
Lapa, sábado à noite.
Arthur estava como Rubro Negro, sentando no alto de um prédio com vista privilegiada para o entretenimento noturno carioca. Há anos, a Lapa era conhecida como um lugar de divertimento de pessoas de baixa renda, mas hoje se tornou popular entre a classe média. Festas, shows, toda uma cultura voltada para o divertimento daqueles que podiam pagar. E claro, as drogas. Os maiores consumidores eram aqueles com dinheiro. E pensar que a mídia culpava os pobres por entorpecerem os filhos dos ricos.
Essa era um noite como outra qualquer, um pouco frustrante para Rubro Negro, que gostaria de estar como Arthur se divertindo entre as pessoas. Podia estar com Sofia nesse momento. Mas ele também tinha objetivos muito claros: encontrar o traficante Ricardinho e acertar as contas com ele. Se pudesse reconhecer o rosto de alguém que trabalhasse para ele, seria um começo.
Foi quando algo chamou sua atenção. Mas não entre as pessoas que se divertiam. Em um outro prédio, em cima de um antigo cinema, alguma coisa triangular flutuante que brilhava como se fosse de metal polido. Subitamente, um feixe de luz vermelha lançou um ponto em Rubro Negro. Ele era um alvo. Graças a seus reflexos rápidos, ele desviou de um raio laser. Rolou no chão do terraço. Súbito, viu outro triangulo metálico flutuando em outro lado. Antes que pudesse praguejar, viu um terceiro e um quarto noutros cantos do terraço, flutuando com seus feixes de luz apontados nele. Estava cercado.
A vida cotidiana das pessoas na Lapa prosseguia normalmente. Enquanto isso, num terraço muito próximo, Rubro Negro rolava ao chão de um canto a outro, desviando dos tiros de lasers que era alvejado e mostrando sua grande agilidade.
“Porcaria! Preciso usar meu raio antes de ficar cansado de ficar fazendo acrobacias! Nem tem câmeras aqui pra eu me exibir”.
Rubro Negro sabia que não teria chances de pegar nenhuma daquelas máquinas flutuantes com as mãos. Mas para disparar um de seus raios, teria que parar de se movimentar para a concentração de sua energia. Entretanto, se parasse, seria alvejado. Então, ele começou a cansar. Um dos lasers atingiu seu ombro e ele gemeu de dor. Uma vez atingido, perdeu seu tempo de reação e outros tiros o acertaram também. Vários. Cada um furava sua roupa e queimava sua pele. Um dano letal que fazia seu corpo sangrar.
“Assim eu não vou conseguir...”
Não conseguiu. Com um tiro no seu peito, ele fraquejou os joelhos e tombou. Maquinados por uma inteligência humana que os controlavam, as máquinas triangulares flutuaram para perto do Rubro Negro caído. Ficaram com suas miras marcando o corpo do vigilante mascarado. Então, Rubro Negro abriu os olhos.
- Boo.
Concentrando sua energia, seu corpo respondeu à ameaça de uma forma diferente, que Rubro Negro nunca tinha sentido. Sua energia emanou em volta de seu corpo inteiro, brilhando em vermelho. Seu raio de plasma, que era disparado por suas mãos, de alguma forma, foi lançado por seu corpo inteiro como um estouro. Atingiu todas as máquinas que foram destruídas totalmente. Somente o ferro-velho despencou sobre o terraço.
Confuso, se indagava como havia feito aquilo com sua energia e, principalmente, quem havia mandado aquelas máquinas para atacá-lo. Antes que pudesse fazer qualquer coisa, sentiu um tremendo cansaço, como se tivesse participado de uma maratona. Totalmente fadigado, decidiu sentar e esperar recuperar as forças. Provavelmente ficou exausto por conta do estouro de sua energia de plasma.
Noutro lugar, nas Indústrias Heiner, o cientista Lucas Barreto analisava as imagens em seu monitor de 42 polegadas. Era ninguém menos que o Rubro Negro saltando e desviando dos tiros das máquinas flutuantes. Suas máquinas. Ao seu lado Francisco Heiner reclamava da ineficácia das máquinas flutuantes; Ele era o dono das Indústrias Heiner, última linha em robótica no Brasil que exportava materiais para empresas estrangeiras mais ricas.
- Você fracassou, Barreto.
- Meu pai não fracassou, senhor Heiner – era o filho de Francisco Heiner. O também cientista especializado em robótica, João Barreto.
- Obrigado por me defender, meu filho. Eu não fracassei, senhor Heiner. O objetivo dos Caçadores Triangulares era analisar as habilidades do Rubro Negro. E eles foram capazes de nos mostrar que os dados que tivemos eram obsoletos. Ele não era capaz de canalizar aquela energia e expandir por todo seu corpo.
- Tudo bem, mas não arranjem desculpas. Investi muito dinheiro em suas máquinas. Como farão para capturar o Rubro Negro se os tais caças não foram capazes? – Francisco Heiner era um homem de estatura mediana, vestia um terno preto como se fosse sua segunda pele. Era um homem de negócios e bastante ambicioso. Tinha olhos castanhos e cabelos negros, endurecidos.
- O dinheiro que você investiu não foi totalmente gasto nos Caçadores Triangulares. Criei um humanóide robótico de alta capacidade. Inclusive já mandei os dados atualizados do Rubro Negro para ele.
Apertando um botão, uma mesa se ergueu verticalmente pondo de pé um andróide humanóide. Era cinza brilhante com dois olhos vermelhos circulares. Mexeu braços e pernas e caminhou entre aqueles homens.
- Senhor Heiner, eu o apresento o Andróide D-100.
Francisco Heiner mostrou um largo sorriso ao ver a criação do cientista Barreto.
- Finalmente poderemos fazer o que a nossa polícia é incapaz. Capturar o Rubro Negro. – Heiner aplaudia.
- Poderia saber o interesse em capturar esse homem? – Barreto Junior se demonstrou curioso e, ao mesmo tempo, desconfiado.
- Oras, o Rubro Negro é uma ameaça. É um homem perigoso com capacidades sobre-humanas que usa uma máscara para agir fora da lei. Deve ser detido. Por isso mesmo, trarei o repórter da maior emissora de televisão para a cobertura ao vivo. Vamos desmascarar esse vigilante fora-da-lei.
No dia seguinte, no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais, Sofia ajudava a organização do Simpósio de Escravidão na Idade Média. Na verdade, ela comandava a organização. Os professores seguiam suas instruções, um tanto constrangidos. Arthur foi chamado pelo professor Cardoso para participar daquele simpósio e tinha que apresentar um relatório convincente.
Enquanto escrevia algumas coisas em seu caderno, antes do evento começar, viu que entrou na sala alguém badalado, cercado de fotógrafos e jornalistas. Era ninguém menos que o deputado Aloísio Mendonça.
“Puta merda. Esse filho da puta que tá patrocinando o simpósio?”
Antes que o mau humor configurasse uma ameaça ao seu dia, Sofia se sentou ao seu lado. Arthur mudou totalmente sua postura, como quem tomasse um susto.
- Fico contente que você esteja participando. Será um simpósio importante para minha área quanto para a sua. – ela sorria gentilmente. Arthur tinha que segurar seu queixo.
- Verdade. Ainda bem que temos você aqui para as coisas não saírem do eixo, certo? – tom quase irônico.
- Esses professores precisam de uma mão firme para não se perderem. São ótimos pesquisadores, mas no quesito organização, eles precisam de mim. – ela gesticulava enquanto falava, o que deixava Arthur mais embasbacado.
Falaram outras trivialidades. Arthur decidiu que não tocaria no assunto do deputado, pois não queria envolvê-la ou levantar suspeita. O deputado Aloísio Mendonça era assunto do Rubro Negro.
Ao entardecer, no prédio das Indústrias Heiner, D-100 decolou. Voou entre os prédios da Avenida Getulio Vargas. Ele possuía visão de longo alcance e começaria sua busca. Com seu radar, encontraria o padrão de cores dispostas do uniforme do Rubro Negro.
Enquanto isso, Arthur escrevia bastante em seu caderno. Fazia muitas anotações produtivas do simpósio. Sofia participava da mesa e estava orgulhosa de tudo estar indo nos conformes. Houve um momento de intervalo, onde começaria outro assunto. Havia uma mesa com comida e bebida noutra sala onde as pessoas se dirigiram. Arthur tentava decidir se sairia para o Rubro Negro começar sua patrulha ou se dedicaria o dia inteiramente à sua bolsa. Então, enquanto bebia um refrigerante, foi empurrado propositalmente. Era Ronaldo.
- Agora virou um CDF, não é? Cansou de apanhar para nossa gangue? – zombava Ronaldo, de braços cruzados.
- Cansei de lidar com gente imbecil. – Arthur detestava Ronaldo, mas não sabia se era porque eram de gangues rivais ou se pela sua personalidade.
- Que tal a gente resolver isso, como nos velhos tempos? Ou vai ficar com medo de que eu amasse sua cara demais?
- Não.
- Tá com medo de que Sofia desaprove? – zombando.
- Vai pro inferno.
- Se os velhos tempos não são motivos pra tu vir comigo? Que tal eu te mostrar uma coisa?
Ronaldo tirou de sua mochila uma camisa com listras vermelhas e pretas horizontais. Estava rasgada e com mancha de sangue.
- É do Rubro Negro. Mesmo que tu tenha abandonado teu bando, aposto que vê esse idiota como um ídolo. Mas nós pegamos ele na porrada. Agora ele é presunto, mané.
Um blefe patético, mas que Arthur não podia desmentir sem levantar suspeita. Deu de ombro, dizendo que não ligava para isso. Entretanto, ouviram um barulho naquele exato momento. Concreto quebrando. Vidros se estilhaçando. Era na sala do simpósio. Os dois correram para o lugar, pois estavam guiados por motivos diferentes: curiosidade e responsabilidade.
O deputado Aloísio Mendonça estava correndo para a saída de emergência, seguido por seus dois guarda-costas. Os professores, palestrantes, doutores, estudantes, repórteres corriam em direções aleatórias. Todos fugiam da mesma coisa: o andróide D-100. Com suas mãos erguidas, apontava para direções estratégicas. Da palma de suas mãos, saiam raios lasers que destruíam a estrutura do prédio. Assim que seus olhos vermelhos miraram Arthur e Ronaldo, ele parou. Decolou freneticamente na direção dos dois. A falsa camisa do Rubro Negro chamou sua atenção. Arthur e Ronaldo pularam para lados opostos. Ronaldo, entretanto, bateu a cabeça na parede e caiu desmaiado, com a camisa em suas mãos. D-100 começou a caminhar em sua direção. Arthur percebeu que não havia mais ninguém na sala e não tinha a atenção daquela criatura em si. Tirou sua camisa e pôs sua máscara apressadamente, sem tempo para tirar as calças. Apontou para o andróide e disparou um raio de plasma. D-100 foi jogado na parede.
- Parado aí, lata velha.
O andróide se ergueu planando com jatos nos pés. Apontou a palma da mão para Rubro Negro e disparou um raio laser. Rubro Negro saltou para o lado, rolando no chão. Antes de se erguer, foi atingido na perna. O laser atravessou sua perna, resvalando no chão. Soltando um urro de dor, Rubro Negro percebeu que não tinha como se mover até seu poder de regeneração funcionar. O andróide aproveitou a situação e, como o programado, correu em sua direção desferindo um chute poderoso em sua cabeça. Rubro Negro girou no ar, pela força do golpe. Sentiu sua cabeça latejar e o sangue escorrer pela boca e nariz quebrado.
- Fodeu.
Rubro Negro notou que aquele andróide iria correr em sua direção novamente, por isso se concentrou. Fechou os olhos e tentou imitar aquele poder que emitiu pelo corpo todo. Assim, quando D-100 tentou desferir outro chute, Rubro Negro explodiu sua energia de plasma em sua volta. Jogou seu agressor longe e causou um desmoronamento naquela velha estrutura que um dia foi o Instituto de Filosofia e Ciências Sociais.
- Lá está ele! Pegue-o, Barreto! Pegue-o!
Francisco Heiner apontava freneticamente para o monitor. Depois do desmoronamento, D-100 ergueu-se com algumas avarias e viu um jovem segurando a camisa vermelha e preta do Rubro Negro. Tomou como verdade: aquele era o Rubro Negro tentando escapar, mas pego pelo próprio desmoronamento.
D-100 recebeu as ordens e pegou Ronaldo do chão. Decolou para longe. Minutos de calmaria, sirenes de polícia e do corpo de bombeiros puderam ser ouvidas. Rubro Negro acordou com esse barulho. Com sua grande força, tirou um pedaço de concreto, pesando 700 kg de cima de si.
- Que vergonha, tô exausto de novo. – Cambaleando, o Rubro Negro percebeu que o andróide não estava mais lá. E pior: Ronaldo também não.
Nas Industrias Heiner, Francisco Heiner estava ao celular. Lucas Barreto e seu filho João Barreto cuidavam dos preparativos da chegada do andróide D-100. Um repórter e um cinegrafista aguardavam muito ansiosos. Minutos depois, o andróide adentrou à sala pelo hangar. Trazia um jovem com a camisa em mãos. Antes que fosse inconveniente que ele fosse visto sem a camisa, vestiram Ronaldo. Puseram até uma máscara falsa.
Enquanto isso, Rubro Negro já se sentia novo, sem ferimentos ou dores. Estava escondido, observando a cena de destruição do lugar onde estudava. Ficou desolado pensando como as coisas seriam dali por diante. Então, viu na televisão de uma loja uma notícia extra de última hora. Anunciavam que o Rubro Negro havia sido capturado e seria desmascarado em rede nacional, diretamente do prédio das Industrias Heiner.
- O burguês conseguindo seu espaço gratuito nessa mídia sensacionalista. É mole?
No celular, Francisco Heiner falava com ninguém menos que o traficante Ricardinho.
- Então a mídia está aí? Alguém pode pensar no meu nome envolvido? – falava o traficante que deu início a tudo.
- Não, ninguém pensará em você. Só que a polícia irá interrogá-lo e ele poderá falar sobre você e sobre o geneticista morto. – Heiner falava baixo, discreto.
- A polícia está na minha mão. Falarão pra imprensa o que eu quiser. Fico contente por você ter conseguido isso, Heiner. Tava há muito tempo atrás desse pilantra. Ele me pertence, ele é minha cria.
Rubro Negro corria pelas ruas, já anoitecida. Algumas pessoas o viram e ficavam confusas com o que viam na televisão. Em sua correria, percebeu-se mais rápido que antes. “Nunca estive em tão plena forma. O que está acontecendo comigo?”.
No último andar, o repórter tirou a máscara revelando o rosto de Ronaldo. Porém, antes que a reportagem prosseguisse, a porta foi arrombada por homens armados. Vestiam coletes protetores e possuíam fuzis. Derrubaram a câmera do cinegrafista. Desconfiado, João Barreto olhou para Francisco Heiner, que deu de ombros, como se não soubesse de nada.
- Esse palerma é propriedade nossa. Vamos levá-lo daqui. – disse um deles.
Francisco sabia que eram homens de Ricardinho e que tudo que ele tinha que fazer é mostrar desconhecimento e acusar de serem comparsas do vigilante mascarado.
Antes que Ronaldo, ainda inconsciente, fosse levado, Rubro Negro apareceu pela porta arrombada.
- Vocês preferem essa cópia barata a mim? Fiquei magoado.
Todos se entreolharam, surpresos.
- Qual é? Não acreditam que eu seja o verdadeiro Rubro Negro? O que me dizem disso?
Concentrando sua velha energia pela mão, disparou sobre o monitor onde os cientistas observavam pelos olhos do andróide D-100. A explosão, entretanto, causou um pequeno incêndio que se alastrou.
Os capangas de Ricardinho apontaram para Rubro Negro e atiraram com seus fuzis. Rubro Negro levou um tiro no braço antes que pudesse se proteger saltando para trás de barris de metal. Pegando um deles, arremessou sobre dois capangas. Depois, saltou sobre outro, desferindo um poderoso chute incapacitante em seu estômago. O ferimento do braço já havia sumido no momento que outro era aberto em suas costas. Virando-se, Rubro Negro distribuiu bordoadas nos capangas restantes.
Francisco viu a situação sair do controle. Ordenou que Lucas Barreto usasse D-100. João Barreto falou para seu pai que não era preciso, que não confiava nas motivações do dono da empresa. Os repórteres resolveram fugir daquele incêndio que poderia piorar. Uma área com máquinas e armas poderiam causar uma grande explosão. Carregaram o pobre Ronaldo, ainda desmaiado.
- Meu filho, eu preciso fazer isso. Ou entraremos em dívidas profundas.
Assim, Francisco saiu com João, deixando no lugar somente Rubro Negro, D-100 e Lucas Barreto para controlá-lo.
Rubro Negro olhou bem para aqueles homens, não reconheceu ninguém. Mas ao olhar para um dos capangas, teve uma lembrança. Talvez pudesse tê-lo visto numa favela. Talvez fosse capanga de Ricardinho.
Sem tempo para conjecturas, teve reflexos para se defender do chute poderoso do andróide. Rubro Negro usava os braços e pernas como podia, defendendo cada golpe. Quando tentava mover o corpo para esquivar, falhava em se proteger, recebia um golpe. Ele percebeu que o andróide sabia prever seus movimentos.
O fogo se alastrava e o cientista Lucas Barreto tossia enquanto controlava D-100. Rubro Negro tentou chegar até o cientista, mas uma liga de metal caiu em seu caminho. E o andróide aproveitou do momento de distração para encaixar um soco que quebrou uma ou duas costelas do vigilante mascarado.
“Merda! Será que regenero ossos?”
Percebendo que não podia salvar o cientista enquanto não derrotasse quem ele controlava, Rubro Negro se focou na luta. Desferiu socos e chutes muito previsíveis. Defendia-se mal a cada golpe do andróide. Saltava para trás e disparava seu raio, mas o andróide aprendera a se esquivar. O fogo consumia mais máquinas, até que atingiu um gerador de energia. Houve uma grande explosão e o andar inteiro do prédio fora explodido. Coisas foram jogadas para longe. Rubro Negro e D-100 também. O andróide caiu sobre um carro vazio e explodiu em mil pedaços. Rubro Negro estava chamuscado e o fogo queimou quase toda sua máscara. Caiu na Praça da Candelária, dentro de um caminhão de lixo que passava naquela hora.
Alguns garis foram ver o que havia acontecido e viram Rubro Negro com um fiapo de sua camisa no corpo todo chamuscado e furado. Tinha um saco preto com dois furos para os olhos para proteger sua identidade secreta.
- Noite difícil.
Com a frase, correu pra longe.
João Barreto estava em seu apartamento acompanhando as notícias da noite, as cenas da explosão do andar do prédio da empresa de Heiner. Cerrou os punhos, enfurecido, com uma lagrima escorrendo em seu rosto. Nesse momento, seu telefone tocou.
- Eu sei que é um momento ruim, mas posso te oferecer meios para se vingar.
- Quem é?
- Eu sou Ricardo, conhecido como Ricardinho. Tenho interesses na captura do Rubro Negro. Se você quiser, posso te garantir dinheiro.
João sentia a dor da morte de seu pai, por isso foi incisivo ao falar:
- Eu aceito.
... Continua.
Arthur estava como Rubro Negro, sentando no alto de um prédio com vista privilegiada para o entretenimento noturno carioca. Há anos, a Lapa era conhecida como um lugar de divertimento de pessoas de baixa renda, mas hoje se tornou popular entre a classe média. Festas, shows, toda uma cultura voltada para o divertimento daqueles que podiam pagar. E claro, as drogas. Os maiores consumidores eram aqueles com dinheiro. E pensar que a mídia culpava os pobres por entorpecerem os filhos dos ricos.
Essa era um noite como outra qualquer, um pouco frustrante para Rubro Negro, que gostaria de estar como Arthur se divertindo entre as pessoas. Podia estar com Sofia nesse momento. Mas ele também tinha objetivos muito claros: encontrar o traficante Ricardinho e acertar as contas com ele. Se pudesse reconhecer o rosto de alguém que trabalhasse para ele, seria um começo.
Foi quando algo chamou sua atenção. Mas não entre as pessoas que se divertiam. Em um outro prédio, em cima de um antigo cinema, alguma coisa triangular flutuante que brilhava como se fosse de metal polido. Subitamente, um feixe de luz vermelha lançou um ponto em Rubro Negro. Ele era um alvo. Graças a seus reflexos rápidos, ele desviou de um raio laser. Rolou no chão do terraço. Súbito, viu outro triangulo metálico flutuando em outro lado. Antes que pudesse praguejar, viu um terceiro e um quarto noutros cantos do terraço, flutuando com seus feixes de luz apontados nele. Estava cercado.
A vida cotidiana das pessoas na Lapa prosseguia normalmente. Enquanto isso, num terraço muito próximo, Rubro Negro rolava ao chão de um canto a outro, desviando dos tiros de lasers que era alvejado e mostrando sua grande agilidade.
“Porcaria! Preciso usar meu raio antes de ficar cansado de ficar fazendo acrobacias! Nem tem câmeras aqui pra eu me exibir”.
Rubro Negro sabia que não teria chances de pegar nenhuma daquelas máquinas flutuantes com as mãos. Mas para disparar um de seus raios, teria que parar de se movimentar para a concentração de sua energia. Entretanto, se parasse, seria alvejado. Então, ele começou a cansar. Um dos lasers atingiu seu ombro e ele gemeu de dor. Uma vez atingido, perdeu seu tempo de reação e outros tiros o acertaram também. Vários. Cada um furava sua roupa e queimava sua pele. Um dano letal que fazia seu corpo sangrar.
“Assim eu não vou conseguir...”
Não conseguiu. Com um tiro no seu peito, ele fraquejou os joelhos e tombou. Maquinados por uma inteligência humana que os controlavam, as máquinas triangulares flutuaram para perto do Rubro Negro caído. Ficaram com suas miras marcando o corpo do vigilante mascarado. Então, Rubro Negro abriu os olhos.
- Boo.
Concentrando sua energia, seu corpo respondeu à ameaça de uma forma diferente, que Rubro Negro nunca tinha sentido. Sua energia emanou em volta de seu corpo inteiro, brilhando em vermelho. Seu raio de plasma, que era disparado por suas mãos, de alguma forma, foi lançado por seu corpo inteiro como um estouro. Atingiu todas as máquinas que foram destruídas totalmente. Somente o ferro-velho despencou sobre o terraço.
Confuso, se indagava como havia feito aquilo com sua energia e, principalmente, quem havia mandado aquelas máquinas para atacá-lo. Antes que pudesse fazer qualquer coisa, sentiu um tremendo cansaço, como se tivesse participado de uma maratona. Totalmente fadigado, decidiu sentar e esperar recuperar as forças. Provavelmente ficou exausto por conta do estouro de sua energia de plasma.
Noutro lugar, nas Indústrias Heiner, o cientista Lucas Barreto analisava as imagens em seu monitor de 42 polegadas. Era ninguém menos que o Rubro Negro saltando e desviando dos tiros das máquinas flutuantes. Suas máquinas. Ao seu lado Francisco Heiner reclamava da ineficácia das máquinas flutuantes; Ele era o dono das Indústrias Heiner, última linha em robótica no Brasil que exportava materiais para empresas estrangeiras mais ricas.
- Você fracassou, Barreto.
- Meu pai não fracassou, senhor Heiner – era o filho de Francisco Heiner. O também cientista especializado em robótica, João Barreto.
- Obrigado por me defender, meu filho. Eu não fracassei, senhor Heiner. O objetivo dos Caçadores Triangulares era analisar as habilidades do Rubro Negro. E eles foram capazes de nos mostrar que os dados que tivemos eram obsoletos. Ele não era capaz de canalizar aquela energia e expandir por todo seu corpo.
- Tudo bem, mas não arranjem desculpas. Investi muito dinheiro em suas máquinas. Como farão para capturar o Rubro Negro se os tais caças não foram capazes? – Francisco Heiner era um homem de estatura mediana, vestia um terno preto como se fosse sua segunda pele. Era um homem de negócios e bastante ambicioso. Tinha olhos castanhos e cabelos negros, endurecidos.
- O dinheiro que você investiu não foi totalmente gasto nos Caçadores Triangulares. Criei um humanóide robótico de alta capacidade. Inclusive já mandei os dados atualizados do Rubro Negro para ele.
Apertando um botão, uma mesa se ergueu verticalmente pondo de pé um andróide humanóide. Era cinza brilhante com dois olhos vermelhos circulares. Mexeu braços e pernas e caminhou entre aqueles homens.
- Senhor Heiner, eu o apresento o Andróide D-100.
Francisco Heiner mostrou um largo sorriso ao ver a criação do cientista Barreto.
- Finalmente poderemos fazer o que a nossa polícia é incapaz. Capturar o Rubro Negro. – Heiner aplaudia.
- Poderia saber o interesse em capturar esse homem? – Barreto Junior se demonstrou curioso e, ao mesmo tempo, desconfiado.
- Oras, o Rubro Negro é uma ameaça. É um homem perigoso com capacidades sobre-humanas que usa uma máscara para agir fora da lei. Deve ser detido. Por isso mesmo, trarei o repórter da maior emissora de televisão para a cobertura ao vivo. Vamos desmascarar esse vigilante fora-da-lei.
No dia seguinte, no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais, Sofia ajudava a organização do Simpósio de Escravidão na Idade Média. Na verdade, ela comandava a organização. Os professores seguiam suas instruções, um tanto constrangidos. Arthur foi chamado pelo professor Cardoso para participar daquele simpósio e tinha que apresentar um relatório convincente.
Enquanto escrevia algumas coisas em seu caderno, antes do evento começar, viu que entrou na sala alguém badalado, cercado de fotógrafos e jornalistas. Era ninguém menos que o deputado Aloísio Mendonça.
“Puta merda. Esse filho da puta que tá patrocinando o simpósio?”
Antes que o mau humor configurasse uma ameaça ao seu dia, Sofia se sentou ao seu lado. Arthur mudou totalmente sua postura, como quem tomasse um susto.
- Fico contente que você esteja participando. Será um simpósio importante para minha área quanto para a sua. – ela sorria gentilmente. Arthur tinha que segurar seu queixo.
- Verdade. Ainda bem que temos você aqui para as coisas não saírem do eixo, certo? – tom quase irônico.
- Esses professores precisam de uma mão firme para não se perderem. São ótimos pesquisadores, mas no quesito organização, eles precisam de mim. – ela gesticulava enquanto falava, o que deixava Arthur mais embasbacado.
Falaram outras trivialidades. Arthur decidiu que não tocaria no assunto do deputado, pois não queria envolvê-la ou levantar suspeita. O deputado Aloísio Mendonça era assunto do Rubro Negro.
Ao entardecer, no prédio das Indústrias Heiner, D-100 decolou. Voou entre os prédios da Avenida Getulio Vargas. Ele possuía visão de longo alcance e começaria sua busca. Com seu radar, encontraria o padrão de cores dispostas do uniforme do Rubro Negro.
Enquanto isso, Arthur escrevia bastante em seu caderno. Fazia muitas anotações produtivas do simpósio. Sofia participava da mesa e estava orgulhosa de tudo estar indo nos conformes. Houve um momento de intervalo, onde começaria outro assunto. Havia uma mesa com comida e bebida noutra sala onde as pessoas se dirigiram. Arthur tentava decidir se sairia para o Rubro Negro começar sua patrulha ou se dedicaria o dia inteiramente à sua bolsa. Então, enquanto bebia um refrigerante, foi empurrado propositalmente. Era Ronaldo.
- Agora virou um CDF, não é? Cansou de apanhar para nossa gangue? – zombava Ronaldo, de braços cruzados.
- Cansei de lidar com gente imbecil. – Arthur detestava Ronaldo, mas não sabia se era porque eram de gangues rivais ou se pela sua personalidade.
- Que tal a gente resolver isso, como nos velhos tempos? Ou vai ficar com medo de que eu amasse sua cara demais?
- Não.
- Tá com medo de que Sofia desaprove? – zombando.
- Vai pro inferno.
- Se os velhos tempos não são motivos pra tu vir comigo? Que tal eu te mostrar uma coisa?
Ronaldo tirou de sua mochila uma camisa com listras vermelhas e pretas horizontais. Estava rasgada e com mancha de sangue.
- É do Rubro Negro. Mesmo que tu tenha abandonado teu bando, aposto que vê esse idiota como um ídolo. Mas nós pegamos ele na porrada. Agora ele é presunto, mané.
Um blefe patético, mas que Arthur não podia desmentir sem levantar suspeita. Deu de ombro, dizendo que não ligava para isso. Entretanto, ouviram um barulho naquele exato momento. Concreto quebrando. Vidros se estilhaçando. Era na sala do simpósio. Os dois correram para o lugar, pois estavam guiados por motivos diferentes: curiosidade e responsabilidade.
O deputado Aloísio Mendonça estava correndo para a saída de emergência, seguido por seus dois guarda-costas. Os professores, palestrantes, doutores, estudantes, repórteres corriam em direções aleatórias. Todos fugiam da mesma coisa: o andróide D-100. Com suas mãos erguidas, apontava para direções estratégicas. Da palma de suas mãos, saiam raios lasers que destruíam a estrutura do prédio. Assim que seus olhos vermelhos miraram Arthur e Ronaldo, ele parou. Decolou freneticamente na direção dos dois. A falsa camisa do Rubro Negro chamou sua atenção. Arthur e Ronaldo pularam para lados opostos. Ronaldo, entretanto, bateu a cabeça na parede e caiu desmaiado, com a camisa em suas mãos. D-100 começou a caminhar em sua direção. Arthur percebeu que não havia mais ninguém na sala e não tinha a atenção daquela criatura em si. Tirou sua camisa e pôs sua máscara apressadamente, sem tempo para tirar as calças. Apontou para o andróide e disparou um raio de plasma. D-100 foi jogado na parede.
- Parado aí, lata velha.
O andróide se ergueu planando com jatos nos pés. Apontou a palma da mão para Rubro Negro e disparou um raio laser. Rubro Negro saltou para o lado, rolando no chão. Antes de se erguer, foi atingido na perna. O laser atravessou sua perna, resvalando no chão. Soltando um urro de dor, Rubro Negro percebeu que não tinha como se mover até seu poder de regeneração funcionar. O andróide aproveitou a situação e, como o programado, correu em sua direção desferindo um chute poderoso em sua cabeça. Rubro Negro girou no ar, pela força do golpe. Sentiu sua cabeça latejar e o sangue escorrer pela boca e nariz quebrado.
- Fodeu.
Rubro Negro notou que aquele andróide iria correr em sua direção novamente, por isso se concentrou. Fechou os olhos e tentou imitar aquele poder que emitiu pelo corpo todo. Assim, quando D-100 tentou desferir outro chute, Rubro Negro explodiu sua energia de plasma em sua volta. Jogou seu agressor longe e causou um desmoronamento naquela velha estrutura que um dia foi o Instituto de Filosofia e Ciências Sociais.
- Lá está ele! Pegue-o, Barreto! Pegue-o!
Francisco Heiner apontava freneticamente para o monitor. Depois do desmoronamento, D-100 ergueu-se com algumas avarias e viu um jovem segurando a camisa vermelha e preta do Rubro Negro. Tomou como verdade: aquele era o Rubro Negro tentando escapar, mas pego pelo próprio desmoronamento.
D-100 recebeu as ordens e pegou Ronaldo do chão. Decolou para longe. Minutos de calmaria, sirenes de polícia e do corpo de bombeiros puderam ser ouvidas. Rubro Negro acordou com esse barulho. Com sua grande força, tirou um pedaço de concreto, pesando 700 kg de cima de si.
- Que vergonha, tô exausto de novo. – Cambaleando, o Rubro Negro percebeu que o andróide não estava mais lá. E pior: Ronaldo também não.
Nas Industrias Heiner, Francisco Heiner estava ao celular. Lucas Barreto e seu filho João Barreto cuidavam dos preparativos da chegada do andróide D-100. Um repórter e um cinegrafista aguardavam muito ansiosos. Minutos depois, o andróide adentrou à sala pelo hangar. Trazia um jovem com a camisa em mãos. Antes que fosse inconveniente que ele fosse visto sem a camisa, vestiram Ronaldo. Puseram até uma máscara falsa.
Enquanto isso, Rubro Negro já se sentia novo, sem ferimentos ou dores. Estava escondido, observando a cena de destruição do lugar onde estudava. Ficou desolado pensando como as coisas seriam dali por diante. Então, viu na televisão de uma loja uma notícia extra de última hora. Anunciavam que o Rubro Negro havia sido capturado e seria desmascarado em rede nacional, diretamente do prédio das Industrias Heiner.
- O burguês conseguindo seu espaço gratuito nessa mídia sensacionalista. É mole?
No celular, Francisco Heiner falava com ninguém menos que o traficante Ricardinho.
- Então a mídia está aí? Alguém pode pensar no meu nome envolvido? – falava o traficante que deu início a tudo.
- Não, ninguém pensará em você. Só que a polícia irá interrogá-lo e ele poderá falar sobre você e sobre o geneticista morto. – Heiner falava baixo, discreto.
- A polícia está na minha mão. Falarão pra imprensa o que eu quiser. Fico contente por você ter conseguido isso, Heiner. Tava há muito tempo atrás desse pilantra. Ele me pertence, ele é minha cria.
Rubro Negro corria pelas ruas, já anoitecida. Algumas pessoas o viram e ficavam confusas com o que viam na televisão. Em sua correria, percebeu-se mais rápido que antes. “Nunca estive em tão plena forma. O que está acontecendo comigo?”.
No último andar, o repórter tirou a máscara revelando o rosto de Ronaldo. Porém, antes que a reportagem prosseguisse, a porta foi arrombada por homens armados. Vestiam coletes protetores e possuíam fuzis. Derrubaram a câmera do cinegrafista. Desconfiado, João Barreto olhou para Francisco Heiner, que deu de ombros, como se não soubesse de nada.
- Esse palerma é propriedade nossa. Vamos levá-lo daqui. – disse um deles.
Francisco sabia que eram homens de Ricardinho e que tudo que ele tinha que fazer é mostrar desconhecimento e acusar de serem comparsas do vigilante mascarado.
Antes que Ronaldo, ainda inconsciente, fosse levado, Rubro Negro apareceu pela porta arrombada.
- Vocês preferem essa cópia barata a mim? Fiquei magoado.
Todos se entreolharam, surpresos.
- Qual é? Não acreditam que eu seja o verdadeiro Rubro Negro? O que me dizem disso?
Concentrando sua velha energia pela mão, disparou sobre o monitor onde os cientistas observavam pelos olhos do andróide D-100. A explosão, entretanto, causou um pequeno incêndio que se alastrou.
Os capangas de Ricardinho apontaram para Rubro Negro e atiraram com seus fuzis. Rubro Negro levou um tiro no braço antes que pudesse se proteger saltando para trás de barris de metal. Pegando um deles, arremessou sobre dois capangas. Depois, saltou sobre outro, desferindo um poderoso chute incapacitante em seu estômago. O ferimento do braço já havia sumido no momento que outro era aberto em suas costas. Virando-se, Rubro Negro distribuiu bordoadas nos capangas restantes.
Francisco viu a situação sair do controle. Ordenou que Lucas Barreto usasse D-100. João Barreto falou para seu pai que não era preciso, que não confiava nas motivações do dono da empresa. Os repórteres resolveram fugir daquele incêndio que poderia piorar. Uma área com máquinas e armas poderiam causar uma grande explosão. Carregaram o pobre Ronaldo, ainda desmaiado.
- Meu filho, eu preciso fazer isso. Ou entraremos em dívidas profundas.
Assim, Francisco saiu com João, deixando no lugar somente Rubro Negro, D-100 e Lucas Barreto para controlá-lo.
Rubro Negro olhou bem para aqueles homens, não reconheceu ninguém. Mas ao olhar para um dos capangas, teve uma lembrança. Talvez pudesse tê-lo visto numa favela. Talvez fosse capanga de Ricardinho.
Sem tempo para conjecturas, teve reflexos para se defender do chute poderoso do andróide. Rubro Negro usava os braços e pernas como podia, defendendo cada golpe. Quando tentava mover o corpo para esquivar, falhava em se proteger, recebia um golpe. Ele percebeu que o andróide sabia prever seus movimentos.
O fogo se alastrava e o cientista Lucas Barreto tossia enquanto controlava D-100. Rubro Negro tentou chegar até o cientista, mas uma liga de metal caiu em seu caminho. E o andróide aproveitou do momento de distração para encaixar um soco que quebrou uma ou duas costelas do vigilante mascarado.
“Merda! Será que regenero ossos?”
Percebendo que não podia salvar o cientista enquanto não derrotasse quem ele controlava, Rubro Negro se focou na luta. Desferiu socos e chutes muito previsíveis. Defendia-se mal a cada golpe do andróide. Saltava para trás e disparava seu raio, mas o andróide aprendera a se esquivar. O fogo consumia mais máquinas, até que atingiu um gerador de energia. Houve uma grande explosão e o andar inteiro do prédio fora explodido. Coisas foram jogadas para longe. Rubro Negro e D-100 também. O andróide caiu sobre um carro vazio e explodiu em mil pedaços. Rubro Negro estava chamuscado e o fogo queimou quase toda sua máscara. Caiu na Praça da Candelária, dentro de um caminhão de lixo que passava naquela hora.
Alguns garis foram ver o que havia acontecido e viram Rubro Negro com um fiapo de sua camisa no corpo todo chamuscado e furado. Tinha um saco preto com dois furos para os olhos para proteger sua identidade secreta.
- Noite difícil.
Com a frase, correu pra longe.
João Barreto estava em seu apartamento acompanhando as notícias da noite, as cenas da explosão do andar do prédio da empresa de Heiner. Cerrou os punhos, enfurecido, com uma lagrima escorrendo em seu rosto. Nesse momento, seu telefone tocou.
- Eu sei que é um momento ruim, mas posso te oferecer meios para se vingar.
- Quem é?
- Eu sou Ricardo, conhecido como Ricardinho. Tenho interesses na captura do Rubro Negro. Se você quiser, posso te garantir dinheiro.
João sentia a dor da morte de seu pai, por isso foi incisivo ao falar:
- Eu aceito.
... Continua.
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