operações: Rio de Janeiro, RJ.
Nível de Poder: 10
Idade: 23 anos.
Altura: 1,76m.
Peso: 70 kg.
Olhos: castanhos.
Cabelos: castanhos claros e encaracolados.

Atributos: FOR 24/10, DES 24/12, CON 26/12, INT 12, SAB 10, CAR 14

Jogadas de Salvamento:
Resistência +10 (+8 desprevenido), Fortitude +10, Reflexos +10, Vontade +5

Perícias:
Acrobacia +10, Arte da Fuga +10, Blefar +6, Conhecimento de História +4, Furtividade +11, Intimidar +6, Profissão (professor) +2 , Notar +8, Obter Informação +6, Procurar +6

Feitos:
Ataque Dominó 2, Ataque Imprudente, Ataque Poderoso, Bem Informado, Blefe Acrobático, Crítico Aprimorado (desarmado) 2, Especialização em Ataque (desarmado), De Pé, Rolamento Defensivo 2.

Poderes:
Raio de Plasma 12 (falha: ação completa; Poder Alternativo: Raio 12 [extra: estouro, falha: ação completa, cansativo], Poder Alternativo: Raio 6 [extra: automático 2, falha: ação completa, distração],

Força Aumentada 14 (Feito de Poder: Foco em Ataque [corpo a corpo] 5),
Destreza Aumentada 12 (Feito de Poder: Foco em Esquiva 4),
Constituição Aumentada 14 (Feito de Poder: Tolerância),

Super-Velocidade 1 (Rapidez 1, Velocidade 1; Feito de Poder: Ataque Rápido),

Resistência Impenetrável 4,
Regeneração 12 (machucado 3 [rodada, sem descanso], ferido 4 [rodada], desabilitado 5 [minuto])

Complicações: Má Reputação, Segredo (identidade secreta).

Combate: desarmado (ataque +13, dano 22, crítico 18), raio de plasma (ataque +8, dano 27), Defesa 20 (13 surpreso), Iniciativa +11, Deslocamento 30m.

Habilidades 10 + Salvamentos 10 + Perícias 10 (40 graduações) + Feitos 11
+ Combate 24 + Poderes 85 = 150 PP

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Rubro Negro #2 - O Inferno do Diabo


Era noite de fim de semana do Rio de Janeiro.
Arthur e Sofia voltavam de uma sessão de cinema do Rio Sul Shopping Center. Sofia era uma garota filha de pais muito ricos, que moravam no Leblon. Era loira e tinha belos olhos verdes. Arthur tinha segundas intenções claras. Fazia tempo que gostava dela, mas somente depois de decidir se tornar um vigilante mascarado que tomou coragem. As coisas mundanas ficam mais fáceis quando se arrisca a vida todo dia. Entretanto, a jovem moça não parecia interessada nele.
- Não me leve a mal, Arthur, mas não é o melhor momento para mim.
- Ah, tudo bem. – na verdade, nada estava bem. Detestando o fora que levava, deixou a garota em seu prédio, no Leblon. Foi até um beco escuro e vestiu seu uniforme de Rubro Negro.
Ele estava costurado em vários pontos, graças à última luta contra seu professor transformado em Lobisomem. Ficou contente por suas ombreiras de metal não terem sido aranhadas ou amassadas, pois seria um trabalho muito maior arrumá-las. Então ele ouviu uma explosão por perto. Se aproximando furtivamente, ele viu uma agência do Banco Itaú, na avenida Ataulfo de Paiva com as vidraças quebradas. Saindo de lá, quatro homens armados e com máscaras em direção a um furgão.
- Parece que isso não vai dar em nada. – o Rubro Negro se postava de braços cruzados, encostado no furgão. As pessoas corriam para se esconder daquela situação.
Os homens sacaram suas pistolas e dispararam uma saraivada de tiros. Muito barulho, em breve a polícia apareceria. O Rubro Negro estava parado no mesmo lugar, com alguns furos no uniforme e um buraco minúsculo na ombreira direita. Olhou irritado para os homens mascarados.
- Não sabe o trabalho que dá pra costurar isso?
Ele correu na direção deles saltando. Um chute na cabeça de um dos mascarados foi o suficiente para nocauteá-lo. Os outros estavam atônitos demais com a incapacidade de suas armas frente a um homem. O Rubro Negro aproveitou esse momento e distribuiu bordoadas para todos os lados, sem critério ou técnica. No fim, todos estavam beijando o asfalto. A polícia se aproximava.
- Que vocês se fodam muito. – Correu para outra rua, ocultando-se na escuridão.

No dia seguinte, Arthur foi acordado por seu pai.
- Bom dia, dorminhoco. Já é segunda-feira. Já leu o jornal?
Ainda confuso com o sono, pegou o Jornal do Brasil que seu pai comprava toda segunda-feira. Havia uma foto do Rubro Negro de braços cruzados, frente a um furgão. O sorriso de orgulho foi interrompido quando leu a manchete: “Rubro Negro assalta agência de banco”.
- Mas que diabos?
- Parece que esse bandido roubou um banco ontem de noite, perto da rua onde mora a sua colega de faculdade. Você viu alguma coisa?
- É verdade, mas não vi nada não...
Como poderia ser? Arthur se perguntava enquanto comia seu pão matinal. Aparentemente, alguém roubou o dinheiro depois que ele deixou aqueles homens mascarados desacordados no chão. E a reportagem piorava. O dinheiro roubado estava em uma caixa forte do deputado federal Aloísio Mendonça. Ele criticava duramente a polícia pela lentidão em prender o criminoso mascarado que se denominava Rubro Negro.
- Maldito político... ele vai ver só. – falou para si, amassando o jornal.

Na Barra da Tijuca, em um apartamento de classe alta, morava o deputado estadual Aloísio Mendonça. Gordo, tinha os olhos miúdos e um grande nariz. Bochechas rosadas e cabeços escassos coroavam sua aparência de prosperidade. Ele jantava com sua família, enquanto pensava em seus negócios. Levantou-se e foi numa outra sala para atender um telefone. Assim que terminou de conversar, sentiu um vento frio entrar pela enorme varanda. Quando olhou, viu o Rubro Negro de braços cruzados, com roupa cheia de furos e uma ombreira danificada.
- Então eu sou um bandido? É isso?
- Mas o que? Saia já daqui! Vou chamar a polícia.
- Pois pode chamar, seu saco de merda. Quero te avisar que eu não roubei nada. Eu protegi sua preciosa propriedade privada, seu monte de estrume. Da próxima vez não vou fazer porra nenhuma, entendeu? Se continuar me caluniando, tu vai ver só.
- Pode me ameaçar, mas a mim você não engana, rapazinho. Pensa que me põe medo com essa máscara ridícula? Você é um moleque e eu vou te por na cadeia por ter me roubado.
- Quem dera eu tivesse roubado. Agora fique na sua. Fui.
Deu as costas e pulou a janela. O deputado limpou o suor da testa. Tremia de medo e não sabia como tinha conseguido se impor daquela forma a um terrorista. Pegou o telefone e decidiu que era hora de fazer algo a mais.

“É foda. Eu mereço. Isso que dá ficar perto de banco. Bando de ladrões e eu ainda fui idiota em impedir aquele assalto. Acho que não impedi muito bem também. Esse deputado é foda. Acho que fiz merda em vir. Ele não ficou intimidado como achei que ficaria. Acho que ele vai tentar me foder. Merda.” Pensava, enquanto corria até um buraco onde pudesse trocar de roupa e voltar pra casa. Amanhã teria prova.

No Laboratório Pró-Genética, no Jardim Botânico, o deputado Aloísio Mendonça conversava com o geneticista renomado Rogério Koerich. Ele mostrou suas credenciais ao deputado, pois queria o dinheiro que receberia para fazer o desejo do deputado.
- Eu trabalhei com o desaparecido doutor Gabriel Soares. Descobrimos como recombinar o código genético de seres humanos, mas eu era totalmente contra. Ele largou o laboratório e foi embora. Nunca mais o vi.
- Estou certo, nobre cientista, que você mudou de idéia, não é? Afinal, a empresa não vai bem, as pesquisas não são tão boas, não é? Mas eu sou seu amigo. E como um bom amigo, posso te ajudar a sair desse buraco. Tudo que peço em troca é que modifique geneticamente esta cobaia e o use contra o Rubro Negro.
- Deixo claro que só aceito fazer isso porque preciso do dinheiro...
- Eu entendo. Ninguém saberá de nós. Não iremos querer publicidade, não é mesmo? Mas faremos um bem à sociedade pondo um fim naquele vigilante mascarado.
Entrou na sala um homem negro, corpulento, cabelos raspados, olhos negros. Expressava no rosto alguém que não tinha nada a perder. Danilo Cunha era um traficante de alta periculosidade que tinha negócios escusos com o deputado. Ele garantiu que faria o que quisessem em troca de imunidade total na favela onde morava. Sentando na cadeira de testes, recebeu a radiação similar que o Rubro Negro havia recebido, tempos atrás.

Noite seguinte, o Rubro Negro estava nas sobras debaixo de uma ponte, numa praça suja, dividindo o espaço com alguns mendigos. Comia um sanduíche podrão despreocupadamente. Aquela noite estava começando.
“Que saco, tenho que fazer três seminários, ir à Biblioteca Nacional para pegar livros pra bolsa de estudos e ainda tô na estaca zero com a Sofia. Queria que meu poder de regeneração pudesse aliviar minha dor de cabeça agora.” Pensava enquanto saboreava seu sanduíche de procedência duvidosa daquela noite.
Subitamente, viu um carro voando em sua direção. Era uma viatura policial que se deslocava no ar. O Rubro Negro viu aquilo em câmera lenta, com a boca ainda cheia. Teve tempo somente de saltar para o lado, batendo a cabeça no concreto de um banco. O carro estatelou no chão e explodiu. Os mendigos acordaram e correram, mas um deles ficou preso. Sem tempo pra saber o que estava acontecendo, ele ergueu o pesado pedaço de concreto com facilidade e tirou o homem do chão. Ele correu desesperado.
- Um “obrigado” seria bem vindo, heim. – Gritou. Antes que pudesse olhar para os lados, sentiu uma dor de contusão na costela. Rangeu os dentes e foi arremessado ao chão. Agora ele via o que o atingira.
Era um homem alto, negro. Usava roupas vermelho-escuras coladas ao corpo delineando seus músculos. Tinha braceletes e botas de metal, grandes e pesados. O que mais chamava atenção eram seus chifres curvados para trás na máscara vermelha.
- Que porra é essa? – O Rubro Negro levantou-se rapidamente, saltando para trás. Não acreditava no que via.
- Eu sou o Diabo. E eu vim lhe mandar para o inferno. – Riu irônico. Saltou à frente e reduziu a distância entre o Rubro Negro e ele. Girou o corpo no ar e deu um grande soco. Porém, o vigilante mascarado aparou o golpe com as duas mãos. Ambos eram muito fortes, mas o “Diabo” parecia ser ligeiramente mais forte.
- Putamerda! E de onde você veio? – perguntou dando um soco no rosto de seu adversário, aproveitando a proximidade. Ele se afastou depois do soco recebido.
O Diabo apenas escancarou o sorriso com a pergunta do Rubro Negro.
- Ah, ta certo. “Do inferno”, tu vai me dizer. Desculpe se não sou religioso.
- Não interessa quem me deu esses poderes. Eu só preciso te matar.
O Rubro Negro sorriu.
- Então, vem.
Os dois correram em direções opostas e se chocaram. O Diabo usou suas mãos para agarrar os ombros do Rubro Negro, segurá-lo de alguma forma. O Rubro Negro segurou os braços de seu adversário, tentando impedi-lo. O Diabo era mais forte e sua pressão sobre o vigilante mascarado fez com que ele sentisse muita dor.
Usando as pernas, Rubro Negro chutou a lateral do joelho do Diabo, que fraquejou em sua manobra de apresamento. Com isso, o herói pôde se desvencilhar aplicando uma seqüência de socos no peito de seu adversário. O Diabo nada pode fazer a não ser receber a saraivada de socos.
- Você não é muito bom. Não merece carregar o nome de um bicho tão do mau.
- Achei que não fosse religioso.
O Diabo saltou em sua direção com os braços abertos. O Rubro Negro o recebeu com um soco pra cima, acertando o queixo. O Diabo sorriu para ele. Nesse momento, o Rubro Negro percebeu que ele não sangrava, sequer ficava escoriado.
- Entendeu agora? Além de ser forte, nada pode me ferir.
- Saquei. Mas eu duvido.
O Diabo não deu tempo de reação para o Rubro Negro. Correu em sua direção e deu um chute em seu estômago. Depois, um soco com os dois punhos fechados e juntos, de cima pra baixo, aproveitando o corpo arqueado do herói. O Rubro Negro beijou o chão. Se levantando lentamente dos poderosos golpes, o herói estava aturdido. O Diabo aproveitou e pegou uma parte da carcaça do carro destruído e jogou. O Rubro Negro não teve como desviar. Atingido, ficou no chão, preso nas ferrugens e aparentemente desacordado.

Aplausos. Se aproximando daquele cenário desolado de destruição, o deputado Aloísio Mendonça se aproximava com seus cinco seguranças armados.
- Muito bem, Danilo. Agora, antes de matá-lo, tire sua máscara. Quero ver quem é esse petulante.
- Eu não sou Danilo.
O traficante Danilo observava com olhos de maldade para o deputado Aloísio. De alguma forma, ele estava diferente. Não era o mesmo lacaio que obedecia todas as ordens sem questionar. Ele parecia ter planos próprios. Planos de pura maldade sem sentido. Seu codinome subiu sua cabeça. Seus poderes o enlouqueceram. Ele caminhou em direção ao deputado.
- Chegou a sua hora de sofrer em minhas mãos, deputado...
Os seguranças atiraram, mas não arranharam o ex-traficante. O deputado deu ordens para matá-lo e correu para seu carro. Em sua fuga desesperada, pôde ouvir tiros e gemidos de seus seguranças sendo massacrados um a um.

O deputado Aloísio Mendonça estava pessimista. Pensava em mil maneiras que seu ex-capanga poderia acabar com sua carreira lucrativa na política. E pior, pensava que sua vida poderia estar em perigo. Dirigiu àquela hora mesmo para o Laboratório Pró-Genética, ligando para o cientista Rogério Koerich.
- Precisamos pensar em algo para parar esse idiota! Ele quer me matar!
- Já estou a caminho.
Enquanto isso, o Rubro Negro recuperava a consciência lentamente. Aos poucos, sentiu seu corpo preso às ferragens da carcaça da viatura da polícia. Ouviu sirenes se aproximando. Esperou mais um pouco até que seus ferimentos mais graves sumissem para poder usar sua força e sair dali. Não viu mais o Diabo e não sabia por onde começar a caçá-lo.

No Laboratório, o deputado e o cientista bradavam por soluções. Até que ouviram uma risada maligna. Era o Diabo chegando. Eles tentaram correr para a saída de emergência, mas acabaram esbarrando com seu algoz fora dali os encurralando.
- Hora do juízo final, deputado. – Com um tapa, o cientista bate a cabeça no chão e morre. Com os braços, o Diabo agarra o deputado o deixa inconsciente com um apertão.

O Rubro Negro escondeu seu uniforme debaixo de uma jaqueta e calça jeans. Suas ombreiras de metal ele guardou na mochila que estava escondida num ponto escondido e pegou um ônibus para chegar em casa logo. Ansioso, tentaria conseguir alguma informação pesquisando pela internet. Meia hora depois, era recebido por sua mãe ainda acordada. Depois de inventar que estava voltando da casa de um amigo, foi para o quarto e se fechou lá.
- Hora de pesquisar.
Mas sua mãe foi insistente. Abriu a porta e lhe disse que precisaria que ele estivesse em casa por aquela hora da noite, pois receberiam a visita de uma amiga de São Paulo que traria sua filha. Sua mãe queria que Arthur deixasse a menina confortável. Respondendo sem paciência, ele dispensou sua mãe confirmando que estaria em casa. Depois, voltando à internet, pesquisou sites de laboratórios que mexiam com genética. Encontrou alguns nomes para começar. Porém, de televisão ligada, o noticiário interrompeu a programação normal. Um homem louco em uma fantasia demoníaca estava ameaçando a vida do deputado Aloísio Mendonça.
- Porra, vou ter que salvar a vida desse cuzão?

O Diabo estava frente a todos aqueles presos na Delegacia Policial do Catete, a 9ª DP. Policiais feridos estavam no chão se retorcendo. O deputado choramingava em frente à sua criação. Os presos se entreolhavam, sem entender o que acontecia.
- Eu vim aqui para libertá-los, porque vocês alimentam meu poder. Saiam daqui, cometam seus crimes – olhou para o deputado – e você saiba que é o culpado disso.
Do lado de fora, outras equipes policiais começavam a chegar. A imprensa estava lá também. Logo, uma multidão de pessoas tornava a saída praticamente impossível. Por isso, o Diabo apareceu em frente à porta. Carregava o deputado Aloísio Mendonça pelo pescoço. O erguia como se aquele homem rechonchudo pesasse nada.
- Abram espaço, ou este homem morrerá. Uma nova era de ruindade se espalhará pelo Rio de Janeiro.
Súbito, um raio de energia vermelha surgiu vindo de um prédio de baixa altura, vizinho à delegacia. Atingiu as costas do Diabo. O vilão e o deputado rolaram as escadarias. Alguns gritos das pessoas curiosas por ali, da polícia que não agia e da imprensa que, num furor sem precedentes, noticiava tudo. Então, o Rubro Negro saltou sobre seu adversário. Alguns reconheceram aquele homem mascarado que lutou contra um homem-fera, dias atrás.

Diabo e Rubro Negro embolaram na pancadaria. A polícia não se movia. Mas o político se moveu rapidamente, correndo para longe. Rubro Negro afastou aquela disputa embolada com um chute poderoso no estômago de seu adversário. Ele emitiu um ruído de dor pela primeira vez. Sabendo que aquele vilão tinha muita resistência a seus socos – que já eram muito fortes – decidiu que era hora de usar seu maior poder. Ele concentrou em suas mãos a energia de plasma vermelho. Diabo correu em sua direção preparando um grande golpe, mas antes que conseguisse chegar, Rubro Negro disparou sua rajada que o acertou em cheio.
Voando alguns metros, caiu sobre uma viatura de polícia amassando-a totalmente. Parecia estar tonto, mas pronto pra outra. Então, querendo evitar o prolongamento daquela luta, Rubro Negro gritou para que todos afastassem. Disparou outra rajada de plasma que fez a viatura explodir. Na carcaça, estava Diabo, desacordado.
A polícia, então, resolveu agir. Alguns foram para cima do vigilante mascarado exigindo rendição. Outros foram conter Diabo com várias algemas.
- Melhor vocês usarem algo mais difícil de quebrar que uma algeminha. – Dito isso, ele correu para longe. Alguns policiais foram atrás dele, mas ele conseguiu despistá-los. Trocou de roupa e decidiu que já tinha acabado naquela noite.

No dia seguinte, na aula, Sofia disse que havia pensado que havia sido muito dura com Arthur. Esperançoso, o rapaz decidiu tentar convidá-la para um cinema novamente. Ela foi evasiva e disse que não podia. Com mais uma bola fora, ele foi pra Biblioteca Nacional continuar seus estudos da bolsa de pesquisa. Descobriu que o professor Cardoso já estava lecionando novamente e, aparentemente, sem problemas. O segredo dele estava guardado com Arthur e com o Rubro Negro.
Outros pensamentos passavam pela cabeça do jovem: quem era aquele Diabo? Como ele ganhou aqueles poderes? Teriam sido da mesma forma que ele? Será que ele enlouqueceu achando que era o diabo em pessoa? Será que Arthur também ficaria louco?

terça-feira, 22 de junho de 2010

Guia de Episódios III

Primeira Temporada


1 - A Lua do Lobisomem.
2 - O Inferno do Diabo.
3 - O Robô Assassino.
4 - O Retorno do Robô Assassino.
5 - Ciborgue Titânio: Armado e Perigoso.
6 - Ameaça do Mágiko.
7 - O Uniforme Branco I
8 - O Uniforme Branco II
9 - O Uniforme Branco III
10 - O Deus da Guerra
11 - Triminator I.
12 - Triminator II.
13 - O Dia do Copiador.

Rubro Negro #1 - A Lua do Lobisomem


Rio de Janeiro, final da tarde.
Fim do expediente para a maioria das pessoas, elas voltam para suas casas. Mas para o Rubro Negro, é o começo de seu trabalho. Ser um vigilante mascarado é um trabalho que ele considera importante a se fazer. Desde que foi forçado a adquirir seus poderes, decidiu que deveria fazer duas coisas com eles: procurar o traficante responsável por sua transformação e leva-lo à justiça e proteger as pessoas dos problemas que elas não podem lidar. Ele era um herói sob uma máscara.
Sentado no terraço do prédio da Embratel, observava a avenida Presidente Vargas cheia de carros indo e vindo.

No metrô, dois mecânicos consertavam algum problema em um dos túneis atrasando um pouco o fluxo das pessoas. De repente, eles ouviram um uivo muito alto, seguido de um rugido de uma fera. Ficaram assustados, decidiram investigar com suas lanternas na escuridão do túnel. Foram surpreendidos por uma fera de quase dois metros, corpanzil peludo, definido por muitos músculos, calças rasgadas. Sua cabeça era de lobo. Os dois correram desesperados, gritando por ajuda. Um deles foi pego pela perna e caiu. O outro fugiu sob o som dos gritos e de carne rasgando de seu colega de trabalho.
Desesperado, subiu as escadas de um bueiro que era ligado ao metrô e ganhou a avenida Marechal Floriano, muito perto da Presidente Vargas. O pânico era tão grande que ele não conseguia falar nada que prestasse. Entrou no furgão da empresa e deu partida, correndo aleatoriamente pelas ruas, até chegar na principal via de carros, a Presidente Vargas. Muitos carros desviaram em última hora. O mecânico seguia alucinado, trombando com outros carros. O Rubro Negro terminava de comer um sanduíche ainda no alto do prédio. Ao ver aquele carro desgovernado, pôs-se a correr. Pulou para um prédio ao lado, o da Linux Solutions Informática. Para sua sorte, o carro ainda estava longe de onde ele estava. Esperou o momento certo e pulou sobre o carro. Segurou-se firme como pôde e, com sua super força, fez uma abertura na lataria do carro, em cima do banco de passageiro. Desceu, sentou-se ao lado do desesperado mecânico. No susto, ele virou violentamente o volante. O furgão virou e capotou. Bateu num poste e explodiu em chamas.

No dia seguinte, o Rubro Negro estava sem máscara. Agora era Arthur de Castro Ribeiro, estudante universitário que fazia História na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ficou lembrando na aula de História Medieval o acidente de ontem. Salvou a vida daquele mecânico puxando pra fora do carro. Caiu e rolou no chão dilacerando um pouco suas costas, mas protegendo a vida daquele trabalhador. Seus ferimentos foram mínimos e, como o Rubro Negro contava com seu poder de regeneração de ferimentos, não se preocupou com seu bem estar. Entretanto, o que mais lhe intrigava eram as palavras balbuciadas pelo homem traumatizado. Falava sobre um homem lobo ter pegado seu colega.
O professor, então, chamou a atenção de Arthur por estar com a cabeça nas nuvens. Em seguida disse que queria falar com ele depois da aula. Arthur ficava imaginando se havia ido mal na última prova. Ao término da aula, foi ter com o professor Gilberto.
- Você tem ido muito bem nas últimas provas de história medieval, Arthur.
- Obrigado, professor. – meio sem jeito.
- O professor Cardoso abriu uma bolsa no CNPQ sobre mitologia medieval. Talvez devesse falar com ele sobre isso.
Arthur arregalou os olhos e pensou na possibilidade de ganhar um bom dinheiro. Ficou pensando que poderia viajar com aquele dinheiro, se divertir nas férias.
Ao pegar o metrô para ir para casa, no bairro de Botafogo, encontrou Larissa, sua colega de classe. Uma irmã mais velha que ele nunca teve e que nunca quis ter. Ela lhe contou que já tinha uma bolsa garantida sobre mitologia e disse que poderia ajudá-lo na prova para conseguir a bolsa.
- O professor Cardoso voltou da França com essa ideia fixa na cabeça. Conseguiu a bolsa e quer dois estudantes com ele. Eu já consegui a minha vaga. Posso te ajudar para conseguir a outra.
- Obrigado, Larissa. Vai ser muito bom ter esses trezentos reais.

Chegando em casa, Arthur foi direto tomar banho. Geralmente ele só voltava para estudar por uma hora e depois saia vestindo o uniforme do Rubro Negro para fazer sua patrulha diária. Mas dessa vez ele achou melhor estudar em casa. Seu pai Luiz e sua mãe Bianca ficaram felizes por seu filho estar buscando seu dinheiro. Antes, eles eram contra Arthur fazer uma faculdade de história, pois ser professor era o único caminho conhecido. E não dava muito dinheiro. Arthur nunca se sentiu apto para dar aulas, por isso buscava seguir no meio acadêmico, estudar e ganhar dinheiro com pesquisas. Essa era sua chance de começar.
Porém, ao ver a conta muito alta da casa, pensou que estava sendo muito egoísta em usar o dinheiro da bolsa para viajar e se divertir. Ele achou melhor usar o dinheiro para diminuir suas próprias despesas aos pais, para que eles pudessem pagar suas dividas. Arthur decidiu se empenhar no estudo. Por isso decidiu ir até a Biblioteca Nacional.

Saindo do metrô na Cinelândia, Arthur foi até a Biblioteca. Encontrou Larissa esperando do lado de fora.
- Demorou bastante, rapazinho.
- Congestionamento no metrô, sabe como é. – ele sorriu com sua própria piada. Ela, ao contrário, ergueu uma sobrancelha.
Ele havia ligado para ela para ajudá-lo naquele momento na Biblioteca Nacional, guia-lo no que tinha que ler. Depois de pegar alguns livros, foram sentar para ler. Arthur mal abriu um livro quando Larissa gritou. Ela estava noutro lugar, escondida por enormes estantes. Correndo, Arthur a encontrou no chão, com um arranhão no braço. Em sua frente, perto a uma janela, um homem muito alto. Peludo, tinha cara de lobo. Seus dentes estavam todos à amostra e salivava um pouco. Arthur arregalou os olhos quando viu aquilo. Por instinto, segurou as duas mãos juntas e concentrou para criar sua energia que converteria em uma rajada de plasma. Porém, Larissa pediu por socorro, estava ferida. Titubeando, Arthur voltou-se para ela. O homem fera mostrou um sorriso maligno e falou com grande dificuldade e maldade em sua voz:
- Hoje os deixarei vivos, Arthur e Larissa. Na próxima vez, o Lobisomem não será misericordioso!
E saiu.
Arthur ficou imaginando como aquela criatura sabia seus nomes e por que estaria na Biblioteca. Será que ele tinha alguma coisa a ver com professor Cardoso?

Depois de levar Larissa para casa, Arthur decidiu que era hora do Rubro Negro entrar em ação. Vestiu seu uniforme e foi para a casa do professor Cardoso. Achou melhor ir como Rubro Negro que como Arthur porque o que iria conversar era assunto perigoso demais para o estudante universitário.
O Lobisomem corria pelas ruas escuras do Rio de Janeiro uivando para a lua que era cheia. Estava em êxtase. Suas memórias, seus pensamentos estavam confusos e conflitantes. Decidiu ir para a casa onde lembrava, quando era um homem, ter uma família. Subiu o prédio e olhou pela janela a sala de estar. Viu uma mulher e seu filho.
O Rubro Negro aguardou o portão da garagem abrir para entrar sorrateiro. Subiu para o andar do apartamento do professor Cardoso pelas escadas onde não tinha câmeras de vigilância. Ao chegar, tocou a campainha.
Uma mulher abriu e gritou imediatamente ao ver o vigilante mascarado. Naquele momento, começou a chover na cidade.
- Não se preocupe, dona Cardoso. Quero falar com o professor Cardoso. Um assunto muito sério. Ele está?
- Não vou deixar que machuque o meu marido! Ele não tem culpa – ela começou a derramar lágrimas.
- Machucá-lo? Por que eu faria isso? O que está acontecendo, dona Cardoso?
Então, ela explicou que seu marido, o renomado professor doutor em história medieval, havia se transformado em uma fera peluda e cheia de dentes. Ele próprio era o Lobisomem. Ela também contou que desde que ele voltou da França, ele estava diferente, obcecado pela lenda do lobisomem que datava o século XVI na França. E, na primeira noite de lua cheia, há dois dias, ele se transformou e fugiu com medo de machucar sua família.
- Não se preocupe, dona Cardoso. Vou trazer o professor são e salvo para sua casa. Promessa é dívida.
O Rubro Negro acariciou o cabelo do pequeno filho do professor e começou a sair, quando ouviram um uivo muito alto.
Pela pequena varanda da sala, encoberto pela penumbra da noite e pela chuva torrencial, estava o Lobisomem. Corpanzil massivo, curvado com os braços longos e mãos cheias de garras. Era uma fera perigosa que mal se lembrava de como falar.
- Não. Se. Meta. Onde. Não. Chamado.
- Professor, acalme-se, eu vou te ajudar – antes de terminar a frase, o Lobisomem estava sobre o Rubro Negro. Aquele não era o professor. Sua mente estava controlada por aquela fera.

O Rubro Negro foi jogado na parede, deslizando sobre a mesa, com uma força descomunal. Levantou-se o viu que a família do professor havia saído da sala, indo pra cozinha. Ele saltou sobre o Lobisomem erguendo a perna num chute visando a cabeça do Lobisomem. Entretanto, a fera desviou saltando para trás. Avançou com suas garras em amostra e arranhou o braço do Rubro Negro. Sangue escorreu em dor dilacerante. Aproveitando a proximidade de seu adversário, deu um soco bem dado no estômago. O Lobisomem rugiu em dor. O Rubro Negro ainda teve tempo de desviar dos dentes super afiados. Tentando mobiliza-lo, o vigilante mascarado abaixou seu corpo e desferiu um chute na lateral do joelho do homem-fera. A essa altura, o arranhão do braço do Rubro Negro havia desaparecido.
O Lobisomem abaixou-se e viu o Rubro Negro erguer suas mãos juntas. Seria um grande golpe em sua cabeça. Antevendo o movimento, o Lobisomem cruzou suas mãos com garras afiadas no peito e na barriga do herói, rasgando-lhe o uniforme e a carne. Atordoado, o Rubro Negro cambaleou. Foi o suficiente para o Lobisomem saltar com seus dentes igualmente afiados sobre a jugular. Cravando-lhe os dentes, o Rubro Negro gritou de dor, sentindo sua consciência esvair-se aos poucos.
Nesse momento, um grito de criança. O filho do professor abriu a porta da cozinha e gritou para que o Lobisomem parasse. E deu certo.
Saltando pela janela, ele foi embora. O Rubro Negro pôde agarrar-se à consciência.
- Não se preocupem, vou atrás dele em alguns minutos. – Fez um sorriso cansado, mostrando o polegar em sinal de positivo. Naquele momento, os ferimentos estavam se fechando rapidamente.
- Já volto. – Assim, ele saiu correndo do apartamento, descendo as escadas.

Quando ganhou as ruas, o Rubro Negro foi descuidado. Encontrou um valentão da faculdade. Era Ronaldo, um membro de uma gangue rival da gangue em que Arthur havia sido membro antes de ser cobaia para o geneticista do traficante que lhe concedeu seus poderes. Apesar disso, com a máscara, Ronaldo não reconhecia Arthur. Ainda assim, o Rubro Negro não deixava de ser um ícone para a gangue rival de Ronaldo, pelas cores que portava, pelo nome que possuía.
- Sai daqui, seu monte de merda.
Ronaldo puxou seu bastão, querendo pegar o Rubro Negro. O vigilante mascarado apenas sorriu e deixou receber a pancada. O bastão se quebrou e ele não se moveu um centímetro.
- Satisfeito? Agora não tenho tempo a perder com um playboyzinho ralé como você.
Saiu correndo em direção às sombras.

O Rubro Negro foi até o metrô, onde o Lobisomem teria sido visto pela primeira vez, quando atacou o colega daquele mecânico que salvara a vida de um acidente de trânsito. Descendo pelo bueiro que ligava ao metrô, ele chegou ao túnel. Andou sorrateiro pela escuridão guiado pelas luzes que ficavam no teto. Não demorou muito para encontrar o corpo dilacerado do mecânico. Fedia como carniça.
Continuando sua caminhada, pensava em como poderia livrar o professor Cardoso daquela fera que ele havia se tornado. Pela lenda que todo mundo conhecia, bastaria o amanhecer. Mas será que era assim mesmo?
Subitamente, ouviu um uivo. Apressando o passo, o Rubro Negro encontrou escadas e um bueiro aberto logo acima. Subiu rapidamente e, quando saiu do túnel, estava na Praça da República. Pessoas corriam desesperadas dali. O Lobisomem não as atacava, mas uivava e rugia, amedrontava as pessoas, como se quisesse somente afastá-las dali.
- Professor, pare!
O Rubro Negro correu em sua direção pulando com os dois pés juntos, acertando o peito do Lobisomem. A criatura rugiu e deu alguns passos pra trás. Sem querer dar tempo da criatura se recuperar, ele avançou desferindo uma série de socos e pontapés. Até que o Lobisomem sangrou.
Tomado por uma fúria insana, ele segurou uma das mãos do Rubro Negro em sua seqüência de golpes e, com a outra mão, desferiu um poderoso corte no rosto. O Rubro Negro caiu com as mãos no rosto. Sentia o sangue escorrer violentamente, seu rosto estava desfigurado com grandes talhos. Antes de se desesperar, o Rubro Negro não ficar em uma posição vulnerável. Mas não foi o suficiente. O Lobisomem o segurou e mordeu a jugular novamente, arrancando um grande naco de carne. Sangue esguichou por todos os lados. O Rubro Negro gritava e lutava contra a inconsciência. Era hora de dar tudo de si.
Chutou o Lobisomem em cima dele que se afastou. Ergueu-se com uma mão tapando o ferimento do pescoço e apontou o punho da outra para a criatura.
- Desculpe professor, mas isso tem que acabar antes que tu me mate.
Sua mão foi envolta de uma energia vermelha brilhante. Era um circulo quase perfeito que englobava todo o punho. O Lobisomem não entendia o que via. Então, uma rajada de plasma foi disparada. Um feixe de luz cobriu a distância do punho do Rubro Negro e atingiu o peito do Lobisomem. Ele sentiu a carne queimar em abundância e a consciência se foi. Dobrou o joelho e tombou no chão.
Muitas pessoas estavam ao redor daquela luta, olhavam atônitos. Muitos filmavam com o celular. Os ferimentos do Rubro Negro foram sumindo aos poucos. O do pescoço, entretanto, demoraria um pouco mais.
O Lobisomem começou a se transformar no professor Cardoso novamente, sem explicação aparente. O Rubro Negro o segurou sobre os ombros e correu dali, gritando para abri espaço. Agora ouvia o barulho de sirenes.
- Perfeito, só porque eu já tinha resolvido a questão, esses policiais vão me encher o saco agora.
Correu e desceu num bueiro.

Dias depois, Arthur mostrava o contrato da bolsa de estudos para seus pais. Ele havia conseguido passar na prova depois que o professor Cardoso havia aplicado depois de se recuperar. Sua mãe Bianca falou que agora ele era um rapaz crescido, um adulto, e que teria outras responsabilidades únicas.
“Ah, minha mãe. Se soubesse que eu já tenho uma responsabilidade única há tanto tempo...”

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Guia de Episódios II

Primeira Temporada

1 - A Lua do Lobisomem
2 - O Caçador Mercenário
3 - O Retorno do Caçador
4 - São Cosme e Damião
5 - O Pensador Louco Aparece
6 - Surge o Cruz de Malta
7 - O Deus da Guerra
8 - Uniforme Branco I
9 - Uniforme Branco II
10 - Uniforme Branco III
11- Triminator I
12 - Triminator II
13 - O Dia do Copiador

domingo, 20 de junho de 2010

Rubro Negro #0 - Prelúdio


Era uma noite no Rio de Janeiro.
O Rubro Negro andava pelas sombras das grandes construções do estilo potuguês dos séculos de colonização no centro da cidade. Seguia sorrateiramente um homem que corria desesperado. Ele vestia roupas sujas e um boné surrado. Era um homem pobre, da cor do preconceito. O Rubro Negro o observava, sabia que aquele homem desesperado era importante naquele momento.
Aquelas ruelas tinham o chão de pedra, bastante cumpridas, mas estreitas. A luz da noite era convidativa às sombras. Era dia de semana, por isso, eram ruelas desertas. Súbito, ele ouviu barulho de pneus em atrito com o asfalto. Um barulho de freio. Em seguida, sirenes. Dois policiais em seus uniformes acizentados e coletes a prova de bala sacaram suas pistolas gritando agressivamente. O homem que corria teve seu caminho bloqueado pela viatura. Seu desespero saltou-lhe os olhos e ele se ajoelhou.
- Por favor, não me matem!
- Não devia ter feito merda, seu miserável.
Um dos policiais apontou a arma para sua cabeça. O rosto do homem escorria lágrimas. Parecia o fim. Ele fechou os olhos, aguardando seu destino.
A bala jamais saiu da pistola.
Ele ouviu um som de pancada. Talvez um soco. Ouviu gemidos. Abriu os olhos e viu um homem entre ele e os dois policiais. Uma arma no chão e o policial desarmado segurando sua mão, sofrendo de dor.
- Vazem, ou terei que matá-los. - Disse com autoridade aquela figura estranha.
O Rubro Negro já era uma lenda urbana, contada por mendigos, dita para amedrontar as pessoas. Algumas diziam que ele estava a serviço de traficantes, era um marginal. Outros o viam como um herói que espancava bandidos. Mas todos temiam de alguma forma provar a veracidade da existência dele.
Vestindo uma camisa sem mangas com listras horizontais vermelhas e pretas, ombreiras de metal, luvas de borracha e botas militares negras. O que mais chamava a atenção e que povoava a imaginação dessa lenda era seu anonimato. Pois o Rubro Negro tinha uma máscara de pano vermelho, rudimentar, amarrada na nuca. Seus olhos eram ocultos por lentes brancas opacas especiais.
O outro policial estava incrédulo no que via. Era um maluco fantasiado? Ou era realmente a lenda urbana se tornando verdade diante de seus olhos? Lembrou-se que tinha uma arma em mãos e mesmo que o tal Rubro Negro fosse um homem de estatura mediana e corpo massivo de músculos, não estava de colete a prova de balas. Atirou no peito, para matar.
O Rubro Negro não mudou sua expressão determinada e autoritária. Inclinou a cabeça para ver o buraco em sua camisa. Não havia sangue, não havia ferimento. O policial se arrependia do tiro que havia dado. O outro correu para o carro xingando. O homem que o Rubro Negro salvara estava no chão, com olhos saltando o orifício ocular. O Rubro Negro virou o rosto para ele e deu um sorriso.
- Se safou dessa, cara.
O homem não sabia se corria ou se agradecia. Num misto de emoções, chorava preocupado, sorria por estar vivo. Então, levou um soco no nariz a desmaiou.

***


"Essa vida é foda. Ninguém sabe ou liga para suas intenções. Eu sou o alvo da vez, o bandido a ser combatido, a ameaça que tentará unir a classe média."
O Rubro Negro estava sentado, tomando um refrigerante, na Praça XV. O homem que salvara era Manoel da Costa, um bandido de quinta categoria. Ele acordou com o nariz formigando.
- Vai me matar?
- Só teria a perder com isso.
- Então, por que me salvou?
- Não se faça de desentendido.
- Tu vai me matar depois que eu te contar o que ouvi?
O Rubro Negro estreitou os olhos, encarando Manoel. Não dava para saber se ele estava irritado ou irônico. A voz da lenda urbana era sem pressa, mas interessada.
- Apesar de tu ser um bandido zé ruela, vai acabar preso por policiais de verdade e não por estes lacaios de Ricardinho.
- Então você é real, cara. - Manoel agora tinha alguma admiração no olhar.
- Se sou a cobaia daquele traficante maldito? Sim. E vou voltar pra ele quando souber onde ele se esconde.
- Se tu subir o morro, tu vai morrer. - Manoel parecia não querer isso.
Rubro Negro sorriu.
- Por isso que tu existe, caro Manoel. Tu vai me dar as informações que eu quero.
- Como você sabe tanto? Aposto que tu é um cara do morro, ligado nas paradas.
Um sorriso acompanhado de um riso sarcástico. O Rubro Negro parecia satisfeito com a imaginação de Manoel.
- Tenho minhas fontes. Agora me fala. Aonde Ricardinho vai estar?
- No Alemão, Vila Cruzeiro. Domingo agora.
- Valeu.
O Rubro Negro sentiu-se ansioso para reencontrar aquele que mudou sua vida.

sábado, 19 de junho de 2010

A origem do Rubro Negro


Arthur de Castro Ribeiro é um jovem estudante universitário de história que estagia dando aulas em um colégio público. Antes engajado no movimento estudantil, ele se desiludiu com sua luta por justiça social por falta de identificação, afinal, ele tinha uma vida com privilégios por ser da classe média. Sem muitas perspectivas futuras na academia intelectual, aceitando o fato de ser um ninguém, envolveu-se com brigas de gangues por muito tempo, aprendendo a lutar, na esperança de encontrar emoção em sua vida.
Com a gangue ele adquiriu novos amigos e ficou feliz realmente criando um sentimento de pertencimento, de que era especial. Porém, a gangue era envolvida com o crime organizado, que Arthur via como prejudiciais aos movimentos sociais e aos pobres, que era injustamente criminalizados por conta destes criminosos à margem da sociedade. Por isso, quando soube da ligação, ele decidiu largá-la.
Infelizmente para o jovem universitário, o traficante Ricardinho era um dos patronos da gangue. E ele era um homem muito ambicioso e perigoso. Depois de conhecer o geneticista Gabriel Soares que não tinha incentivo do governo ou de empresas privadas para seus experimentos genéticos em seres humanos, Ricardinho decidiu que bancaria suas pesquisas. Ele queria que Gabriel criasse super-soldados sem mente ou emoções para seguir as ordens dele, para que pudesse iniciar seus planos de conquista.
Dessa forma, o traficante usou a gangue para encontrar um jovem briguento que ninguém sentiria falta para ser a primeira cobaia. Esse jovem seria Roberto, um amigo de Arthur. Porém, quando ambos voltavam de um jogo de futebol no Maracanã passando por ruas escuras, homens armados a mando de Ricardinho capturaram Arthur por engano.
Raptado, ele foi levado à base secreta desse traficante, na favela da rocinha. Uma vez lá, ele foi entregue ao geneticista que iniciou os testes experimentais. Utilizando-se de radiações e outros experimentos químicos, Arthur teve sua estrutura molecular alterada. Seus genes se modificaram e lhe acrescentaram grande força muscular, agilidade, resistências e dureza corporal incríveis. Teve seu corpo alvo de castigos físicos (com facas ou porretes) apenas para testar seu poder de cura que eliminou todas as escoriações em segundos. Por uma semana, ele ficou em cativeiro sendo testado em suas novas habilidades.
Antes de passar pelo processo de lavagem cerebral onde perderia suas memórias e suas emoções, ele descobriu um outro poder desconhecido até para o geneticista Gabriel: raios de plasma. Suas mãos esquentaram e destruíram suas correntes e amarras. Aturdido, ele disparou seus raios em direções aleatórias visando escapar de seu cativeiro. Um de seus disparos acabou matando acidentalmente o geneticista. Abrindo um buraco na parede, ele se viu livre e fugiu.
Muito confuso e sem direção, ele vagou até a casa de Roberto onde contou tudo que aconteceu. Roberto morava sozinho em um bairro pobre e disse à família de Arthur que ele estava lá para estudarem para as provas finais da faculdade, pois tinha medo que o acusassem de ter sido culpado pelo seqüestro. Era mais fácil uma família de classe média acusar alguém pobre. Arthur ligou para casa e confirmou a história.
Então, subitamente, a porta da casa de Roberto foi arrombada. Homens a mando do traficante Ricardinho estavam atrás de Roberto. Todos achavam que o jovem amigo de Arthur que havia sido seqüestrado. Apenas o geneticista falecido tinha conhecimento de como era o rosto de sua cobaia. Portanto, foram até a casa de Roberto em busca dele. Arthur resolveu salvar o amigo e disparou suas rajadas de plasma novamente. Sem controlar direito, variava em atordoar e matar seus adversários. Até que um tiro de um dos homens acertou a cabeça de Roberto o levando à morte.
Sentindo-se culpado, Arthur voltou para sua casa. Contou à sua família e a todos que conheciam Roberto que ele fora assassinado por bandidos em um assalto no qual ele fugiu vivo. Vendo que poucos ligavam para o jovem pobre, sentiu que agora ele tinha poder para fazer a diferença. As lutas sociais eram contra ambiciosos bandidos, policiais e políticos corruptos, todo um sistema capitalista opressor, governo voltado para os mais ricos. Antes ele nada podia fazer, pois não acreditava no movimento social e na esquerda dividida. Agora ele tinha o poder para fazer a diferença.
Com uma camisa vermelha e preta, cores de sua gangue, ombreiras de metal customizadas, botas de couro de militar, lutas de borracha e uma máscara vermelha rudimentar, amarrada atrás da cabeça, ele se tornou no Rubro Negro, um super-herói que a mídia e a classe média torciam o nariz. Terrorista para uns, lunáticos para outros, o Rubro Negro vigia a cidade do Rio de Janeiro.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Rubro Negro - Mutantes e Malfeitores


Rubro Negro

Nível de Poder: 10 (150 pp)

Habilidades: FOR 24/10, DES 24/12, CON 26/12, INT 12, SAB 10, CAR 14

Perícias: Acrobacia +10, Arte da Fuga +10, Blefar +6, Conhecimento [História] +4, Furtividade +11, Intimidar +6, Profissão [professor] +2, Notar +8, Obter Informação +6, Procurar +6.

Feitos: Ataque Dominó 2, Ataque Imprudente, Ataque Poderoso, Bem Informado, Blefe Acrobático, Crítico Aprimorado (desarmado) 2, Foco em Ataque (corpo-a-corpo) 5, Foco em Esquiva 2, De Pé, Tolerância, Iniciativa Aprimorada, Rolamento Defensivo 2.

Poderes: Força Aumentada 14, Destreza Aumentada 12, Constituição Aumentada 14, Resistência Impenetrável 4, Regeneração 12 (machucado 3, ferido 4, desabilitado 5), Raio de Plasma 12 (falha: ação completa).

Combate: Ataque +8; Desarmado (ataque +13, dano 22, crítico 18), Raio de Plasma (ataque +8, dano 27), Defesa 20 (surpreso 14), Iniciativa +11, Deslocamento 9m.

Salvamentos: Resistência +10 (+8 desprevenido), Fortitude +10, Reflexos +11, Vontade +4.

Habilidades 10 + Salvamentos 10 + Perícias 10 (40 graduações) + Feitos 20 + Combate 32 + Poderes 68 = 150 pp.