sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Prelúdio II - O Novo Uniforme


Arthur voltava da terceira lavanderia, pois devia lavar seu uniforme de Rubro Negro separado para não atrair suspeita. Era um dia ensolarado, convidativo para praia. Ele imaginou como seria sua vida se não fosse o Rubro Negro. Coçou sua recém barba adquirida e, com a mochila nas costas, pegou um ônibus para voltar para a Biblioteca Nacional. Dentro do ônibus, foi abordado por dois jovens com camisas de sua antiga gangue, os Urubus Indomáveis.
- Arthur, não é? – um deles falou, sentado ao lado dele.
- Quem quer saber? – Arthur olhava desconfiado para o rapaz ao seu lado e para o outro sentado em sua frente.
- Temos um novo líder na gangue. Seu nome é Leandro. E ele quer que tu volte. Estamos ficando sem gente por causa da polícia, sacou? – respondeu o que estava na frente. Ele sussurrava, movendo os olhos para os lados.
- Olha, eu parei com isso em definitivo. Preciso estudar, trabalhar, me formar. Entenderam? – Arthur olhou sério para os dois. Mesmo que não tivesse seus poderes, não voltaria. Já esperava uma intimidação.
- Beleza. – E saíram, para sua surpresa.
Arthur chegou à Biblioteca para estudar, mas a última coisa que fez foi ler. Ficou imaginando como seria sua vida se voltasse para a gangue, com os poderes que tem. Imaginou que estava muito sozinho nessa sua responsabilidade que ele mesmo se cobrava. Sabia, por alto, que existiam outros como ele, mas nunca teve um contato mais direto.
Pensou em fazer uma visita à sede de sua gangue para conversar. Mas como Rubro Negro. Ele esperou a noite cair, desenhando no caderno qualquer coisa. Estudar que é bom, nada.
Noite era fria, com ventos gelados. Rubro Negro Subiu no prédio onde ficava a sede de sua gangue e apareceu pela janela. Havia alguns jovens ali jogando vídeo game.
- Vídeo game, né? – Rubro Negro deu um susto aos demais. Um deles se levantou e o cumprimentou, pois era um herói para aqueles jovens. Não demorou muito para Leandro aparecer. Rubro Negro tinha a intenção de testar o caráter desse novo chefe, para ver se sua antiga gangue não entraria entrando num caminho condenável.
Depois de algumas horas recebendo as últimas notícias, regados a cerveja e sanduíches feitos na hora, Rubro Negro pôde perceber que Leandro era um bom rapaz. Nascido em Duque de Caxias, tentava a sorte num colégio público. Era esforçado e queria levar para a gangue uma politização maior, além dos atos de arruaça pelas ruas.
- Por isso eu chamei algumas pessoas antigas que abandonaram a gangue. Arthur foi um deles. Eu sei que ele faz História e participou do movimento estudantil. – disse.
- Entendi. É um bom caminho, Leandro. Pode contar comigo no que precisar. – Rubro Negro sorria, orgulhoso.
- Obrigado por sua ajuda. Você é um ícone. Os caras aqui se inspiram em tu e nas tuas atitudes. Temos um presente pra tu.
Alguém trouxe uma caixa de papelão. Aberta, tinha uma camisa vermelha e preta com mangas pretas, calça vermelha com uma faixa preta nas laterais das pernas. E uma máscara vermelha com uma faixa preta frontal em torno dos olhos.
- Se quiser, pode ser seu novo uniforme. A gente achou que já deu de você sair mostrando os braços e com essas ombreiras aí. – uma risada geral. Rubro Negro acompanhou. Pegou a caixa e agradeceu. Saiu dali e decidiu patrulhar. Estava muito feliz.

Um comentário:

Dr. Hardman disse...

Estou devendo esta temporada inteira de leitura daquele que, como eu, escreve sobre seus personagens.

Este Findi eu arrumo tempo, RN!

Continue escrevendo!