quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Rubro Negro #15 - Os Quatro Sinistros: Parte 2


Acabava a aula da noite, Sofia se dirigia para o estacionamento.

- Olá, donzela. – era Júlio Pagotto vestindo um sobretudo preto. A noite estava esfriando. Sofia se deparou com uma situação esquisita e sorriu constrangida, enquanto girava a chave do carro.

- Gostaria de chamá-la para assistir uma peça alternativa sobre um cavaleiro medieval. – ele sorria. Júlio era conhecido por ser fanático por história medieval.

- Não, obrigada. Tenho que ir pra casa agora. – evasiva, tentando ser amigável, entrou no seu carro.

- Então, numa outra oportunidade, talvez? – Julio quase esfregava sua cara na janela do carro.

Sofia não disse nada, não sabia qual seria a reação daquele garoto estranho. Deu a partida e foi embora.

- Gente maluca... – disse, enquanto pensava onde estaria Arthur.

Rubro Negro corria para a calçada desviando de seus próprios raios de plasma atirados pelo Copiador. Ele não tinha a menor chance sem seus poderes e sentia seu ferimento na barriga formigar. Lorde Mágiko apontou seu cajado e um feixe de luz esverdeado atingiu o vigilante mascarado em cheio. Pra sua sorte, era um raio paralisante. Rubro Negro estava preso e não tinha qualquer chance de reação sem sua super-força.

- Por que não revida, Rubro Negro? O que aconteceu com você? – Ciborgue Titânio se aproximou calmamente e desferiu um soco pesado que fez o ferimento na barriga abrir totalmente e jorrar sangue.

- Mas o que é isso? – Ciborgue agarrou Rubro Negro pela camisa, erguendo-o do chão facilmente. Com outra mão, arrancou-lhe a máscara. Todos olharam para o jovem Arthur quase inconsciente.

- O que é isso? O Rubro Negro é esse garoto? – Copiador aparecia em sua forma original, vestes negras com uma máscara aberta só aos olhos. Estava intrigado.

“Eu perdi. E pior ainda, fui desmascarado. Droga!” Arthur estava desesperado, olhos lacrimejantes perante sua morte iminente. Lorde Mágiko caminhou até ele com seu cajado com uma lâmina na ponta, pronto para atravessar o crânio do jovem Arthur.

- Pare com isso. Você é tão lunático que não percebeu o óbvio? – Ciborgue afastava Lorde Mágiko com uma das mãos biônicas – Ele não é o Rubro Negro.

- Não sou? – Arthur arregalou os olhos, uma vã esperança.

- Pensem em seu desempenho ridículo aqui esta noite. Na última vez que enfrentei o Rubro Negro ele estava poderoso, ágil, formidável. – Ciborgue colocava a mão no queixo pensativo.

- Então ele é apenas um rapaz numa fantasia de carnaval ridícula. Por isso tá todo ferrado aí. – decretou Diabo.

Em outro lugar, num apartamento em Jacarepaguá, Ricardinho desligava o telefone extremamente irritado. Acabava de saber que seus comandados tinham pegado um garoto qualquer.

- E agora, Ricardinho? – João Barreto estava assustado com a represália que poderia vir dos chefes do traficante.

- Eles não vão me perdoar se é isso que tem medo. Aqueles riquinhos irão me derrubar e colocar outro do morro ao lado no meu lugar. Mas eu vou acabar com eles antes. Vou aproveitar que Michael Flandres está no Rio e vou dar um golpe para assumir seus negócios. Assim ficarei de pé de igualdade com os outros. E pra isso, vou usar os meus quatro capangas...

João Barreto sorria enquanto enxugava o suor da testa.

Arthur aproveitou o engano de Ciborgue Titânio e continuou a história. Estava desesperado, mas tentava controlar sua ansiedade para que todos acreditassem em sua história. Disse que ele pertencia a uma gangue que tinha o Rubro Negro como ídolo e por isso ele havia decidido se fantasiar como ele. Por pura admiração e tentativa de ganhar prestígio. A história colou facilmente em Diabo e Copiador.

Lorde Mágiko estava descrente, pois ele achava a voz de Arthur muito parecida com Rubro Negro. O mágico era o único que odiava de verdade o Rubro Negro e por isso prestou mais atenção nele, em seu jeito, sua voz. Entretanto, Ciborgue Titânio estava satisfeito com a explicação, mesmo que não fosse verdade. Afinal, no alto grau de insanidade, ele acreditava que era um cientista e só precisava do dinheiro para financiar suas pesquisas.

Logo, o telefone de Ciborgue Titânio tocou. Era Ricardinho dando novas ordens. Então, Arthur percebeu que os quatro super-vilões não estavam numa cruzada contra ele. Foram financiados para isso. Ficou muito curioso para saber quem tava por trás disso.

Súbito, o cientista louco desligou o celular e disse para largarem Arthur em qualquer lugar. Diabo estalou os dedos e socou o jovem até ele perder a consciência, o que não demorou muito. Jogado em uma lata de lixo perto da Praça da República. A noite ainda seria longa.

No Hotel Arpoador, na rua Visconde de Pirajá, um homem vestindo ternos negros e óculos escuros – em plena noite – passava reconhecido pela segurança particular do empresário que estava hospedado. Subindo o elevador, foi até o apartamento de luxo onde Michael Flandres estava hospedado. Uma vez lá, não hesitou em usar uma chave especial para abrir a porta. Surpreendido, Michael Flandres estava com roupas debaixo e duas prostitutas na cama.

- Que diabos? Que invasão é essa, senhor Donovan? – o americano tentava pegar uma arma que estava numa gaveta do criado-mudo ao lado da cama.

- Senhor Flandres, estamos sob ataque! É o Ricardinho! – Donovan ia até o armário de Flandres e pegava uma roupa. – Se vista, senhor!

Súbito, eles ouviram uma explosão do lado de fora, na entrada do hotel. Olhando pela janela eles puderam ver Lorde Mágiko com seu cajado soltando fumaça, recém havia disparado um laser. Diabo e Ciborgue Titânio estavam derrubando os seguranças locais. Olharam para cima e Flandres deu um salto pra trás.

- Vamos embora daqui!

Donovan e Flandres correram para as escadas e subiram. Donovan havia dito que um helicóptero os aguardava para a fuga. Chegando lá, entretanto, Donovan riu e mudou de forma. Era o Copiador disfarçado.

- Você achou que poderia ficar aqui no território de Ricardinho livremente? Agora ele irá tomar o seu lugar. Que vergonha. Um homem como você, rico e poderoso, derrubado por um traficante do Brasil.

Copiador riu bastante e empurrou para homens de Ricardinho que o levaram para o helicóptero a força. Nisso, Copiador se transformou em Michael Flandres. E desceu as escadas. Lorde Mágiko, Diabo e Ciborgue Titânio subiram deixando um rastro de terror naquele hotel e entraram também no helicóptero.

Copiador com a forma de Flandres, avisou a todos seus comandados que deveriam ir embora dali o mais rápido possível, pegar o primeiro vôo pros Estados Unidos. Depois ligou para os outros chefes e empresários que comandavam Ricardinho e avisou que estava pulando fora dos negócios escusos. Ricardinho iria assumir seu lugar.

No helicóptero, Ricardinho sorria batendo palmas.

- É verdade que não consegui pegar o Rubro Negro. Mas peguei você, gringo. Agora com seus recursos eu vou ficar mais poderoso. Vou poder pegar o Rubro Negro de fato.

Uma risada se sucedeu sobre o encolhido e acuado americano.

Enquanto isso, Arthur abria os olhos. Ele se lembrava que havia sido espancado para perder a consciência, mas acordou sem dores alguma. Olhou para o ferimento na barriga e viu que não tinha nada ali. Saiu do lixo e cerrou os punhos com a constatação de que seus poderes haviam voltado – pelo menos por hora.

- Agora é minha vez de dar o troco!

Correndo pelas ruas, saltando até ganhar a altura dos prédios, ele sentia-se vivo novamente com seu poder fluindo pelo seu corpo. Foi quando viu várias viaturas de polícia seguindo para zona sul. E resolveu seguir.

Depois de um tempo, ele constatou que o Hotel Arpoador em Ipanema havia sido atacado por três super-vilões. Ele percebeu que o Copiador realmente tinha sua participação bastante oculta. Observando no alto de um prédio maior, ele viu um helicóptero. Batia com a descrição que ouvira da polícia quando os seguiu.

Rangendo os dentes, ele concentrou grande quantidade de energia de plasma nas mãos e disparou uma rajada cumprida, mas para passar ao lado do helicóptero. Ele queria denunciar sua presença. No helicóptero, Ricardinho olhou para a janela e viu um ponto luminoso sobre um prédio.

- É o Rubro Negro de verdade! Vão atrás dele! – ordenou o traficante.

O helicóptero pousou sobre um prédio distante e Diabo, Ciborgue Titânio e Lorde Mágiko desceram ansiosos para lutarem como o verdadeiro Rubro Negro.

- Então você está aqui de verdade. – Rubro Negro olhou para trás, subitamente e viu o Copiador em seu traje negro. Eles estavam ainda sobre o terraço do Hotel Arpoador.

- Sim. Eu soube que bateram num garoto de gangue, né? Que tal agora enfrentar alguém do seu tamanho?

Rubro Negro apressou o passo e investiu num ataque rápido com o cotovelo acertando o nariz de Copiador. Desequilibrando, antes que pudesse cair Rubro Negro continuou com um chute de baixo pra cima, acertando o peito do Copiador. O vilão saiu do chão, tamanha a força do golpe. Ainda no ar, Rubro Negro completou sua seqüência veloz com um soco com as duas mãos juntas, de cima pra baixo como uma martelada. Copiador sentiu dentes quebrarem antes mesmo te bater sua cara no chão desacordado.

- Menos um. – Rubro Negro não usou seu poder de plasma, pois sabia que podia ser copiado facilmente. Ele havia entendido que poderes energéticos eram mais facilmente copiados pelo Copiador. Com menos um adversário, os outros três que chegavam perdiam grande poder de fogo.

Dentro do helicóptero, Ricardinho observava a aproximação de seus três comandados.

- Assista a derrota do Rubro Negro, Michael Flandres. Assim terei a autoridade para legitimar meu controle sobre seus negócios aqui no Rio. – Ricardinho era todo sorriso e confiança.

- Por quê? Por que me ameaçar assim? Você já tem o que quer! – choramingava o gringo, com forte sotaque.

- Eu tenho a migalha que vocês me dão. Empresários ricos, estrangeiros, acham que vou me contentar em ficar fora da lei e ser seu joguete? Aquele que suja as mãos por vocês? Pois o que eu quero é o mesmo que vocês. Poder roubar dentro da lei.

Rubro Negro recebeu com um chute com os dois pés juntos no peito de Diabo, assim que ele chegou ao terraço do Hotel Arpoador. Ciborgue Titânio ficou distante, mas esticou seus braços para atingir e jogar o herói mascarado pra longe. Rolando, antes de se recuperar, Lorde Mágiko disparou um raio laser que acertou as costas de Rubro Negro.

- Isso é tudo? – Rubro Negro se erguia limpando suas roupas, um gesto de menosprezo ao ataque de seus inimigos. Seus ferimentos sumiam na velocidade normal. Ele tinha todos seus poderes ainda.

Rubro Negro disparou uma rajada de plasma que jogou Diabo para longe, mantendo ele distante, pois sabia que era o único com força física suficiente para fazer frente a ele. Ciborgue aproximou-se novamente tentando acertar seu adversário com seus braços biônicos esticados em quase cinco metros. Mas a agilidade de Rubro Negro estava no auge. Desviando para os lados usando acrobacias, ele tentou se aproximar de Lorde Mágiko. O mago fez a lâmina de seu cajado aparecer e estocou a perna do herói mascarado. Sangue jorrou rapidamente.

- Ainda com essa faquinha? – Rubro Negro segurou o cajado de Lorde Mágiko e puxou para perto, aumentando o ferimento da lâmina. Próximo o bastante, Lorde Mágiko viu o herói mascarado quebrar seu cajado no meio e ainda recebeu um soco no queixo. Ele era um homem comum, com equipamentos tecnológicos que davam a ilusão mágica. Por isso não agüentou o soco poderoso de Rubro Negro e perdeu a consciência.

- Agora só faltam... – antes de terminar sua frase inspiradora, uma bravata que iria elevar seu moral sobre seus adversários, Diabo surgiu dando um encontrão no herói mascarado. Ele foi arremessado e caiu do terraço.

A queda foi dolorosa. Antes de se levantar, ainda sentido a dor da queda, Rubro Negro sentiu o peso do Diabo caindo sobre si com uma cotovelada. O golpe foi terrível e o herói mascarado cuspiu sangue.

- É o seu fim, Rubro Negro!

Diabo ficou sobre o herói e desferiu vários socos poderosos em seqüência. Repetidamente, o herói mascarado era golpeado no rosto sem poder reagir e, cada vez menos, tinha poder de reação. Os punhos de Diabo já estavam cobertos de sangue.

Ciborgue Titânio desceu do terraço usando seus braços biônicos e se aproximou do massacre. Sorria levemente já pensando no dinheiro que iria ganhar pelo trabalho concluído. Porém, Rubro Negro, entre um dos socos, mostrou um sorriso e explodiu.

Sua energia de plasma explodiu em sua volta acertando Diabo e Ciborgue Titânio. Ambos foram jogados muito longe. As pessoas daquela rua começaram a sumir rapidamente e a polícia já estava cercando o quarteirão. Era procedimento padrão esperar o embate de super-seres acabar antes de agir.

Levantando-se com dificuldade, Rubro Negro via o mundo girar à sua volta. Olhou para os lados e viu que Ciborgue Titânio e Diabo estavam desacordados. Aquela explosão havia sido muito poderosa. Mas exaurido ao máximo também. A policia começou a se aproximar lentamente com gritos de rendição. Para Rubro Negro inclusive. Ele olhou para cima e viu o helicóptero ainda sobrevoando o local, mas não tinha forças para fazer nada. E se demorasse muito, seria preso também. Então caminhou se arrastando até um bueiro onde desceu aos esgotos e sumiu.

Arthur acordou de manhã. Era um sábado e ele se sentia ótimo. Havia chegado em casa poucas horas antes de amanhecer e tomou um banho demorado para se limpar das sujeitas do esgoto. Agora estava novo em folha e ainda com seus poderes. Aproveitou o dia para ver Sofia para ver um filme no cinema e lancharem depois.

De noite, ele estava como Rubro Negro novamente, comendo seu habitual sanduíche de procedência duvidosa no topo de um prédio da Avenida Presidente Vargas. Tudo estava em ordem, até que ele viu alguém abrir a porta que dava acesso ao terraço. Era ninguém menos que Jéssica Cunha, a esposa de Rodolfo Pilar, o homem que Rubro Negro enfrentou como Ogum.

- Rubro Negro, precisamos conversar. – Decisiva e séria.

- Nossa, quanto tempo. O doutor Pilar acha que agora é Zeus ou algo assim?

Ela fez uma careta repressora.

- Você tem passado momentos difíceis? – direta.

- Defina “difíceis”, doutora.

- Você tem se sentido mais fraco, seus poderes se tornaram inconstantes?

Rubro Negro arregalou os olhos e seu coração palpitou mais forte. O que será que estava acontecendo? Como ela sabia disso?

- Sim, na verdade aconteceu ontem e anteontem. Hoje me sinto forte o dia inteiro. Mas como sabe disso, doutora? Virou médica?

- Acontece que eu descobri a origem de seus poderes. E por isso sei o que acontece com eles e o que vai acontecer.

Rubro Negro se aproximou dela lentamente.

- Como assim? – ele parecia desconfiado do que estava prestes a ouvir. Se ela sabia tanto sobre ele, talvez estivesse metida com coisas erradas.

- O professor Gabriel Soares é o homem que criou o soro que garantia esses poderes que você tem a um ser humano. Acontece que a fórmula que ele desenvolveu não se baseia puramente em ciência. – ela falava pausadamente, o que aumentava a ansiedade do Rubro Negro por cada palavra.

- Não é puramente um experimento biológico? O que está tentando me dizer, doutora?

- Recentemente, em uma conferência, o professor Eduardo Acco veio até mim. No começo achei estranho um doutor em genética numa conferência sobre historiadores. Mas ele explicou a verdade sobre a fórmula que ele descobriu do Gabriel Soares. Que ele também havia usado de conhecimento sobre ocultismo para fazer o soro.

- Ocultismo? Tipo magia?

- Sim, mais ou menos. Estou certa que existe a magia, uma força sobrenatural que está sutilmente impregnada no mundo. E você foi um alvo mais visível dessa magia. Por isso ninguém conseguia repetir a fórmula que Gabriel Soares criou. Somente Eduardo Acco conseguiu, porque justamente descobriu esse ingrediente sobrenatural.

- Que ingrediente é esse? – Rubro Negro estava bastante confuso.

- Eu não sei. Ele não quis me contar. Apenas disse que não existe mais. Mas também não sei se estava mentindo.

- E o que ele ganha com isso? Porque ele te disse isso tudo? Porque você está contando pra mim?

- Ele me disse por que sabia que eu já tive um contato com você. E também porque não queria se envolver e arriscar a vida como da ultima vez. E eu estou te contando a pedido dele. Porque parece que a perda de seus poderes nesses dias é parte de um processo de transformação que ficou acelerado devido ao seu uso contínuo de suas rajadas de plasma e o poder regenerativo.

Rubro Negro estava processando as ideias. Então seus poderes eram de alguma forma sobrenaturais e Eduardo Acco sabia que eles estavam modificando naquele momento.

- Transformando em que? – Ele perguntava com medo da resposta.

- Certamente em algo não humano...

domingo, 15 de agosto de 2010

Rubro Negro #14 - Os Quatro Sinistros: Parte 1


Sobre um prédio, na Avenida Presidente Vargas, ele observava a cidade com seu novo uniforme vermelho e preto. O pequeno movimento daquele dia de semana. Decidiu que estava muito afastado do chão e foi pular para outro prédio mais baixo. Entretanto, na hora do salto, ele não teve força suficiente para o impulso.
A queda foi dolorosa. Bateu com as costas no chão duro, sentiu sua coluna espedaçar. Gritou de dor aguda. Quase perdera os sentidos na hora, mas não durou muito. Não sentiu seu poder de regeneração agir. Surpreso, ele desmaiou de dor.
Acordou como se estivesse em um pesadelo. Estava tudo escuro, ele podia ouvir o miado de um gato de rua. Suas costas não doíam mais. Ele pôde se mexer e constatar que estava curado. Ficou confuso, não entendia por que seus poderes haviam falhado. Saltou, ganhou altura. Subiu o prédio com facilidade. Olhou as horas no celular e viu que havia apagado por meia hora.
O que estava acontecendo?

Enquanto isso, naquela mesma noite, um grupo de pessoas de posses e poder sobre o Brasil estavam reunidos secretamente, longe do alcance de todos, longe de qualquer conhecimento oficial. Eram deputados, homens ricos que manobravam as leis no país, empresários donos dos poucos meios de comunicação de massa que atingiam todo o país, investidores estrangeiros com ganas de explorar um país com farta mão-de-obra e um povo adocicado por um governo que oferece esmola pública. Havia também uma figura carimbada: Ricardinho. Ele estava vivo e insatisfeito.
- Só porque sou de origem humilde, diferente de todos vocês aqui, não quer dizer eu seja burro. Eu sei que vocês andam lucrando bastante. Têm ganhado o dinheiro para comprar o leitinho suíço das crianças, não é? Pois eu tenho passado por maus bocados – seu repertório de palavras era coloquial, mas astuto, preciso. Aqueles homens poderosos já conheciam Ricardinho de longa data. Afinal, foram eles que o escolheram para ser o bode expiatório da sociedade de consumo.
- Eu tenho que lidar com essa porcaria de Rubro Negro. Sei que ele foi um erro meu, fui ambicioso em querer criar um grupo de super-soldados e acabei perdendo meu cientista e meu super-soldado. Que agora me caça. Ou me caçava, ele acha que estou morto. – ele olhava para todos nos olhos.
- Aonde quer chegar, Ricardo da Silva? Você está protegido. Excelentíssimos deputado Aloísio Mendonça e o empresário Francisco Heiner são seus aliados diretos. Aliados poderosos. Rubro Negro será pego, cedo ou tarde pela polícia. – dizia um homem com forte sotaque. Era um americano.
- Aí que tu se engana. Rubro Negro é imune a balas. Rubro Negro derrotou alguém até mais forte que ele, o tal do Cruz de Malta. – nessa parte, Ricardinho blefava. Era um mestre nas palavras. – Mas eu tenho um plano. Eu quero libertar quatro homens presos, especiais, para trabalharem para mim. E preciso de dinheiro para isso. – sorriu, enfim.

Noite seguinte, um objeto metálico com um visor circular vermelho sobrevoava Bangu 1, uma penitenciária onde havia prisões especiais construída para criminosos com super-habilidades. Diziam que havia uma cela especial à espera de Rubro Negro.
Passando despercebido pela vigilância, o objeto voador passou pela grade de uma das celas. Quem estava ali era o Copiador. Com um fino raio laser, o objeto voador soltou as algemas especiais, inibidoras de seus poderes. Em seguida, o intrigado Copiador ouviu uma voz.
- Saudações, Copiador. Aqui é o João Barreto, cientista. Temos um interesse em comum, eu creio. Pegar o Rubro Negro e acabar com ele. Siga as instruções.
O objeto metálico disparou um laser e abriu a sua sela. Um policial fazia a ronda e se surpreendeu. Entretanto, antes que pudesse avisar de uma fuga, foi morto pelo laser. O Copiador, então, assumiu sua forma. Pegou um cartão de segurança que dava acesso às outras selas.
- Agora quero que você liberte Danilo Cunha, conhecido como o Diabo. Também Vladimir Freitas, o Ciborgue Titânio e Sérgio Fonseca, conhecido como Lorde Mágiko.
O Copiador achou aquilo intrigante. Tantos nomes de pessoas especiais. Nunca tinha ouvido falar de João Barreto, mas algo lhe dizia que ele era apenas uma marionete. Alguém maior estava por trás. Decidiu que queria descobrir. Seguiu as ordens.
Assim que todos foram libertos, o alarme foi disparado. Vários policiais apareceram para tentar pegar aquelas pessoas. Mas livres das algemas especiais, eles eram super-vilões. Aqueles policiais não foram páreos para os poderes combinados daqueles quatro. Um helicóptero aterrissou no pátio e os levou embora. Não houve tempo de maior preparo. Uma fuga em massa foi anunciada pelos jornais como uma grande tragédia. O diretor do presídio foi demitido.
No dia seguinte, alojados em um barracão numa favela no Complexo do Alemão, os quatro vilões receberam a visita do chefe de João Barreto. Era ninguém menos que Ricardinho.
- Olá a todos. Eu sou Ricardinho. Vocês não devem saber que eu sou, mas eu sei quem são vocês. Sei que todos foram parar na prisão por conta do Rubro Negro. Ele é meu inimigo também. Juntos, sei que poderemos matar esse desgraçado – antes de continuar, fora interrompido.
- Apesar de muito querer acabar com o Rubro Negro, eu tenho mais o que fazer. Quero sair do país. – Disse o Copiador, usando a forma de um homem muito branco e loiro, com roupas de turista gringo.
- E eu tenho meus próprios planos. Só sei agir sozinho. – Disse o Diabo.
- Naturalmente, senhores. Mas acontece que existe patrocínio. Grandes nomes, grandes pessoas por trás de mim. Vocês serão bem pagos. – retrucou Ricardinho.
Todos se entreolharam, pareciam satisfeitos. Lorde Mágiko era o único que era movido totalmente por vingança, por ter sua vida arruinada. Ciborgue Titânio não se interessava pela morte de Rubro Negro, mas sim pelo dinheiro para voltar a ser um cientista. Diabo não tinha nada a perder. Não tinha para onde voltar. A marionete perfeita. O Copiador fora movido pelo dinheiro e pelo desejo de vingança pela humilhação que sofreu. Ele, um criminoso internacional, preso no Brasil por um vigilante mascarado local.
Todos estavam de acordo.

Naquela mesma noite, em outro lugar, Rubro Negro terminava de bater em garotos brancos, carecas e ricos, moradores da zona nobre da cidade que caçavam homossexuais pelas ruas da Lapa. Depois de esmagar o nariz do último com um pisão, Rubro Negro olhava em volta para uma platéia de pessoas de classe média assustada. Para eles, Rubro Negro batia em jovens saudáveis, filhos da prosperidade burguesa. Para eles, Rubro Negro era um monstro, um bandido.
- E fiquem na sua. Se eu souber que estão fazendo merda de novo, eu vou quebrar a cara de todo mundo. – virou as costas e saiu dali.
Pensativo, foi para uma praça e sentou-se ao lado de um mendigo. Havia jornais no chão e ele pegou um deles.
- Pois tu viu que coisa? Quatro manes que eu mandei pra cadeia estão livres. Isso vai dar merda. – o vigilante olhou para ele como se fosse um amigo de longa data.
O mendigo olhou assustado para Rubro Negro e pediu para não ser espancado. Rubro Negro bufou e saiu dali caminhando. A noite estava acabada. Entretanto, ele sentiu novamente uma fraqueza pelo corpo. Enjôo e dores de cabeça. Caminhou lentamente até uma árvore para se recostar. “Será que estou perdendo meus poderes de novo?” Para testar, deu um soco na árvore. Em condições normais, era capaz de fazer um grande buraco. Mas ele só sentiu a dor de alguns pequenos ossos da mão quebrando. Gritou de dor e quase se contorceu no chão. Ele estava sem poderes de novo! “Por hoje chega!”
Era madrugada, quase amanhecendo e ele sabia que não tinha como correr mais rápido pelas ruas. Estava sem poderes e sem acesso à suas roupas, pois ele sempre se trocava em casa quando chegava da sua patrulha diária. Correu pela calçada, para não ter chance de ser atropelado. Algumas pessoas olhavam curiosas para a cena. Alguns vaiavam, outros aplaudiam. Tinha sorte de ninguém lhe jogar coisas.
Por volta de cinco da manhã, ele chegou em casa exausto e com a mão quebrada. Fazia tempo que ele não sentia dor por tanto tempo. Tirou sua máscara, suas luvas, suas botas e sua camisa. O uniforme novo era bonito, mas seus pais não entenderiam se ele entrasse em casa vestido daquele jeito. Abriu a porta de casa e correu descalço, carregando a máscara, botas e luvas enroladas na camisa. Foi para o quarto. Seu pai estava acordado, tomando café. Ele sempre acordava muito cedo.
- O que é isso? Onde esteve?
- Na praia, correndo.
- O que? Mas tu nunca fizeste isso.
- Resolvi entrar em forma, pai. Mas agora vou dar uma dormida. Só tenho aula onze horas. – fechou a porta do quarto e dormiu.

Acordou com o sol forte. Em seu relógio, eram nove horas. Ele se sentiu forte e saudável, com sua mão não mais quebrada. Ergueu sua cama com uma mão e a equilibrou com um dedo. Estava forte de novo. Sorridente, foi pra sala comer um pão e ir pra faculdade.
- Tu dormiste bastante.
- Que nada. Ainda tenho tempo pra chegar no Fundão.
- O que? Tu dormiste ontem o dia e a noite inteira. Só acordou agora. Tentei te acordar várias vezes, mas em vão. Tu estás bem? – seu pai parecia preocupado. Sua mãe estava do lado, também preocupada.
- Eu... eu tô bem, relaxem. Só tava muito cansado. – pegou o pão e saiu comendo. Estava assustado. O que estava acontecendo? Só pensava em chegar a tempo da aula de seu orientador, o professor Cardoso.
Não conseguiu.
Ao chegar, viu Larissa e um rapaz estranho chamado Julio Pagotto, também estudante de história. Eles conversavam sobre quem seria assistente do professor Cardoso num artigo muito importante e inédito que ele escrevia. Alguns diziam que iria revolucionar a academia. Arthur foi falar com eles.
- Como foi a aula?
- Foi instigante, Arthur. Professor Cardoso estava inspirado. – dizia Larissa.
- Corte a parte de puxa saco. O que ele falou do tal artigo? – Arthur de mau humor por ter perdido a aula.
- Ele vai escolher um assistente, mas ele tem que estar bem preparado. Montar um relatório muito bom com material quente. Eu tenho uma ideia já. E vocês? – Julio cortou a conversa, se vangloriando.
Arthur não quis conversar sobre aquilo. Mas antes de virar as costas, Sofia apareceu sorrindo chamando por ele. Júlio observou a beleza de Sofia e se apresentou. Ela, entretanto, o achou estranho. Ele tinha cabelos negros, cumpridos e grandes olhos azuis. Sofia puxou o braço de Arthur para falarem a sós.
- Que garoto estranho. Mas então, Arthur. Hoje minha mãe dará uma festa para os amigos ricos dela. E eu não tenho ninguém para conversar. Que tal tu vir comigo?
- Pô, isso seria ótimo! – Arthur sorriu. Por dentro, queria dar saltos de alegria. Depois de combinarem detalhes, ele ouviu algumas pessoas conversando sobre os “Três Bandidos do Rubro Negro”.
- Como é isso aí? – ele apareceu no meio daqueles desconhecidos que ficaram meio sem jeito. Antes que um clima constrangedor surgisse, Arthur foi mais incisivo.
- Três o que do Rubro Negro?
- Bom, é acabei de escutar no rádio. Rubro Negro soltou Ciborgue Titânio, Diabo e Lorde Mágiko e estão atacando a Caixa Econômica Federal da Rio Branco, no centro.
Arthur rangeu os dentes. O Copiador estava com sua forma de novo. Fechou os punhos, sentindo sua força em plena forma e correu dali. “Eu durmo um pouco e já fazem essa bagunça inteira, só pra me foder. É obviamente uma armadilha. Mas eu vou dar cabo deles.”

Entre a Avenida Nilo Peçanha e Avenida Almirante Barroso a Avenida Rio Branco estava fechada pelos policiais. O Copiador sob a aparência de Rubro Negro disparava raios sobre carros de polícias. Diabo enfrentava os policiais com sua super-força e ignorando os tiros das pistolas. Ciborgue Titânio e Lorde Mágiko saíam da agência da Caixa Econômica com sacolas cheias de dinheiro. Nesse contexto, Rubro Negro surgiu saltando do teto do banco. Com um chute, acertou as costas de Diabo que voou alguns metros pra frente.
Ele se ergueu irritado e gritou a plenos pulmões.
- Prepara pra morrer! Tu já era!
Correu para tentar dar um soco, mas Rubro Negro desviou. Desde o primeiro encontro de ambos, Rubro Negro tem ganhado mais experiência em brigar. Diabo estava um passo atrás. Porém, mesmo desviando, Rubro Negro foi atingido nas costas por um raio de plasma vindo dele próprio, do Copiador. Rubro Negro caiu e rolou no chão algumas vezes, batendo a cabeça num poste.
- Essa foi boa. Seu raio de plasma é muito mais fraco que o meu, seu péla-saco!
Rubro Negro correu pra cima do Copiador. A essa altura, os policiais pararam de atirar, ignorando as ordens superiores. Jornalistas estavam a postos, filmando e tirando fotos. O Copiador disparou um raio para impedir que Rubro Negro se aproximasse, mas o herói mascarado saltou e aproveitou seu movimento no ar desferindo um chute com suas duas pernas juntas, jogando seu adversário longe.
Subitamente, antes que falasse alguma coisa, o cenário ao seu redor mudou drasticamente. Os prédios, as pessoas, a rua, tudo em sua volta começou a retorcer. Era como se Rubro Negro estivesse drogado. Ele olhou para sua volta, confuso. Sentiu uma lâmina de metal atravessar suas costas. Olhou para sua barriga e viu a ponta metálica banhada em seu sangue. Rubro Negro gritou de dor. O turbilhão distorcido da realidade logo voltou ao normal. Em sua frente estava Lorde Mágiko segurando um cajado com uma lâmina na ponta como se fosse uma lança.
- Mágiko, maldito – Rubro Negro sentia seu ferimento se fechar, porém, lentamente porque foi muito profundo. Estava difícil respirar. Então, dois braços metálicos esticados envolveram o vigilante mascarado. Rubro Negro se lembrava deles. Era Ciborgue Titânio o prendendo com um braço. O outro desferia um soco potente na sua cabeça.
- Abram espaço para o Diabo. Ele é meu. – Diabo aparecia limpando o sangue de seu rosto.
- Você apenas o amaciou para mim. – respondia Ciborgue Titânio.
Rubro Negro nada fazia. Sentia seus ossos sendo esmagados, mas sua perfuração se fechava rapidamente agora. O Copiador disparou uma rajada de energia e acertou os braços de Ciborgue. Jogou Rubro Negro no chão.
- Deixe-me dar um fim a ele. – Dizia o Copiador.
Antes que fizesse alguma coisa, Diabo correu e deu um encontrão com seu ombro e jogou Copiador para longe. Ciborgue Titânio agarrou Diabo com um dos braços e o jogou pra cima. Lorde Mágiko gritava para todos, os alertando.
- Parem de brigar, seus idiotas! Ele vai fugir!
Olharam em volta e viram Rubro Negro correndo pra longe dali. Seu pensamento era de conseguir mudar o ambiente do combate, enfrentar aos poucos seus adversários. Mas, quando tentou saltar sobre uma viatura policial virada de lado, escorregou e se chocou inteiro no carro, que virou de cabeça pra baixo.
Rubro Negro sentia dores viscerais enquanto se levantava. Seu ferimento na barriga parava de regenerar. Seus poderes haviam acabado novamente! Ele deu a volta no carro da polícia destruído e dobrou na Avenida Almirante Barroso. Desceu as escadas que davam de entrada para o metrô. Ouvia gritaria por todos os lados, pois os quatro vilões seguiam em seu encalço. Rubro Negro começou a suar frio. Estava sem seus poderes e não tinha pra onde correr. Um metrô chegou e ele gritou para se afastarem. Todas as pessoas obedeceram e ninguém entrou naquele vagão. Ele entrou e jogou-se no chão. Somente quando sentiu o movimento, ele sentiu-se salvo. Tirou sua máscara e respirou fundo, suado e cheio de dores.

No dia seguinte, ele acordava com dores de cabeça. Parecia que estava de ressaca. Viu que seu ferimento no estômago ainda estava lá. Sua força também havia desaparecido. Ele era um jovem comum de novo.
“Então, acabou? De repente, não sou mais o Rubro Negro? Agora sou um cara normal? Acho que estou finalmente livre, sem mais perigo, sem segredos, tempo pra estudar, sair e namorar?” nisso, lembrou-se de Sofia. Ele havia esquecido de se encontrar com ela no dia anterior. Ela deveria estar muito irritada. Foi pra faculdade levando seu uniforme de Rubro Negro. Acreditava que seus poderes voltariam.
Passou a manhã inteira tentado falar com ela, mas foi esnobado. Foi falar com o professor Cardoso, demonstrando interesse em ser seu assistente. Conseguiu uma dica para onde começar a pesquisar. Ficou feliz que ainda era um dos preferidos dele. Foi pra Biblioteca Nacional estudar sobre essa dica e ficou até a noite.
Seus poderes não haviam voltado e Arthur tomou para si a verdade de que não seria mais o Rubro Negro. Não podia mais ser. Apesar dos ganhos que teve em sua vida pessoal, sentia falta de ajudar as pessoas como vigilante. Caminhava cabisbaixo para casa quando ouviu uma explosão ao longe. Se ele bem conhecia aquela região, sabia que tinha acontecido na Avenida Presidente Vargas. Seu lugar onde mais gostava de patrulhar.
Ficou em dúvida por alguns minutos. Devia chamar as autoridades? Ele não podia fazer nada sem poderes. Mas talvez seus poderes voltassem. Ele sabia que estava sendo imprudente, mas trocou-se. Agora era o Rubro Negro. Correu pra lá numa velocidade mundana, tomando cuidado para não abrir o ferimento da barriga. Podia chegar a tempo de salvar as pessoas que poderiam estar feridas com aquela estranha explosão.
Rubro Negro nunca foi tão inocente.
Chegando no local, viu um ônibus em chamas tombado, ruas vazias. Apenas os quatro super-vilões.
- Ele veio mais rápido do que esperávamos. – disse o Copiador.
- Agora é o seu fim, Rubro Negro. – disse Lorde Mágiko.
E talvez fosse.

Continua...

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Prelúdio II - O Novo Uniforme


Arthur voltava da terceira lavanderia, pois devia lavar seu uniforme de Rubro Negro separado para não atrair suspeita. Era um dia ensolarado, convidativo para praia. Ele imaginou como seria sua vida se não fosse o Rubro Negro. Coçou sua recém barba adquirida e, com a mochila nas costas, pegou um ônibus para voltar para a Biblioteca Nacional. Dentro do ônibus, foi abordado por dois jovens com camisas de sua antiga gangue, os Urubus Indomáveis.
- Arthur, não é? – um deles falou, sentado ao lado dele.
- Quem quer saber? – Arthur olhava desconfiado para o rapaz ao seu lado e para o outro sentado em sua frente.
- Temos um novo líder na gangue. Seu nome é Leandro. E ele quer que tu volte. Estamos ficando sem gente por causa da polícia, sacou? – respondeu o que estava na frente. Ele sussurrava, movendo os olhos para os lados.
- Olha, eu parei com isso em definitivo. Preciso estudar, trabalhar, me formar. Entenderam? – Arthur olhou sério para os dois. Mesmo que não tivesse seus poderes, não voltaria. Já esperava uma intimidação.
- Beleza. – E saíram, para sua surpresa.
Arthur chegou à Biblioteca para estudar, mas a última coisa que fez foi ler. Ficou imaginando como seria sua vida se voltasse para a gangue, com os poderes que tem. Imaginou que estava muito sozinho nessa sua responsabilidade que ele mesmo se cobrava. Sabia, por alto, que existiam outros como ele, mas nunca teve um contato mais direto.
Pensou em fazer uma visita à sede de sua gangue para conversar. Mas como Rubro Negro. Ele esperou a noite cair, desenhando no caderno qualquer coisa. Estudar que é bom, nada.
Noite era fria, com ventos gelados. Rubro Negro Subiu no prédio onde ficava a sede de sua gangue e apareceu pela janela. Havia alguns jovens ali jogando vídeo game.
- Vídeo game, né? – Rubro Negro deu um susto aos demais. Um deles se levantou e o cumprimentou, pois era um herói para aqueles jovens. Não demorou muito para Leandro aparecer. Rubro Negro tinha a intenção de testar o caráter desse novo chefe, para ver se sua antiga gangue não entraria entrando num caminho condenável.
Depois de algumas horas recebendo as últimas notícias, regados a cerveja e sanduíches feitos na hora, Rubro Negro pôde perceber que Leandro era um bom rapaz. Nascido em Duque de Caxias, tentava a sorte num colégio público. Era esforçado e queria levar para a gangue uma politização maior, além dos atos de arruaça pelas ruas.
- Por isso eu chamei algumas pessoas antigas que abandonaram a gangue. Arthur foi um deles. Eu sei que ele faz História e participou do movimento estudantil. – disse.
- Entendi. É um bom caminho, Leandro. Pode contar comigo no que precisar. – Rubro Negro sorria, orgulhoso.
- Obrigado por sua ajuda. Você é um ícone. Os caras aqui se inspiram em tu e nas tuas atitudes. Temos um presente pra tu.
Alguém trouxe uma caixa de papelão. Aberta, tinha uma camisa vermelha e preta com mangas pretas, calça vermelha com uma faixa preta nas laterais das pernas. E uma máscara vermelha com uma faixa preta frontal em torno dos olhos.
- Se quiser, pode ser seu novo uniforme. A gente achou que já deu de você sair mostrando os braços e com essas ombreiras aí. – uma risada geral. Rubro Negro acompanhou. Pegou a caixa e agradeceu. Saiu dali e decidiu patrulhar. Estava muito feliz.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

FICHA 3D&T ALPHA


Rubro Negro (12 Pontos)

F2 (esmagamento), H3, R3, A2, PdF2 (fogo); 25PVs, 15PMs

Ataque Especial Amplo e Perto da Morte, PdF (1 Ponto)
O Rubro Negro pode, quando estiver com seus Pontos de Vida reduzidos a um número igual a sua Resistência, disparar uma rajada de energia em todos os adversários dentro de uma área em sua volta.

Regeneração (3 Pontos)

Rubro Negro é muito difícil de se derrotar. Ele é portador de um poder de cura que faz a diferença, recuperando 1 Ponto de Vida por turno.


Código de Honra dos Heróis e Combate (-2 Pontos)

Como um bom super-herói, ele cumpre sua palavra, sempre protege qualquer pessoa mais fraca que ele e jamais recusa a um pedido de socorro. Além disso, ele jamais ataca um adversário indefeso, ou em desvantagem numérica.


Má Fama (-1 Ponto)

Apesar de herói, ele é infame. A mídia, a sociedade burguesa o acusa de ser um arruaceiro, baderneiro e ameaça bastante perigosa, graças a seus atos de vigilantismo.


Protegida Indefesa (-1 Ponto)

Arthur é apaixonado por Sofia, sua colega na universidade e como ela é rica, possui alguns rivais em potencial da família. Arthur, como Rubro Negro, não poupará esforços para deixá-la em segurança.

Guia de Episódios da Segunda Temporada


EM BREVE, a segunda temporada das aventuras do vigilante mascarado, o Rubro Negro em seu novo uniforme!


14 - Os Quatro Sinistros: Parte 1

15 - Os Quatro Sinistros: Parte 2

16 - Baía de Guanabara

17 - O Conselho: Parte 1

18 - O Conselho: Parte 2

19 - O Lança-Chamas: Parte 1

20 - O Lança-Chamas: Parte 2

21 - O Super Rubro Negro.

22 - O Caçador de Aberrações

23 - Super Nova

24 - O Amuleto de Heródoto.

25 - Devastação dos Tempos.

26 - O Grito da Juventude.

27 - O Velho Rubro Negro.

domingo, 8 de agosto de 2010

Dossiê dos Vilões


Triminator


Mercenário mistarioso que ainda não retirou sua máscara para mostrar quem é seu verdadeiro alter ego. Conhecido por gostar de dinheiro além do considerado normal, ele é bastante mesquinho, ambicioso e tem gosto afetado pelo requinte e luxo.


Rubro Negro detestou este vilão em especial que usou termos como "favelado" ou "pobreza" como sinônimos de coisas ruins e execráveis. Triminator é um vilão burguês que não entende de lealdade. Trai seu empregador com a mesma facilidade que respira, bastando ver dinheiro.


Como adversário, Triminator deu bastante trabalho ao Rubro Negro. Ele não tem poderes sobre-humanos, mas seus equipamentos lhe garante bastante capacidade competitiva. Cinto de campo de força para evitar danos, luvas que lhe dão super-força, capacete protetor com visão noturna, além da mochila voadora e a pistola super-tecnológica. Após sua derrota, Rubro Negro nunca mais ouviu falar dele. Até agora.

domingo, 1 de agosto de 2010

Dossiê dos Vilões


Cruz de Malta


Ronaldo é um jovem universitário que arruma trabalhos temporários para poder se sustentar. Era membro de uma gangue de baderneiros que vestinham cores brancas e pretas e tinham a cruz de malta como símbolo maior. Essa gangue era rival da gangue em que Arthur participou e ambos inclusive já brigaram.

Depois que Arthur largou a gangue e se tornou o Rubro Negro, Ronaldo também diminuiu suas participações em sua gangue, preocupado mais em estudar e trabalhar. No entanto, Ronaldo colocou em sua cabeça que Rubro Negro o perseguia e dava um jeito de arruinar sua vida. Então, ele se meteu com gente que não devia, aceitando equipamento de Francisco Heiner para capturar ou matar o Rubro Negro, na época que ele usou o uniforme branco.

Depois de fracassar, Ronaldo se tornou alguém movido pelo ódio e seguiu seu rival até uma favela onde Ricardinho, o traficante, se reunia. Ele acabou recebendo uma dosagem de uma fórmula que alterava o DNA, tal como alterou o DNA de Arthur lhe garantindo poderes. Ronaldo ganhou os mesmos poderes e decidiu que os usaria com o único intuito de matar Rubro Negro.

Vestiu sua camisa de gangue e colocou uma máscara. Com a alcunha de Cruz de Malta, ele descobriu que Arthur era o Rubro Negro e tornou sua vida um inferno por poucos dias. No final, Rubro Negro o derrotou num duelo no Aeroporto Santos Dumont.

Aparentemente, Ronaldo perdeu sua memória do ocorrido e constava preso. O que acontecerá?

sábado, 31 de julho de 2010

Ficha de Mutantes e Malfeitores Atualizada

Rubro Negro

Nível de Poder: 8 (120 pp)

Atributos: FOR 24/10, DES 24/10, CON 24/10, INT 12, SAB 10, CAR 12.

Salvamentos: Resistência +7 (+4 impenetrável), Fortitude +7, Reflexos +8, Vontade +4

Perícias: Acrobacia 2 (+9), Arte da Fuga 2 (+9), Blefar 4 (+5), Conhecimento [História] 2 (+3), Furtividade 4 (+11), Idiomas [inglês, base: português], Intimidar 2 (+3), Intuir Intenção 2 (+2), Notar 4 (+4), Obter Informação 4 (+5), Procurar 4 (+5), Profissão [professor] 1 (+1)

Feitos: Ação em Movimento, Ataque Dominó 2, Ataque Imprudente, Ataque Poderoso, Blefe Acrobático, Evasão.

Poderes:
Velocidade 1 (30m)

Força Ampliada 14 (Feito de Poder: Foco em Ataque [corpo-a-corpo] 5)
Destreza Ampliada 14 (Feito de Poder: Foco em Esquiva 5)
Constituição Ampliada 14

Raio de Plasma 10 (Feito de Poder: Acurado, Falha: ação completa)
Poder Alternativo: Raio de Plasma 10 (Extra: Área Estouro, Falha: ação completa, cansativo)

Resistência Impenetrável 4
Regeneração 11 (machucado 2 [ação padrão], ferido 3 [minuto], abatido 2 [cinco minutos], desabilitado 4 [cinco minutos])

Combate: ataque +4, defesa +4; agarrar +11; Desarmado (ataque +9, dano 22), raio de plasma (ataque +6, dano 25), Defesa 19 (12 surpreso), Iniciativa +7, Deslocamento 30m.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Rubro Negro #13 - Episódio Final - O Dia do Copiador


No aeroporto Santos Dumont, à noite, um avião chegava trazendo um passageiro singular. Cabelos curtos, raspados, olhos castanhos, barba rala. Traços árabes. Vestia camisa branca de botão e um casaco marrom por cima. Obviamente não estava preparado para o calor do Rio de Janeiro. Assim que desembarcou, foi surpreendido por uma mulher armada e outros homens. Todos vestiam roupas militares, mas com traços diferentes. As pessoas se assustaram e abriram caminho.
- Parado aí. Não tente nenhuma gracinha. – a mulher apontou seu fuzil para o árabe. Os outros mostraram suas armas apontadas. Ninguém entendia nada. Então, o homem sorriu e apertou um botão em sua mala. Um projétil metálico de 30 centímetros foi disparado e atingiu o chão em volta daqueles homens armados. Uma grande fumaça os deixou surpreendidos.
- Não deixem ele escapar! – gritava a mulher, em vão.
Correndo, o árabe subiu as escadas. Aproveitou a fumaça que se espalhava para sua furtividade. Subitamente, aparência se modificou. Ele não era mais um árabe, mas um homem de pele negra e cabelo raspado com roupas de taxista. Desceu pelas escadas pelo outro lado do aeroporto e foi até um táxi. O abriu e deu partida, sob protestos do dono que estava vendo a confusão dentro do aeroporto.
- Ele não foi muito longe. Chame o furgão. – a mulher disparava ordens ao seu comunicador portátil preso à cabeça, um ponto no ouvido e um microfone.

Rubro Negro estava na Avenida Presidente Vargas, seu local favorito para patrulhar. Sempre tinha um grupo de palhaços que insistiam em assaltar por ali ou uns policiais que vendiam drogas. Entretanto, ele viu um táxi desgovernado e perseguido por um furgão negro e sem identificações.
- Isso vai dar merda.
Rubro Negro correu pela rua e cortou por um atalho. Viu o táxi passar à sua frente e se jogou no teto. O motorista se assustou e quase perdeu o controle do carro e acabou dobrando na Avenida Trinta e Um de Março em direção ao Sambódromo.
- O carnaval é só ano que vem. Diminui aí! – disse Rubro Negro, mostrando sua cara pela janela do carona. Antes que o motorista pudesse responder, os homens no furgão logo atrás surgiram das janelas com fuzis. Atiraram pelo carro inteiro. Rubro Negro foi atingido no braço, mas ignorando sua dor, pegou o motorista pela gola da camisa e com um puxão, o tirou do táxi. Ele saltou para a rua usando sua força para controlar a queda e cair de costas para proteger o motorista. O carro continuou seu percurso e bateu numa loja fechada. Havia uma pequena multidão se aglomerando em volta dos dois. O furgão dobrou a esquina, aparentemente indo embora.
- Tu tá bem, cara? – Rubro Negro se erguia do chão colocando as mãos nas costas raladas. As pessoas à volta se dividiam entre vaiar e aplaudir o vigilante mascarado.
O homem saiu entre a multidão correndo e atravessou a rua sem dar nenhuma explicação. Rubro Negro tentou segui-lo, mas o perdeu de vista.
“Como ele pôde ter corrido tão rápido assim? E quem eram aqueles que o perseguiam?” Com essas dúvidas na cabeça, Rubro Negro encerrou suas atividades naquela noite.

No dia seguinte, Arthur saía de sua aula no Fundão já sonhando com o retorno das obras do IFCS quando viu Sofia lendo um livro, sentada enquanto bebia um refrigerante. Ele se sentou ao lado dela com um sorriso largo.
- Bom dia, mocinha. – tentava ser agradável, sabendo que ela ainda estava brava com ele.
- Oi. – Disse ela, seco.
- Sei que tu tá irritada comigo, mas...
- Não tô nada. Não me importo. – séria a cada palavra. Arthur engoliu seco.
- Olha, eu sei que fiz besteira e...
- Se sabe, então por que está aqui falando comigo? – ela virou o rosto para ele, irritada.
- Porque eu quero consertar as coisas. Mas existem certas coisas que não posso falar e...
- Então, nem perca seu tempo. – Sofia se levantou decidida e saiu pisando firme. Pegou seu carro mini-coopper esverdeado e foi embora. Arthur deu um tapa na própria testa.

À tarde, Arthur saiu do Fundão e se dirigiu para a Biblioteca Nacional por sua leitura em dia. Sentia bastante preguiça naquele meio de período na faculdade, mas não podia bobear, pois as provas estavam chegando. Passou por uma loja onde vendiam televisões de alta tecnologia e acabou vendo a notícia de que os líderes da América Latina se reuniriam naquela noite num grande evento social. No dia seguinte, os líderes do Mercosul iriam se reunir na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro.
“Que beleza, heim. Presidentes vão falar um monte de baboseiras inúteis. Nunca irão pensar nas questões populares mesmo. Vão decidir quais melhores meios de seus mercados evoluírem...”
Nesses pensamentos, Arthur entrou na Biblioteca. Á noite, vestiu seu traje de Rubro Negro e subiu no alto do prédio da Embratel. Foi então que ouviu um barulho de motor se aproximando do céu. Olhou e viu um homem trajando uma armadura azulada que cobria todo seu corpo com asas metálicas que pareciam de um jato. Ele pousou há poucos metros de Rubro Negro. Seu capacete parecia de um piloto de caça.
- Saudações, Rubro Negro. – dizia uma voz abafada por meios eletrônicos. Antes que ele falasse alguma coisa, o homem continuou.
- Eu sou Alpha Azul, membro da Ação Secreta de Proteção, a ASP. Tenho um assunto para tratar com você, o vigilante do Rio de Janeiro.
- Nossa, desde quando agências secretas vêem falar comigo assim? E desde quando alguém acha que eu não sou um bandido? – Rubro Negro estava desconfiado. Naquele ano ele havia enfrentado tantos homens trajando roupas diferentes com habilidades diferentes, mas que tinham algo em comum: eram loucos ou criminosos.
- Entendo sua desconfiança. A mídia e uma parcela da população não gostam de você. Mas nós monitoramos suas ações desde o seu início, ano passado. Não usamos os jornais para fazer juízo de seu caráter. Sabemos que tem boas intenções. – Rubro Negro ficou sem palavras, desviando o olhar, mas agora por timidez.
- Continuando. Como você deve estar sabendo, os líderes do Mercosul irão se reunir amanhã de manhã para selar acordos que serão de benefício para seus países. Inclusive o Brasil. Daí nós entramos.
- Espera aí. Vocês são de uma agência brasileira? Difícil acreditar...
- Nós somos internacionais, agimos em todos os países e eu sou o representante brasileiro. Nossa jurisdição é global. Mas intervimos onde há ação de super-seres e outros assuntos sobrenaturais. No Rio de Janeiro, nós não intervimos porque acreditamos que você e outros estão fazendo bem o serviço de manter a vida social dentro da normalidade.
- Outros? Existem outros malucos como eu com máscaras e super poderes?
- Isso não é importante. O que importa é que hoje nós precisamos de sua ajuda. Chegou ao aeroporto hoje de manhã um homem com um grande poder sobrenatural. Ele é conhecido pelo submundo internacional como o Copiador. Seu poder é de copiar super-poderes. Ele é um mercenário perigoso e quer dar um fim à vida dos presidentes latino-americanos.
- E como eu posso ajudar nisso, afinal?
- Ele deve estar nessa reunião social hoje a noite e tentará fazer alguma coisa. Nossos equipamentos se demonstraram ineficazes em detectar sua presença. Ele é invisível às máquinas, por isso precisamos que você o vigie o prédio em que acontecerá o evento.
- E se eu o vir? Eu salto em cima dele?
- Não faça nada, apenas nos chame.
- E onde você estará?
Alpha Azul ficou uns segundos em silêncio antes de responder.
- Segredo. – mais irônico impossível.
Rubro Negro recebeu um botão que prendeu no peito. Bastava apertar que ligaria um sinal e chamaria Alpha Azul. Ele ainda pediu uma carona para voar até o Copacabana Palace Hotel, onde estavam os líderes do Mercosul, mas Alpha Azul disse que era melhor manter a furtividade e que ele chamava muita atenção voando.
Dando de ombros, Rubro Negro foi correndo mesmo.

As horas se passavam e Rubro Negro ficou absorvendo as informações que recebeu de Alpha Azul. “Então, quer dizer que existem outros super-seres além dos que eu já combati? Esse mundo está cada vez mais louco. E quem serão esses caras com super-poderes que também são heróis? Como conseguem se manter no anonimato nesses dias.” Pegou um jornal velho e viu sua foto, a luta contra o Cruz de Malta, meses atrás. A manchete não era nada interessante: “Aberrações destroem centro da cidade”.
Súbito, ele viu em cima de um prédio da Avenida Nossa Senhora de Copacabana, um homem trajando roupas negras, jaqueta de couro negra e uma máscara que ocultava o rosto inteiro e também negra com óculos escuros. Ele deu um super-salto e pousou no terraço do Copacabana Palace. Rubro Negro apertou o botão em seu peito. Ele piscou por alguns segundos e depois apagou.
- E agora? – quando voltou os olhos para o terraço, ele não estava mais lá. – Merda!
Rubro Negro pegou distância do prédio onde estava, sobre a Churrascaria Palace, e saltou para o terraço. Quase caiu na rua, mas conseguiu agarrar-se no alambrado. Subiu e correu para a porta de que desceria com escadas até os andares do hotel. Entretanto, ao abrir a porta, deu de cara com o homem de negro mascarado.
- Peguei você – disse o Copiador.
Com um soco no estômago, Rubro Negro cuspiu sangue. Dobrou-se para frente, sentindo dores incríveis. De relance, viu seu adversário com as mãos feitas de pedra.
- Deve ser muito difícil ir ao manicure, não é, sua bicha?
- Idiota.
Copiador ergueu as mãos e apontou para o Rubro Negro. Disparou uma rajada de energia de plasma, idêntica ao de Rubro Negro. Atingido, ele foi jogado para trás, caindo no chão.
O Copiador correu para cima do herói mascarado e desferiu um chute visando sua cabeça. Entretanto, Rubro Negro desviou e deu um soco no queixo, aproveitando o movimento para erguer-se do chão.
- Seus poderes são meus poderes agora. Raio de plasma, não é? Interessante. O que mais você tem?
Antes que o Copiador e Rubro Negro continuassem a lutar, a porta se abriu atrás deles. Era uma mulher e outros homens vestindo roupas de gala e portando armas avançadas. Certamente eram agentes infiltrados. A saraivada de tiros atingiu a ambos. Rubro Negro e Copiador rolaram para direções opostas do terraço.
- Ei, um pouco de cuidado aqui, heim!
- Dois alvos atingidos, mas precisamos de reforços. São muito poderosos. – A mulher soltava ordens pelo rádio-comunicador. Rubro Negro não entendeu nada. Ele era um alvo também? Não estava ajudando aquela agência secreta?
Antes que se pudesse fazer algo, o Copiador disparou uma rajada de plasma que destruiu uma caixa d’água. Todos foram, então, banhados e arrastados pela forte correnteza. Copiador apenas saltou para outro prédio, sem dificuldades. Rubro Negro se levantava, já preparando uma corrida para saltar e iniciar a perseguição, quando fora atacado pelos homens. Eles usaram algemas que nem mesmo Rubro Negro conseguiu arrebentar.
- Você está preso, Rubro Negro. – a mulher apontava uma arma em sua cabeça, enquanto os homens o mantinham de joelhos.
- Está acontecendo um engano aqui. O Alpha Azul me pediu ajuda e...
- Ele fez o que? – a mulher pegou o botão de sua camisa, com o símbolo da ASP.
Antes que a situação se agravasse, eles ouviram um motor de jato. Alpha Azul pousou ao lado deles. A mulher andou determinada até ele com semblante feroz.
- Você deu o botão rastreador para Rubro Negro? Não sabe que são contra as ordens? – ela apontou o dedo, ofensiva.
- Acalme-se, tenente Maria Nascimento. Rubro Negro é confiável.
- Rubro Negro pode não ser ameaça, mas ele não pode se envolver nos assuntos da ASP. Não foram essas as ordens que tivemos.
- Eu sei disso. Mesmo assim, o Copiador é muito perigoso para nós sozinhos. Rubro Negro será de grande ajuda.
- Alpha Azul, eu entendo que não concorde com algumas ordens da alta cúpula, mas precisamos obedecer para que haja coerência em nossas ações. Se seguirmos nossas ideias e rebelarmos contra a hierarquia, viveremos em anarquia.
- Eu posso falar? – Rubro Negro mostrava um sorriso amarelo para eles, ainda ajoelhado e algemado. – O Copiador fugiu. Se não tivessem me prendido, eu poderia tê-lo alcançado. – Todos olharam para ele. Ele sorriu de volta. Era verdade.

Madrugada, Arthur não deu as caras em casa, mas avisou aos pais que dormiria na casa de um amigo. Na verdade, ele estava como Rubro Negro e em uma nave planando acima das nuvens do Rio de Janeiro. Era a sede da ASP. Era uma nave tão grande que poderiam caber muitos jatos. A tecnologia do local era espantosa.
Estava ele, Alpha Azul, tenente Maria e um monitor com a imagem de vários chefes da agência. Eles falavam cada um em seu idioma e um tradutor comunicava à Rubro Negro. Depois de horas, ficou resolvido que Alpha Azul seria punido por ter recorrido ao Rubro Negro para uma missão secreta.
- Eles são conservadores demais. Burocratas, não querem dividir a informação e o conhecimento para heróis vigilantes como você. Nessa luta, quanto mais nos unirmos, melhor. – dizia Alpha Azul quando lhe retiravam a armadura.
- Eu sou Rogério Platz. Prazer. – estendeu a mão e Rubro Negro cumprimentou. Ele era um homem magro, alto, com cabelos negros, lisos e bem cortados. Tinha um nariz fino, cumprido e olhos castanhos.
- Rubro Negro. – sorriu o vigilante mascarado em resposta.
- Nos encontraremos em breve. Aguarde.
Rubro Negro deu de ombros e foi solto, às cinco da manhã, na Praia do Flamengo. De lá, ele se dirigiu para casa, pensando em uma desculpa para não dormir na casa de um amigo e voltar naquela hora para casa. Quando parou de repente.
“O que eu tô fazendo? Um bando de engravatados que se acham donos do mundo me mandaram ir pra casa e eu tô obedecendo? Ora, Rubro Negro, que vergonha de você. O mundo pode ser a jurisprudência deles, mas no Rio de Janeiro quem vigia sou eu.”
Sendo assim, ele deu meia volta e correu para a Assembléia Legislativa.

A imprensa estava toda lá, tirando suas fotos nas escadarias da Assembléia. A polícia comum estava nas cercanias do bairro e a polícia especial estava cuidando do perímetro do prédio. A Assembléia Legislativa recebeu, em carros-chefes cumpridos como limusines, os presidentes latino-americanos.
Assim que todos entraram e se postaram em seus lugares para o início da reunião daqueles líderes, Rubro Negro surgiu do nada, como se sempre estivesse ali presente. Todos olharam assustados para ele.
- Morram.
Entretanto, antes que ele fizesse alguma coisa, a tenente Maria e outros homens da ASP à paisana pularam sobre ele com as algemas. Rubro Negro usou sua super-agilidade para se desvencilhar de seus agressores e os jogou para todos os lados. A policia especial do Rio de Janeiro entrou em ação e atirou, enquanto os presidentes eram protegidos por seus seguranças. O caos estava instaurado na Assembléia Legislativa. Ninguém era páreo para o Rubro Negro.
Exceto o verdadeiro.
Rubro Negro destruiu o teto do prédio da Assembléia com sua rajada de plasma. Desceu com as duas mãos unidas desferindo um grande soco na cabeça de Copiador que estava com seus poderes.
- Tu deve ter baixa auto-estima para ter que imitar o inigualável Rubro Negro! – aproveitando o momento atordoado de Copiador, Rubro Negro desferiu um chute nas suas costelas e um soco em seu rosto.
Ninguém entendia nada. Dois Rubros Negros? Quem era o verdadeiro? A tenente Maria fez o sinal para não atirarem, concentrou seus esforços na retirada das pessoas daquele lugar. A polícia especial não sabia do envolvimento de outra entidade, mas receberam ordens de seu alto escalão para se retirarem também.
Rubro Negro recebeu um soco no pescoço de sua sósia. Afastou-se um pouco, tossindo. Antes que se recuperasse, Copiador desferiu uma rajada de plasma. Como reação, Rubro Negro disparou também. O choque das duas energias destruiu as cadeiras em que os políticos se sentavam para aprovar leis. As energias se mantinham constantes, com ambos os lutadores concentrados nelas.
- Nenhuma cópia é melhor que o original. – Rubro Negro, entre dentes rangidos, usou toda sua força e descarregou uma carga de plasma maior e sobrepujou o poder copiado do Copiador. Ele foi atingido e jogado contra a parede onde perdeu a consciência. Antes que ele pudesse usar a regeneração de Rubro Negro, tenente Maria e seus comandados surgiram para usar as algemas especiais.
- Não tem nenhuma dessas pra mim não?
- Fique na sua, ou sobra pra você.

Horas depois, Rubro Negro tirou sua máscara em casa, pois havia desistido da aula e dos estudos da tarde. Iria dormir um pouco. Viu que sua mãe e seu pai viam as notícias de última hora: “Rubro Negro faz atentado terrorista na Assembléia Legislativa no encontro do Mercosul”. As coisas voltavam ao normal.
Depois dessa, decidiu que era hora de lavar seu uniforme, todo sujo. Mexendo nele, encontrou um botão preso na bota. Era da ASP. Arthur lembrou das palavras de Alpha Azul e deu um sorriso.

FIM DA PRIMEIRA TEMPORADA.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Rubro Negro #12 - Triminator: Parte 2


Rubro Negro erguia-se olhando rapidamente a sua volta e viu que aquele andar não iria agüentar nenhum minuto. As estruturas foram bastante abaladas pelos raios lasers de Triminator. Desesperado, correu o máximo que pôde até o outro lado do andar, até uma janela onde se jogou no exato segundo que o andar desabava.
Caindo no chão com violência de uma altura de quase dez metros, ele rolou até o meio da rua. Carros desviaram e outros bateram entre si. Rubro Negro sentia suas pernas bambas. Triminator contornou o prédio e riu da desgraça do vigilante mascarado. Apontou novamente com sua arma e disparou vários tiros. Rubro Negro superou o cansaço e correu desviando de ambos. Os tiros rasparam em sua roupa. Saltou rapidamente sobre um caminhão de lixo, procurando se esconder. O sol aparecia com seus primeiros raios naquele momento.
- Você é a escória, Rubro Negro. Acha que pode se esconder no seu habitat natural?
Atirou no caminhão de lixo, acertando o tanque de gasolina. Explodiu em mil pedaços. Rubro Negro era arremessado violentamente sobre um carro, quebrando alguns ossos. Ele se jogou no chão e se arrastou para debaixo do automóvel.
- Isso mesmo! Rasteje, Rubro Negro! E morra!
Com vários tiros, Triminator explodiu o carro. Nesse momento a fumaça cinza subia os céus. Será o fim?

Um pouco antes do almoço, Francisco Heiner comia sobre sua mesa do escritório. Preocupado, só conseguia pensar se seu filho estava bem, se fizera certo em fazer um novo acordo com o Triminator.
- Francisco Heiner. O que está acontecendo? – era Rubro Negro.
- O que? Você não pode ir entrando assim...
Rubro Negro segurou o empresário pelo colarinho e o ergueu do chão.
- Não tô aqui pra brincadeira, Heiner. Por que aquele Triminator raptou seu filho? Ele é seu inimigo? Ele roubou seus equipamentos? E não tente me enganar que eu sei que tu fabrica essas porcarias pois já armou uma gangue para me caçar.
Sem muita escolha e vendo que Rubro Negro já sabia de muita coisa, por isso não tinha como esconder muita coisa. Ele decidiu contar meias verdades.
- Eu paguei bastante para ele, por isso meia-noite de hoje ele me trará de volta meu filho.
Rubro Negro arregalou os olhos, surpreso. Muita sujeira entre esses dois. E, pra variar, Rubro Negro foi jogado no meio disso tudo. Ele se sentiu muito incomodado, uma marionete. Quando iria voltar a resolver os pequenos casos?
- E tu confiou no Triminator?
- Não tive escolhas.
- Então meia-noite eu estarei aqui para averiguar se saiu tudo como deveria.
Rubro Negro foi embora logo em seguida.

Na aula, Arthur bocejava enquanto coçava seus olhos que tinham grandes olheiras. Larissa sentou-se ao seu lado.
- Que cara de quem não dormiu. Farreou muito ontem?
- Um pouco. Mas tu não soube de nada? Um bandido seqüestrou um playboy na chopada.
- Verdade? Que coisa. Ainda bem que não gosto de chopadas. E você deveria estudar mais ou o professor Cardoso vai encrencar pro teu lado.
- Nem me fale – Arthur lembrou que tinha leituras para a bolsa de estudos atrasadas. Bocejou mais uma vez e percebeu que não conseguia parar de pensar na ação que teria meia-noite. Precisaria dormir agora para ter energias de noite.
Depois da aula, ao invés de ir para a Biblioteca Nacional, ele foi para casa. Deitou sobre sua cama e apagou.

Na Barra da Tijuca, onde o deputado Aloísio Mendonça morava, havia uma reunião entre ele e Triminator. Estavam numa sala fechada, blindada e cheia de seguranças fortemente armados. Aloísio Mendonça não confiava em Triminator. Mas também, não podia.
- Então, você acha que Francisco Heiner irá vender sua empresa para mim? – Aloísio estava com seu melhor terno naquela noite. Estava preparado para anunciar imediatamente a compra da empresa e seus novos rumos.
- Acho que ele venderá sua empresa sim. Mas será para mim. – mostrando todos seus dentes ao sorrir, Triminator sacou sua arma e atirou no ombro do deputado. Este caiu desacordado. Os seguranças começaram o tiroteio. Porém, Triminator era imune àquelas balas. Seu corpo era protegido pelo seu cinto de campo de força que lhe garantia uma resistência sobre-humana.
- Meu turno, rapazes. Morram todos.
Triminator começou a chacina. Atirou para matar, sem ouvir os pedidos de misericórdia que alguns daqueles seguranças emitiu antes de conhecer a própria morte. A sala banhou-se em sangue. Quando se voltou para dar o golpe definitivo para acabar com a vida do deputado, Triminator notou que ele havia sumido.
- Maldito deputado. Mas não importa, depois dou um jeito nele. Hora de tratar de negócios.

O dia passou mais rápido do que se imaginava. Arthur acordou algumas vezes para comer alguma coisa e até tentou estudar. Porém, sua cabeça estava em Triminator e Francisco Heiner. Recebeu uma ligação de Sofia. Atendeu, mas receoso.
- Onde você esteve? Sumiu novamente?
- É que eu tive que... voltar pra casa.
- O que? E me deixou sozinha lá na chopada depois que aquele homem voador apareceu?
- Foi urgente. Meus pais ligaram e eu tive que voltar.
- E nem se despediu? Você está mentindo, Arthur. É a segunda vez que isso acontece. Espero que você me conte a verdade.
- Mas eu tô – engoliu seco – falando a verdade.
- Se é assim que prefere, tudo bem. – desligou.
“Puta que pariu, cara. Só me fodo nessa merda. Ser Rubro Negro acaba com minha vida social. Como sempre!”
Assim, a noite chegou.

Francisco Heiner estava em sua empresa. Gostava de ser o primeiro a entrar e o último a sair. Mas naquela noite em especial, aguardava um desfecho favorável. Rubro Negro talvez tivesse razão e talvez não tivesse sido uma boa idéia confiar em Triminator. E agora?
O telefone tocou o tirando de seus pensamentos sombrios. Era Triminator.
- Senhor Heiner?
- Triminator, o que aconteceu?
- Aconteceu que as coisas não seguiram seu rumo. Eu quero que venda sua empresa para mim.
Francisco Heiner ouviu a risada pelo telefone enquanto começava a suar e a pensar em todos os xingamentos possíveis.
- O que você fez, seu pilantra!?
- Eu acabei com seu rivalzinho. E agora tenho seu filho sob minha custódia. Quero que me venda sua empresa, como faria para o deputado.
- Não! Você é um...
- Excelente homem de negócios. Fale a verdade. – riu – tu tem até o meio dia de amanhã para me pagar. O que te dá umas dezesseis horas. Se não transferir os valores de sua empresa para este número que te passarei por fax, pode dar adeus a teu filho.
Desligou o telefone. Francisco Heiner era um homem de negócios, um grande empresário bem sucedido. Mas naquele momento, era um homem acabado. Choraria bastante se não recebesse uma visita inesperada naquele exato momento.
- Parece que estamos no mesmo barco, Francisco. – era ninguém menos que o deputado Aloísio Mendonça, com uma tipóia no braço.
- Aloísio? Como você...
- Pela porta da frente. As pessoas da sua empresa não me odeiam como você. O que me leva à seguinte pergunta: por que quis me matar?
Francisco abaixou a cabeça. Não tinha mais nada a perder. Nada mais importava.
- Você tinha um projeto de lei que iria prejudicar minha empresa. Além do mais, você sabe do meu envolvimento com...
- Ricardinho, o traficante. Eu sei. E agora vejo que seus motivos são mesmo coerentes. No teu lugar, faria o mesmo. – mostrou um sorriso cínico.
- Mas agora nada mais importa. Triminator terá minha empresa e poderá me extorquir para sempre porque tem meu filho sob seu poder. E eu não posso recorrer a polícia sem me arruinar totalmente.
- Não se desespere tão cedo, Heiner. Vamos nos unir. É nossa chance de acabar com dois dos nossos inimigos.
- Dois?
- Sim, meu caro. Rubro Negro e Triminator. Duas aberrações em uniformes coloridos. Mascarados que se julgam acima da lei. Eles se merecem. Merecem se matar.
Francisco raciocinou e deu um soco na mesa com um sorriso nervoso no rosto.
- Isso! Essa é minha chance! Rubro Negro irá salvar meu filho, porque é isso o que ele faz. Triminator e ele podem se matar depois disso!
Assim, Francisco Heiner sorriu e olhou o relógio. Estava esperando dar meia-noite.

Rubro Negro subiu as escadas de emergência do prédio vizinho ao da empresa de Heiner. Olhou para a janela onde ficava o escritório do empresário. Viu que ele estava sozinho, sentado em frente ao seu computador. Não visualizava sua expressão. Era meia noite e nenhum sinal de Triminator ou do filho dele. Era hora de agir.
Saltando, aterrissou rolando sobre o terraço. Depois desceu pelas escadas de emergência e arrombou a porta de Francisco Heiner.
- Vejo que eu estava certo. Triminator te traiu novamente.
- Você estava certo mesmo, Rubro Negro. Mas eu sei onde ele está agora. Por favor, salve meu filho.
- Não se humilhe. Já é suficientemente revoltante ajudar gente inescrupulosa como você. Mas saiba que tô fazendo isso pelo teu filho playboyzinho. – parou um momento para pensar – que merda, tô ajudando um futuro canalha. Mas enfim... Diga-me onde está Triminator?
- Favela do Humaitá. Esse é o endereço. – escreveu num pedaço de papel.

Rubro Negro corria pelas ruas naquela madrugada.
“Tenho mil coisas pra fazer pra faculdade, estudar para a bolsa e ainda ser o herói de uma família de burguesinhos. Por que eu tô fazendo isso mesmo? Que saco”.
Chegando à Rua do Humaitá, viu o morro onde havia várias casas e alguns barracos. Detestava Triminator ainda mais. Ele levou um jovem rico para a favela corroborando com a má fama que os moradores já têm. A idéia que “favelado” é bandido. Triminator pagaria com uma surra.
Indo ao endereço, o vigilante encontrou uma casa sobre o morro, feita de madeira. Ouviu alguém falando em voz alta sobre dinheiro, fama e personalidades da televisão. Definitivamente era a voz de Triminator.
Furtivamente, Rubro Negro se aproximou e se aproveitou das sombras daquela madrugada. Chegou perto da porta e pôs o olho no buraco da fechadura. Viu Maurício Heiner sentado no chão amarrado nas mãos e pernas, ao lado de um colchão e um prato com restos de comida. Triminator estava de costas para a porta, de frente para Maurício. O jovem estudante estava com olheiras profundas, uma cara de abatimento terrível. Triminator conversava como se fosse um amigo, falava amenidades.
“Filho da puta! É um mercenário amante do luxo. Quer se achar no nível do burguesinho ali. Tem maluco pra tudo mesmo.” Com um chute, Rubro Negro despedaçou a porta.
- Triminator, seu desgraçado! Prepare-se para levar uma surra que teu pai deveria ter dado!
- Rubro Negro! Como me encontrou aqui?
- Como te encontrei? Oras, eu sou foda!
Disparou um raio de plasma em seguida. A energia vermelha iluminou todo o quarto e Maurício fechou os olhos, recuando para um canto. Estava totalmente aterrorizado. Triminator estava no chão, colocando a mão sobre sua máscara, ajeitando os óculos grenás.
- Não importa, você é ralé e não vai vencer um homem sofisticado como eu.
Triminator pegou sua pistola e quando virou seu corpo para apontar e atirar, viu apenas a sola da bota de Rubro Negro voando e acertando seu queixo. Quebrou a parede de madeira do barraco e rolou para longe. O mercenário sentia seu nariz formigar e um filete de sangue escorrer. Parecia quebrado.
- Miserável! Você vai pagar!
Rubro Negro corria para sua direção para tentar golpear mais, mas Triminator conseguiu atirar com sua pistola laser. O herói mascarado teve que saltar para trás para desviar. Olhando para o lado, viu o jovem Maurício se debatendo, querendo se arrastar dali. Resolveu ajudá-lo primeiro.
- Calma, garoto. Vim te salvar aqui. – desamarrou suas mãos e pernas.
Maurício, sem falar nada, encarou Rubro Negro com terror nos olhos. Vendo que o vigilante mascarado nada fazia, o empurrou para o lado e levantou-se. Correu desesperadamente pela porta da frente.
- De nada, seu burguesinho mau agradecido!
Rubro Negro sentiu um golpe nas costas. Era Triminator desferindo um chute surpresa.
- Ele sabe diferenciar o certo e o errado, patife. Ele não é da sua laia.
- Triminator, por favor. Cale a boca!
Rubro Negro girou o braço e desferiu um soco cruzado. Triminator cuspiu sangue pela boca. Aproveitando o desequilíbrio que o soco provocou, o herói mascarado deu outro cruzado, mas com a outra mão. Triminator se virou totalmente para o outro lado com seus óculos grená trincados. Então, o mercenário ergueu as duas mãos espalmadas para frente.
- Por favor, não me bata mais. Não sou super-resistente como você, estou sofrendo! – choramingou Triminator.
Diante disso, Rubro Negro titubeou.
- Covarde de merda. Tu vai pra cadeia. – usou suas mãos para segurar os ombros de Triminator. Dessa vez, Rubro Negro foi inocente.
- Idiota!
Com um movimento rápido e surpreendente, Triminator se desvencilhou das mãos de Rubro Negro. Pegou sua pistola e mudou para a opção de paralisar e atingiu o herói mascarado. Antes que pudesse soltar um palavrão, Triminator o segurou pelo braço e ligou os motores do jato em suas costas.
- Agora você vai sofrer como nunca, Rubro Negro.
Ambos decolaram, destruindo o teto do barracão. Voaram até o céu escuro da madrugada carioca. Voaram para a Lagoa Rodrigo de Freitas. Rubro Negro sentia seus músculos duros, paralisados. Aquela pistola o impressionava.
Triminator ergueu com seu braço esquerdo o Rubro Negro pelo braço.
- Adivinha só. Meu cinto me dá uma boa proteção e também super-força. Sabia disso? Melhorias de Francisco Heiner.
Desferiu um soco no rosto de Rubro Negro com a outra mão.
- Fraco. Bate que nem homem! – Rubro Negro mostrou um sorriso cínico.
Triminator ficou irritado e desferiu vários socos no rosto do herói mascarado. Cada golpe era muito duro e forte, fazia Rubro Negro sentir bastante. Seu nariz quebrou e seu olho direito ficou roxo. Outras escoriações foram lapidando o rosto do vigilante. Até que Triminator viu sua mão encharcada de sangue.
- Eca!
- Triminator, quando essa paralisia passar, você não terá perdão. Não adiantará choramingar por nada nesse mundo. Eu vou te desfigurar, cara.
- Não se eu te afogar primeiro.
Triminator largou o braço de Rubro Negro. Ele despencou de quase quarenta metros em direção à Lagoa Rodrigo de Freitas. Durante a queda, ele sentiu que podia se movimentar novamente. Não pensou duas vezes: apontou com seus braços para Triminator e atirou sua rajada de plasma com o máximo de energia que conseguia concentrar naquele momento.
O mercenário das três cores recebeu o golpe em cheio e perdeu o controle do jato em suas costas, aparentemente danificado. Perdeu altura e foi caindo na lagoa também.
Minutos depois, Rubro Negro saía da lagoa, encharcado e com o rosto apenas machucado. Seu poder de regeneração estava cuidando de fazer reparos em seu rosto. Ele tirou sua máscara e mirou seu rosto num retrovisor de um carro.
- Melhor que cirurgia plástica.
Recolocando a máscara foi para um ponto onde pudesse observar toda a lagoa. Vigiou até o sol nascer. Triminator estava desaparecido. Teria morrido afogado?

sábado, 17 de julho de 2010

Rubro Negro #11 - Triminator: Parte 1


Em um armazém nas docas do estaleiro no Rio de Janeiro, um homem colocava uma máscara esverdeada. Guardava uma pistola com vários avanços tecnológicos e apertava um botão em um aparelho no cinto que ligava o motor da mochila em suas costas. Assim, ele decolava e voava sobre a cidade.

Arthur e Larissa estavam no Largo de São Francisco de Paula naquele dia. Havia muita gente para um grande momento para os estudantes de humanas da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Por conta de um acordo da prefeitura, do governo federal e de apoio de dinheiro privado, começariam as obras para a reconstrução do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais. Nessa relação público-privado, a maioria dos estudantes engajados politicamente torcia o nariz. Arthur fazia coro com eles.
- Acredita nisso? Dinheiro privado significa interesse privado.
- Você deveria estar feliz, Arthur. Vão reconstruir nosso Instituto, sairemos do Fundão, que não é nosso lugar.
- Mas com certeza esses endinheirados têm interesses. Podem se intrometer na nossa pesquisa. Já não basta a academia estar afastada das questões populares, de estar fechada em si mesma? Agora as coisas tendem a ficar piores.
- Você é muito mal humorado, Arthur. Nada está bom pra você.
E se tornaram piores. O deputado Aloísio Mendonça e o empresário Francisco Heiner eram os responsáveis por tudo aquilo. Coisa boa não poderia ser. Os dois se cumprimentaram com vários fotógrafos e jornalistas presentes.
De repente, todos puderam ouvir sons de motores e turbinas. Olharam para cima e viram alguém voar com uma mochila a jato. Ele possuía uma camisa com listras grenás e verdes na vertical. As mangas cumpridas eram brancas e terminavam nas luvas grenás. Suas calça era colada e verde e suas botas grená. Possuía um sorriso sarcástico no rosto.
As pessoas só começaram a correr depois que o homem voador sacasse sua arma. Parecia uma pistola, mas possuía avanços tecnológicos muito além do que já fora visto. Desespero e aflição. Todos corriam para direções aleatórias. Arthur viu que a polícia iria demorar a agir então, pensou em correr para se trocar.
Porém aquele homem voador atirou no deputado Aloísio Mendonça, errando por pouco. O próximo tiro, não erraria. Arthur viu que não tinha tempo para se trocar. Saltou sobre o deputado e evitou que ele levasse outro tiro. Naquele momento, os jornalistas não se preocuparam em gravar ou tirar fotos daquilo. Era cada um por si. Depois de salvo o deputado, Arthur se preparou para correr para um canto e se trocar. Mas o deputado segurou em seu ombro.
- Obrigado, garoto.
Arthur balançou a cabeça num aceno sem graça.
“Imbecil, nem lembra que eu já salvei sua pele contra o Ciborgue Titânio” relembrou Arthur, da vez em que ele ficou com mais créditos de salvador que o Rubro Negro.
O homem voador atirava nos policiais que apareciam. Aquela arma disparava laser e era bastante poderosa, pois causava uma explosão em cada alvo. Todos os policiais ali morreram na hora com ferimentos horrendos, dignos de página de jornal sanguinolento. Francisco Heiner estava deitado no chão, como outras pessoas, protegendo sua cabeça do tiroteio.
Súbito, o homem voador viu Rubro Negro saltar de um prédio sobre ele. Desviou no exato momento para desviar de um chute com os dois pés do herói mascarado.
- Opa! Errou, Rubro Negro. – disse, em voz zombeteira.
- E quem é você, ô cheio de cor. – Rubro Negro se levantava de seu tombo, preparando sua posição de combate, olhando para cima, vendo as acrobacias de seu adversário. Certamente, ele não era novato naquelas acrobacias.
- Seu uniforme é ridículo, devo dizer. Extremo mau gosto essa combinação de cores... – o voador apontou a arma e atirou várias vezes na direção do herói.
Rubro Negro desviava saltando para os lados, correndo para o campo próximo, tentando fazer com que ninguém se tornasse alvo. Até que foi atingido nas costas e caiu, rolando no chão. O voador se aproximou mostrando uma risada zombeteira.
- Eu sou o Triminator, meu caro. Um sofisticado mercenário. Espero que aproveite seus últimos segundos de vida, pois tirarei sua vida.
- Ah, cale a boca. – Rubro Negro apontou a mão e disparou uma rajada de energia vermelha, poderosa. O ferimento das costas do herói já havia sido regenerado. Triminator, por sua vez, fora atingido e jogado para trás incapaz de continuar voando. Erguendo-se com a mão na cabeça e uma expressão indignada, o vilão apontou sua arma para Rubro Negro.
- Não pense que pode me vencer com esse seu raiozinho de merda, Rubro Negro. Eu tenho este cinto aqui que me garante um campo de força.
O herói mascarado ficou surpreso, já de pé, como seu adversário foi resistente ao seu poder. Será que aquele campo de força era tão eficiente assim? Experimentou o combate corporal. Rubro Negro correu, usando sua super-velocidade, encurtou a distância entre eles e desferiu um chute com os dois pés sobre o peito de Triminator.
O vilão mascarado recebeu o chute fazendo um gemido e dando uns passos para trás. O herói mascarado confirmava que o tal campo de força era muito resistente, pois segurava bem seus poderosos socos.
Triminator não deixou por menos. Ergueu sua arma novamente e atirou raios lasers e causou alguns buracos no peito de Rubro Negro. O herói caiu de joelhos fazendo careta de dor. Triminator, então, chutou a cabeça do herói mascarado, tirando um filete de sangue. Repetiu o golpe e, dessa vez, tirou sangue de seu nariz. Rubro Negro estava atordoado e mal pôde reparar a arma na testa. Seria um tiro fatal, até mesmo para sua regeneração física.
- Sabe o que é pior? Vou sujar minhas mãos com seu sangue imundo e pobre. Você é uma vergonha, sabia? Um homem pobre que veste uma roupa ridícula.
- Triminator, me permite as últimas palavras? – Rubro Negro respirava com dificuldade.
- Sim – Triminator sorria, afetado.
- Vai tomar no meio do seu cu. – Com um golpe rápido na arma, desarmou seu adversário. Rubro Negro se levantou com um soco no queixo de Triminator com a outra mão. Aproveitando o movimento, ele ficou de pé e seu adversário afastou-se alguns passos. Rubro Negro deu-lhe um soco no estômago e outro soco no rosto. Triminator cuspia saliva misturada com sangue.
- Você é um grande merda. – Rubro Negro rangia de raiva e desferiria mais um soco, mas Triminator ligou sua mochila de jato. Voou para trás se afastando. Rubro Negro correu e o agarrou em pleno ar. Ambos levantaram vôo e ganharam grande altitude. Muito alto. Rubro Negro olhava para baixo e sentia vertigem. Percebendo a fraqueza de seu rival, Triminator gargalhou.
- O que foi, Rubro Negro? Medinho de altura? – Triminator desferiu uma cotovelada na cabeça de Rubro Negro.
O herói mascarado ainda segurava, mas Triminator desferia outras cotoveladas e aumentava a altura. Chegou um momento que ele não agüentou e largou. Caiu por muito tempo, imaginando se era capaz de sobreviver a queda.
Caiu e apagou.

Francisco Heiner socava a mesa de seu escritório.
- Você falou, miserável! – berrou.
- Eu tinha tudo sobre controle. Não imaginei que aquele molambo aparecesse. – era o Triminator, o exterminador mercenário.
- Eu te dei equipamento. Deveria ser o suficiente para evitar qualquer obstáculo. Eu quero o deputado Aloísio Mendonça morto!
- Pelo jeito, não foi. Se me pagar mais 50%, mato Aloísio. O preço subiu, claro, por causa do Rubro Negro...
- Você não passa de um verme. Não vou pagar nada. Deixe aqui meus equipamentos e suma da minha vida!
- Não. Eu vou embora e levarei isso comigo como um pagamento por ter enfrentado o Rubro Negro. – Rindo, Triminator voou pela janela e passeou livre pelo céu do Rio de Janeiro.

Arthur acordou no dia seguinte, desligando o despertador. Resmungou bastante por ter dormido apenas por duas horas. Ele lembra de ter acordado de madrugada num terraço de algum prédio do centro. Sentia ainda alguns ossos quebrados naquele momento. Voltou para casa e dormiu até o despertador tocar para avisá-lo de mais um dia na faculdade.
Já na aula, seus ferimentos estavam curados. Ficou o dia todo preocupado, mas recebeu uma única boa notícia: uma chopada para a recepção dos calouros do curso de História.
De noite, ele bebia e conversava com amigos, sempre com uma latinha de cerveja na mão. Viu Sofia em algum lugar e foi conversar com ela. De algum modo, conversar com ela era relaxante e lhe inspirava em vestir aquela roupa para combater os caras ruins dessa cidade. Caras como Triminator.

Enquanto isso, Triminator voava até a casa do deputado Aloísio Mendonça na Barra da Tijuca. Vazia, ele usou sua arma de laser para destruir uma janela de vidro. Invadiu, andando pela escuridão, procurando alguma coisa valiosa, ou alguma coisa que dê motivos para que Francisco Heiner o odeie.
Quando menos esperava, Triminator fora pego de surpresa. Vários homens armados surgiram por várias portas e o cercaram na sala principal da casa de cobertura. O deputado apareceu com expressão séria no rosto.
- Vamos conversar, lunático.
- Pois vamos sim, deputado. Primeiramente, deixe-me apresentar. Eu sou Triminator, assassino de aluguel.
- Seu nome não me interessa. Quem te contratou para me matar?
Triminator riu tranquilamente.
- Posso te dizer o nome dele, mas por um preço.
- Que tal se eu te permitir viver? Não está em condição de exigir nada.
- Ah, você acha que esses seguranças podem me deter? Nem o Rubro Negro pôde.
O deputado rangeu os dentes. Foi fisgado.
- Está certo, eu pago.
Triminator sorriu, maquinando planos.

Arthur e Sofia estavam bem próximos, um pouco embriagados, deixando suas vontades mais íntimas aflorarem. Era um bom momento, julgava Arthur. Então, tudo foi estragado. Um brilho e vários gritos. Todo um clima de pânico foi instaurado do outro lado da chopada. Arthur e Sofia foram ver o que estava acontecendo, junto com outros curiosos. Ele logo se arrependeria de ter saído da cama.
Triminator agarrava um garoto com roupas caras, típico mauricinho e o levava para longe, sem dar explicações e ignorando os gritos de desespero do rapaz. Arthur saiu correndo, deixando Sofia para trás. Ela ficou bastante irritada, mas isso ele teria que lidar depois. Pelo que ouvira das pessoas admiradas, aquele era um estudante de direito que estava de penetra na chopada. Era Maurício Heiner, ninguém menos que o filho de Francisco Heiner.
Colocando sua máscara, ele correu pelo chão, seguindo Triminator e o rapaz seqüestrado. Rubro Negro tentava entender as motivações daquele lunático.

Triminator voava em grande velocidade. Chegou até a Favela do Humaitá e o largou em um barraco.
- É triste ter que vir até esse lixo onde essa ralé mora. Mas são ossos do ofício, não é? – Triminator sorria enquanto fechava a porta do cativeiro daquele rapaz. O deputado Aloísio estava ali presente. Imediatamente, ele ligou para Francisco Heiner.
- Estou com seu filho, o que você acha disso? Achou que podia tentar me matar e sair impune?
- Meu filho! Por favor, não o machuque! O que você quer de mim? – Francisco se desesperou.
- Quero que venda sua empresa para mim por um preço de banana. Você tem 24 horas para decidir. Ou seu filho irá pagar com as conseqüências.

Um pouco antes de amanhecer, Triminator apareceu na casa de Francisco, no Leblon.
- Seu crápula! Você me traiu! – Francisco Heiner apontava o dedo para Triminator, que flutuava pelo seu quarto.
- Não existe traição no meu meio, Heiner. Eu sou um profissional, trabalho para quem me pagar melhor. Mas escute, vim aqui para te oferecer uma contraproposta.
- O que? – estava incrédulo, não conseguia nem chamar os seguranças.
- Me dê equipamentos melhorados e eu pego de volta seu filho e de quebra mato o deputado. Mas também quero mais dinheiro. Mais do que ele me pagou.
- E o que me garante que você irá cumprir dessa vez?
- Ele é um deputado, um homem rico. Mas você é um empresário bem sucedido. Você tem mais dinheiro que ele. Pode vencê-lo nessa disputa. Além do mais, você prefere perder sua empresa inteira ou apenas uns equipamentos? – Triminator sorria, como um ótimo homem de negócios com grande habilidade no mercado.
- Está bem. Vou te dar esta pistola. Ela tem tiros teleguiados e você pode mudar para a função de paralisia.
Triminator pegou a arma e acenou. Era, de fato, um grande homem de negócios.

O vilão voava pelo céu, fazendo cálculos de quanto já havia lucrado. Poderia passar um ano inteiro sem trabalhar como mercenário, somente aproveitando os luxos de uma vida de magnata. E tudo que fizera fora ser apenas esperto e mexer com as pessoas certas. Porém, em pleno ar, fora atingido por uma rajada de plasma. Rubro Negro estava em seu encalço.
- Achou que ia se livrar de mim tão fácil?
- O que? Aquela queda não o matou?! – Triminator estava admirado, tentando controlar sua mochila com jato para não perder o equilíbrio. Rubro Negro estava sobre o terraço de um prédio no Jardim Botânico. Havia perdido seu alvo horas atrás, mas recuperou quando saía do Leblon. Agora era hora do acerto de contas.
Triminator riu e atirou várias vezes sobre o vigilante mascarado.
- Hora de testar meu novo brinquedo.
Rubro Negro desviou rolando para o lado, desviando de todos, mas quase caindo do terraço.
- Sou mais o meu poder.
Rubro Negro disparou sua rajada novamente e atingindo Triminator em cheio. Ele perdeu altitude e voou mais para perto do chão, para mais longe também. O herói mascarado pulou para outro prédio, menor e o perseguiu. Triminator parecia fugir, mas voando baixo. Rubro Negro correu por prédios menores e calculou um salto para subir sobre seu adversário.
No salto preparou uma cotovelada. Porém, Triminator estava atraindo para uma armadilha. Quando Rubro Negro saltou, Triminator disparou seu raio no módulo de paralisia. Dessa forma, o vigilante mascarado estava agarrado nas costas de Triminator e não podia se mexer.
Triminator voou alto novamente e se chocou de costas numa parede esmagando o herói mascarado nela. Depois o arrastou sobre um muro com cacos de vidro. Rubro Negro teve, além de seu uniforme, a carne rasgada deixando um rastro de sangue.
Triminator voou sobre um prédio em construção e chocou Rubro Negro na parede novamente. Dessa vez ele largou Triminator e deslizou na parede começando a cair por muitos metros.
- É o seu fim, Rubro Negro.
Usando sua nova pistola, disparou dois tiros teleguiados que arremessaram o herói para dentro do prédio em construção. Subitamente, o andar inteiro desabou sobre sua cabeça...

CONTINUA